Xi Jinping critica EUA e acusa Trump de “práticas de bullying”

“Devemos defender a equidade e a justiça”, afirmou Xi, perante uma audiência composta por cerca de 20 líderes mundiais, entre eles o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Pedro Gonçalves
Setembro 1, 2025
11:24

O presidente da China, Xi Jinping, aproveitou esta segunda-feira a sessão da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), realizada em Tianjin, para condenar aquilo a que chamou de “práticas de bullying”, numa declaração amplamente interpretada como uma crítica indireta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Devemos defender a equidade e a justiça”, afirmou Xi, perante uma audiência composta por cerca de 20 líderes mundiais, entre eles o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O líder chinês defendeu ainda que os países presentes devem “opor-se à mentalidade da Guerra Fria, à confrontação entre blocos e às práticas de bullying”, posicionando Pequim como defensora de um sistema internacional assente no multilateralismo.

O contexto do discurso de Xi reflete as tensões crescentes entre Pequim e Washington, alimentadas pela guerra comercial lançada por Donald Trump. Nos últimos meses, o presidente norte-americano agravou tarifas contra a China e também contra a Índia, tendo elevado para 50% a taxa aplicada a produtos indianos. Trump justificou esta decisão com a compra de petróleo russo a preços reduzidos por parte da Índia, que, segundo Washington, contribui para financiar o esforço de guerra do Kremlin na Ucrânia.

A China tem-se afirmado como um dos principais aliados de Moscovo desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia por parte da Rússia, procurando ao mesmo tempo consolidar a OCX como alternativa às alianças lideradas pelo Ocidente, como a NATO. Fundada em 2001 por China, Rússia e quatro países da Ásia Central, a organização conta atualmente com 10 membros de pleno direito e 16 parceiros e observadores, entre os quais se encontram Irão, Bielorrússia e Myanmar.

Durante a sua intervenção, Xi destacou o papel da OCX como promotora de um sistema comercial multilateral, contrapondo-se às políticas unilaterais e protecionistas que, segundo Pequim, fragilizam a estabilidade económica global.

A reunião de Tianjin antecede o principal evento da semana em Pequim: o Desfile do Dia da Vitória, marcado para quarta-feira, 3 de setembro. O encontro contará com a presença de Putin, do líder norte-coreano Kim Jong Un, do primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, e do presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, reforçando o caráter geopolítico das celebrações.

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