JMJ: Papa alerta para “urgência dramática de cuidar da casa comum”

Papa Francisco sustentou que, no âmbito da defesa do planeta, as pessoas não se devem contentar “com simples medidas paliativas ou com tímidos e ambíguos compromissos”

Executive Digest com Lusa
Agosto 3, 2023
10:37

O Papa alertou hoje para a “urgência dramática de cuidar da casa comum” e pediu para que seja redefinido o que se chama de progresso e evolução.

“Como alguns de vós sublinharam, devemos reconhecer a urgência dramática de cuidar da casa comum. No entanto, isso não pode ser feito sem uma conversão do coração e uma mudança da visão antropológica subjacente à economia e à política”, afirmou Francisco.

Na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, na primeira iniciativa pública do seu segundo dia de deslocação a Portugal para presidir à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), após ouvir testemunhos de quatro jovens e da reitora da instituição, que abordaram diversos temas, Francisco sustentou que, no âmbito da defesa do planeta, as pessoas não se devem contentar “com simples medidas paliativas ou com tímidos e ambíguos compromissos”.

“Neste caso, os meios-termos são apenas um pequeno adiamento do colapso”, declarou, mencionando a sua encíclica “Laudato si’”, para defender tratar-se, “pelo contrário, de tomar a peito o que infelizmente continua a ser adiado, a necessidade de redefinir” o que se designa de progresso e evolução.

Para o chefe de Estado do Vaticano, que na quarta-feira tinha abordado a temática ambiental, “em nome do progresso, já abriu caminho muito retrocesso”, preconizando que a atual geração é que “pode vencer este desafio”.

“Tendes instrumentos científicos e tecnológicos mais avançados, mas, por favor, não vos caiam na cilada de visões parciais”, declarou, defendendo a necessidade de uma ecologia integral, de escutar o sofrimento do planeta juntamente com o dos pobres, de colocar o drama da desertificação em paralelo com o dos refugiados, o tema das migrações juntamente com o da queda da natalidade.

Na intervenção em espanhol, o líder da Igreja Católica falou ainda da economia, considerando “interessante” que, na nova cátedra dedicada à Economia de Francisco (São Francisco de Assis), hoje anunciada pela reitora da universidade, se tenha incluído Santa Clara de Assis. O Papa escolheu o nome de Francisco para o pontificado inspirado em São Francisco de Assis.

“De facto, o contributo feminino é indispensável. No consciente coletivo quantas vezes pensamos que as mulheres são de segunda, são suplentes, não jogam a titular. E isso existe no consciente coletivo”, frisou.

Segundo Francisco, “na Bíblia vê-se como a economia familiar está em grande parte na mão da mulher”, pois ela, com a sua sabedoria, é a “verdadeira governante da casa, que não tem como objetivo exclusivamente o lucro, mas o cuidado, a convivência, o bem-estar físico e espiritual de todos, bem como a partilha com os pobres e os estrangeiros”.

“É entusiasmante abordar os estudos económicos com esta perspetiva, tendo em vista devolver à economia a dignidade que lhe corresponde, para que não caia no mercado selvagem e da especulação”, acrescentou.

A JMJ, que começou na terça-feira e termina no domingo, é considerado o maior evento da Igreja Católica.

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