Nova SBE: Enfrentar desafios complexos e dinâmicos

Em entrevista à Executive Digest, Carla Figueiredo, head of Executive Education Portfolio Management, e Marta Pimentel, Executive Education director da Nova SBE, explicam os principais desafios e oportunidades da formação de executivos.

A partir de agora, e tendo em conta o início de 2024, qual o ponto de situação e perspectivas para o futuro ao nível da formação de executivos?

Carla Figueiredo (CF): Em 2024, a formação de executivos continua a evoluir de forma a tornar-se mais personalizada, digitalizada e centrada nas competências humanas, preparando os líderes para enfrentar os desafios complexos e dinâmicos que encontram actualmente nas suas organizações. Segundo o World Economic Forum, 44% das competências core dos profissionais são expectáveis serem alteradas nos próximos cinco anos, destacando como as quatro maiores competências em ascenção nas organizações o Pensamento Criativo, o Pensamento Analítico, a Literacia Tecnológica e a Curiosidade e Life-Long Learning.

Na Nova SBE Executive Education adoptamos o Infinite Learning mindset, onde acreditamos não existirem barreiras à aprendizagem. A nossa oferta foi restruturada para dar resposta às necessidades dos participantes e das organizações, tendo como base três premissas:

  • Flexibilidade, através de programas desenhados para se adaptarem às dinâmicas pessoais e profissionais dos participantes, oferecendo formatos presenciais, online, blended e híbridos. Esta abordagem permite que os participantes personalizem a sua jornada educativa, ajustando-a aos seus compromissos e disponibilidade.
  • Aplicabilidade, através da teoria aliada à prática com recurso a uma abordagem de project based learning, concretizada através de projectos, de estudos de caso e de interaçcões com líderes do mercado, garantindo que o conhecimento adquirido possa ser imediatamente aplicável no mundo empresarial.
  • Inovação, através de uma abordagem pedagógica é marcada pela forte presença de conteúdos, tecnologias e metodologias de vanguarda, desenvolvendo competências como o pensamento crítico e a solução criativa de problemas, preparando os participantes para liderar na antecipação e gestão de mudanças no ambiente empresarial.

Queremos continuar a ser um parceiro de referência na Formação de Executivos, apoiando os nossos participantes ao longo da sua Life-Long Employability, com oferta de soluções de formação que vão beyond classroom, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e profissional e gerando impacto nas organizações onde trabalham.

Que áreas, que temas estão a ser mais procurados?

CF: Existem duas áreas core das organizações onde a procura continua muito acentuda pois são a base das funções organizacionais e que por isso precisam de ser renovadas e actualizadas, e que são a gestão e a liderança. Na área da liderança, destacamos a liderança humanizada e a gestão da mudança. As áreas de expansão têm estado intrinsecamente ligadas a desafios actuais das organizações e no desenvolvimento de competências mais emergentes, como é o caso da Transformação Digital (associada à utilização dos dados, inteligência artificial e ao web 3) e a Sustentabilidade.

Que novidades gostariam de destacar para 2024, a nível empresarial e também individual?

CF: Tendo como base o Infinite Learning da Nova SBE Executive Education, o nosso portefólio apresenta várias novidades tanto ao nível de oferta formativa como de formatos. Estamos a lançar os FreeLearners que, numa lógica de micro learning, o participante escolhe os módulos (inseridos em outros programas) que pretende frequentar e que estejam alinhados com os seus interesses e objectivos de carreira, tornando a jornada educativa mais personalizada e flexível. A quantidade de módulos e o ritmo são decisão do participante.

Também renovámos o nosso Campus Online, contando com mais de 15 novos programas intensivos, avançados e pós-graduações, através de programas de formação 100% online que contemplam componente sincrona e assincrona, assente nos valores da flexibilidade, personalização, conectividade e proximidade, e com recurso uma metodologia LAB – Learn, Apply, Build.

O terceiro destaque que gostaria de partilhar é o novo portefólio bilingue. Temos disponíveis na nossa oferta mais de 60 programas em português, 16 programas leccionados em língua inglesa e seis programas internacionais em parceria com outras Business School.

Por último, destaco a componente de Beyond Classroom. Acreditamos que a aprendizagem não se esgota na sala de aula, pelo que os nossos antigos participantes têm acesso a um conjunto de iniciativas que apoiam no seu desenho de carreira e desenvolvimento pessoal, alicerçando outras componentes como mentoring, coaching e networking.

Como estão os Mestrados Executivos face aos outros programas de formação executiva?

CF: Num contexto empresarial dinâmico e altamente competitivo marcado pela rápida evolução tecnológica, as organizações enfrentam constantes desafios para se manterem ágeis, inovadoras e lucrativas. Os Mestrados Executivos têm sido uma aposta de muitos gestores que procuram um reskilling das suas competências para continuarem activos e actualizados face às necessidades das organizações e do mercado.

Os Mestrados Executivos desempenham também um papel crucial na retenção de talentos dentro das organizações, uma vez que as empresas demonstram um compromisso tangível com o crescimento profissional dos seus colaboradores. Isso não só ajuda a atrair talentos promissores, mas também incentiva a lealdade e o engagement dos colaboradores existentes, que se sentem valorizados e reconhecidos pelo investimento no seu desenvolvimento.

A nossa oferta contempla cinco Mestrados Executivos, com a duração de um ano, focados no desenvolvimento de conhecimentos académicos aliados à prática e que promovem o pensamento crítico e analítico, repartidos em seis meses lectivos e seis meses de workproject (tese): Avançado em Gestão, Finanças e Mercados Financeiros, Inovação & Empreendedorismo, Marketing & Estratégia e Liderança.

As novas gerações vão forçar uma mudança na estrutura das organizações: não querem ter a obrigatoriedade de trabalhar em horários fixos e ambicionam autonomia, por exemplo. Qual o papel das escolas de negócio nesta transformação?

Marta Pimentel (MP): Sem dúvida, a tendência actual aponta para uma maior flexibilidade no ambiente de trabalho. O conceito de trabalho híbrido ganha destaque, permitindo adaptar a forma de trabalhar conforme a natureza da actividade e a necessidade de colaboração. A ênfase recai na aprendizagem contínua, com pilares fundamentais como flexibilidade, aplicação de conhecimentos e inovação. As escolas de negócio desempenham aqui um papel crucial, e na Nova SBE Executive Education endereçamos esses temas oferencendo programas flexíveis, acessíveis em diversas plataformas e horários, promovendo assim a longevidade das carreiras dos profissionais.

Esta abordagem flexível, presente em diversos sectores, reflecte a busca por autonomia e personalização, características cada vez mais valorizadas pelas novas gerações e que influenciam a transformação nas estruturas organizacionais. Em suma, as escolas de negócio têm o desafio de acompanhar e promover a flexibilidade e a aprendizagem contínua que é exigida pelas novas gerações. Ao oferecerem programas adaptados às necessidades dos profissionais, contribuem para a capacitação e actualização constante das competências, alinhando-se com as exigências do mercado de trabalho em constante evolução.

O envelhecimento constante da população portuguesa, é um desafio ou uma oportunidade para o vosso sector?

MP: O envelhecimento da população traz consigo desafios e oportunidades para diversos sectores. Com a mudança na curva demográfica, observa-se uma inversão na proporção de gerações, com mais pessoas idosas do que jovens. Essa realidade implica uma desaceleração na entrada de jovens no mercado de trabalho, mas também representa um bónus de 20 anos de experiência profissional adicional, possibilitando uma extensão na carreira e uma valiosa contribuição das gerações mais experientes.

A longevidade e a experiência das gerações mais velhas representa uma oportunidade para as organizações repensarem as suas estratégias e abrirem espaço para uma “lifelong career”, valorizando o contínuo desenvolvimento de competências e aprendizagem constante. As escolas de negócio têm a oportunidade de ampliar o seu público-alvo para incluir a geração dos 50 anos, preparando-os para continuar a contribuir de forma significativa mesmo após os 65 ou 70 anos. A analogia com o filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella (no seu livro “Nós não nascemos prontos”) ressalta a evolução contínua das pessoas ao longo da vida, destacando a importância de valorizar e aproveitar a expertise e maturidade das gerações mais velhas no ambiente profissional.

Muito se fala na literacia de gestão como elemento fundamental para melhorar a competitividade das nossas empresas (tendo as PME como principal destinatário). Contudo, poucas medidas se vêm como incentivo para incrementar a formação. O que deveria ser feito?

MP: Tendo por base que as PME representam 99% do tecido empresarial português, parece-nos prioritário começar por desenvolver programas adaptados às necessidades específicas destas empresas, oferecendo formações modulares e acessíveis que abordem não apenas as teorias de gestão, mas também casos práticos e estratégias aplicáveis ao contexto empresarial português. O Nova SBE VOICE Leadership lançado já no final de 2023, propõe-se a fazer isso mesmo e a contribuir positivamente em 2% para o PIB nacional em cinco anos.

Além disso, acreditamos que outra medida necessária passa por estabelecer parcerias com entidades governamentais e empresariais com vista a aumentar o acesso ao financiamento ou a incentivos fiscais para as empresas que escolham investir na formação dos seus gestores e líderes reconhecendo a importância da literacia de gestão para a competitividade económica do país.

Temos em Portugal um verdadeiro cluster do Ensino, com um conjunto de universidades que se distinguem em diversas matérias. Como é que as universidades podem colaborar ainda mais entre si para criar um hub universitário ainda mais ambicionado e procurado?

MP: A colaboração entre essas instituições pode impulsionar a criação de um hub universitário mais ambicioso e atractivo, elevando o país a uma posição de destaque global no campo da educação. A atracção de estudantes internacionais para Portugal reflecte a capacidade de atrair talentos de diversas partes do mundo, contribuindo para a construção de um ecossistema educacional cosmopolita e influente na Europa.

Além de atrair estudantes para os processos de ensino, o desafio reside em reter esses jovens talentos em Portugal para que contribuam para o desenvolvimento do país. Nesse sentido, as universidades têm, não apenas a missão de atrair, mas também de manter os jovens profissionais no mercado de trabalho português. A construção de um ambiente académico colaborativo e inovador pode ser fundamental para estimular a permanência desses talentos no país, fortalecendo assim o sector educacional e o mercado de trabalho nacional.

E continua-se a falar na atracção e retenção de talentos. Continua a haver uma clara aposta na formação como medida para combater esta situação?

MP: A atracção e retenção de talentos continuam a ser temas relevantes, onde vemos a formação como uma estratégia essencial para lidar com essas questões. No entanto, a nova geração de profissionais apresenta um perfil mais voltado para a experimentação e mobilidade, procurando oportunidades de vivenciar diferentes experiências em diversas empresas e países. Nesse contexto, as organizações precisam de adoptar uma abordagem flexível e numa gestão interna de conhecimento robusta, capaz de garantir a continuidade do conhecimento face à rotatividade de colaboradores.

O conceito de Learning Organizations surge assim como uma resposta a essa realidade, enfatizando a importância da aprendizagem contínua e da internalização do conhecimento na própria estrutura organizacional. Ao promover um processo eficaz de integração e desenvolvimento dos colaboradores, as empresas podem prepará-los para actuarem de forma mais assertiva nas suas funções e contribuírem de maneira significativa para a organização. A possibilidade de oferecer diferentes trajectórias de carreira dentro da empresa e fomentar a mobilidade interna são estratégias que, não apenas fortalecem a cultura organizacional, mas também capacitam os profissionais para assumirem novos desafios com maior à-vontade e preparação.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, Pós-graduações & Formação de Executivos”, publicado na edição de Março (n.º 216) da Executive Digest.

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