S&P prevê bom desempenho da banca portuguesa e melhora ‘rating’ do BCP
A Standard & Poor’s (S&P) considerou hoje que o sistema bancário português manterá um desempenho forte e melhorou o ‘rating’ do BCP e passou para positiva a perspetiva do Santander Totta, disse em comunicado.
Na semana passada, a S&P manteve o ‘rating’ de Portugal em ‘BBB+’ e reviu a perspetiva de estável para positiva (o que indica que pode melhorar o ‘rating nos próximos 24 meses), justificando com a convicção da agência “de que a posição orçamental e externa de Portugal irá melhorar gradualmente”, com “políticas pragmáticas e prudentes” a apoiarem “a redução acentuada da dívida pública”.
Já hoje, a S&P tomou decisões sobre dois bancos portugueses: o BCP e o Santander Totta.
No BCP passou o ‘rating’ de longo prazo de ‘BB+’ para ‘BBB’ (já em nível de investimento), com perspetiva estável.
No Santander Totta, melhorou a perspetiva de estável para positiva, mantendo-se o ‘rating’ em ‘BBB’.
Na opinião da S&P, os bancos portugueses beneficiam do menor risco do país e de clientes com perfis financeiros mais saudáveis, devendo continuar a apresentar um forte desempenho e conseguir preservar a qualidade dos ativos, minorando eventuais problemas, ainda que espere que o rácio de crédito malparado aumente atingindo entre 5,1% e 5,8% em 2024 face a 4,4% em março deste ano devido ao aumento do custo de vida, com a alta inflação e política monetária restritiva.
Contudo, acrescenta, isto deverá ser “gerível para os bancos”.
A S&P espera, no cenário central, que a qualidade do crédito se mostre forte apesar de mais de 90% dos empréstimos serem a taxa variável e, logo, subirem com as taxas de juros, o que se agrava sobretudo “se as condições económicas e do mercado de trabalho enfraquecerem inesperadamente”.
Segundo a agência de ‘rating’, os clientes “mais vulneráveis representam menos de 10% das hipotecas do sistema bancário”.
A S&P espera ainda que o dinamismo dos preços da habitação seja mais moderado a partir deste ano e que a procura de habitação por parte de estrangeiros reduza devido ao fim dos ‘vistos gold’ e das novas restrições ao Airbnb. Contudo, estima que uma redução dos preços de mercado seja de curta duração e tenha efeito limitado na qualidade dos ativos dos bancos até porque, afirma, as regras do Banco de Portugal levaram à melhoria do perfil de risco dos clientes.
A S&P diz ainda que é positivo que os bancos tenham uma exposição relativamente baixa ao setor imobiliário (representava 7% dos empréstimos do sistema no final do ano de 2022).
Assim, espera que a rentabilidade dos bancos continue a melhorar e a alinhar-se com o seu custo de capital, com as taxas de juro a beneficiarem os resultados, ainda que diga que “o controlo dos preços dos depósitos poderá ser um desafio, especialmente em 2024”.
Já os investimentos na digitalização terão de continuar a ser uma prioridade, o que aumentará custos operacionais a que se juntarão condições de financiamento mais caras. Contudo, afirma, não serão suficientes para reduzir o benefício do aumento das margens nos resultados dos bancos, prevendo um retorno médio sobre o capital próprio (ROE) de cerca de 9% em 2023-2024, em comparação com 4,5% dos últimos cinco anos. Prevê ainda a S&P que a eficiência continue elevada.
“Devido a um ambiente macroeconómico favorável, as instituições mais fracas têm vindo a aproximar-se dos seus pares em termos de qualidade de ativos e rentabilidade, o que significa menos valores atípicos de desempenho no sistema”, lê-se na análise da S&P.