Ucrânia: Moscovo rasga moratória nuclear e ameaça “resposta direta” contra EUA e NATO

A Rússia anunciou esta segunda-feira que deixará de respeitar a moratória autoimposta sobre a instalação de mísseis nucleares de alcance intermédio em terra.

Pedro Gonçalves
Agosto 4, 2025
19:05

A Rússia anunciou esta segunda-feira que deixará de respeitar a moratória autoimposta sobre a instalação de mísseis nucleares de alcance intermédio em terra. A decisão surge como retaliação ao que Moscovo considera serem provocações dos Estados Unidos e da NATO, através do planeamento e instalação de armamento semelhante em território europeu e na região Ásia-Pacífico.

Segundo um comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, os EUA estão a escalar as tensões internacionais ao testar, produzir e deslocar sistemas que anteriormente estavam proibidos pelo agora extinto Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF, na sigla em inglês). Este tratado, assinado em 1987 entre Washington e Moscovo, foi formalmente abandonado por ambas as partes em 2019, após mútuas acusações de incumprimento.

“O posicionamento destes sistemas, nomeadamente em países como a Dinamarca, as Filipinas e a Austrália, constitui uma ameaça direta à segurança da Federação Russa”, afirmou o Kremlin, citado pela Newsweek. A resposta, garantem as autoridades russas, passará por medidas de natureza “técnico-militar” destinadas a restaurar aquilo que consideram ser o equilíbrio estratégico.

A linguagem usada por Moscovo reaviva o receio de uma nova corrida armamentista, numa altura em que as relações entre o Ocidente e a Rússia permanecem em níveis historicamente baixos, devido à guerra na Ucrânia, ao alargamento da NATO e às sanções internacionais impostas ao regime de Vladimir Putin.

O fim do Tratado INF, há seis anos, já havia levantado preocupações sobre a proliferação de mísseis de alcance intermédio — capazes de transportar ogivas nucleares e atingir alvos a distâncias entre 500 e 5.500 quilómetros. Desde então, os Estados Unidos têm vindo a testar novos sistemas e a procurar aliados dispostos a acolher bases ou sistemas de lançamento, em particular na Europa e no Indo-Pacífico, como forma de dissuasão contra potências como a Rússia e a China.

Ao sinalizar o abandono oficial da moratória, a Rússia abre a porta para o posicionamento de mísseis semelhantes em território sob a sua influência, aumentando o risco de confrontos diretos com forças da NATO em regiões já fortemente militarizadas.

O Ministério russo deixou claro que quaisquer futuras ações dependerão dos movimentos de Washington e dos seus aliados. “Instamos os Estados Unidos e os seus aliados a agir com responsabilidade, evitando uma nova escalada”, lê-se no comunicado.

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