Temos de passar dos descobrimentos ao conhecimento!

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

Os descobrimentos permitiram lançar Portugal no mundo inventando a globalização. Mas o único facto que importa aproveitar é o ADN empreendedor que originou esta façanha, assim como a evolução da ciência que foi necessário desenvolver para “navegar por mares nunca dantes navegados” , o “network “ e “colab” que foi mandatório criar para que os monarcas financiassem as expedições e os cientistas da altura desenvolvessem técnicas de navegação e conhecimento para tal aventura. O que tem de sobrar é uma página na história e uma lição: sendo um país pequeno podemos ser gigantes. Para isso temos de pensar como Portugal no centro do mundo, à mesma distância do continente americano, da Ásia , da África e da Europa. Com uma comunidade de dez milhões de portugueses no território e mais cinco milhões espalhados pelo mundo (incluindo os lusodescendentes recentes) num total de cerca de quinze milhões de portugueses. Com 280 milhões de pessoas que falam português, sendo língua oficial em 9 países, 1 entidade independente e 4 Estados como língua minoritária. Capaz de inventar a “via verde”, o multibanco, os cartões pré pagos de telemóvel ou ser líder mundial na produção de cortiça. 

Mas o que nos pode diferenciar não é o passado nem sequer a meteorologia, a gastronomia ou o turismo. Estes são factores distintivos de pouco valor acrescentado e baixa durabilidade. O que nos diferencia é sermos poliglotas e falarmos inúmeras línguas, termos investigado o primeiro medicamento biológico mundial para tratar o pé diabético (Technophage e medicamento TP102), inventarmos a  botija de gás pluma, criarmos o papel higiénico preto ou o Coloradd (que é o primeiro sistema de identificação de cores para daltónicos). Ou seja conhecimento , talento e inovação. Não necessariamente de produto, mas também de processo. 

E tudo começa no ensino, que tem de deixar de ser escolástico e valorizar a memorização para passar a valorizar o conhecimento, a resiliência e a criatividade. Evoluir do Quociente de inteligência ou Quociente de adaptação e resiliência. 

O estado também tem de incentivar, mas como?  Não é distribuindo subsídios, mas não atrapalhando, não criando entropia, burocracia e custos de contexto. Apenas regulando e fiscalizando, integrando e optimizando a iniciativa pública / privada / social. 

Os líderes deixarem de ser chefes e passarem a dar importância ás soft skills na liderança e nas organizações, tornando-as inteligentes. 

As organizações criarem modelos de gestão de projectos internos que aproveitem as melhores competências e criarem modelos colaborativos entre si, ligando-se à academia aproveitando o talento que aí possa existir. 

A academia valorizar os cérebros distintivos e disruptivos que trazem valor prático, publicam nas melhores revistas, ensinam a pensar; livrando-se dos outros, que nunca fizeram nada para além do Doutoramento. 

As associações sindicais e patronais que compreendam que uma sociedade só é equilibrada quando o valor do trabalho é reconhecido e recompensado; mas que este valor não deve advir de legislação laboral retrógrada como a nossa, mas da produtividade e rentabilidade das empresas. A meritocracia tem de ser o critério na actividade privada e pública.

Os patrões que entendam que o lucro é uma consequência de um serviço à comunidade de forma sustentada e sustentável. Não um oportunismo pontual. Também que entendam que não podem depender do estado e este não pode ser o seu “farol”.

Aos pais que assumam que a escola deve formar e não educar, pois essa é a sua responsabilidade. 

Aos cidadãos que entendam que o estado somos nós e não uma entidade abstrata com a qual não temos de nos preocupar. 

A sociedade respeitar o indivíduo mas não impor modelos minoritários apenas porque sim, e erradicar de vez o “politicamente correcto. Valorizando o empreendedorismo e celebrando o erro e fracasso como forma de aprendizagem para quem assume riscos. 

Aos políticos que queiram mesmo acabar com os pobres e não acabar com os ricos. 

Ou seja, precisamos de um novo contrato social pois este esgotou toda a sua capacidade, correndo o risco do surgimento de extremismos que ninguém quer!

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