Outro grande negócio de Elon Musk: internet por satélite

Por Manuel Falcão – sfmedia.org


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EPOIS DE TER OBTIDO ASSINALÁVEL ÊXITO COM A TESLA, campeã de vendas em Portugal de carros eléctricos sem ter um único stand tradicional, Elon Musk prepara a abertura de uma nova frente de negócio no nosso país – o fornecimento de internet via satélite.

A ANACOM revelou no início de Abril que foi submetido um pedido em nome da Space Exploration Technologies Portugal, ligada à SpaceX, empresa de Elon Musk dedicada à exploração espacial e colocação de satélites e à Starlink, a sua empresa que explora a internet de banda larga via satélite. Esta nova empresa garantiu à ANACOM que pretende iniciar até Junho a comercialização da internet espacial de banda larga e prevê ter capacidade para fornecer 50 mil acessos em Portugal, pretendendo alcançar 16 mil utilizadores já em 2021. Segundo diz, o território português já está coberto a 100% pela rede de satélites colocados em órbita pela SpaceX. A companhia aeroespacial já constituiu em Março a empresa Space Exploration Technologies Portugal – SXPT, com sede no escritório da BDO.

Entretanto, segundo a ANACOM, o acesso à internet via satélite, vocacionado para o acesso em zonas remotas, de baixa densidade populacional ou de orografia mais complexa, já está disponível através de cinco fornecedores. Apesar da sua reduzida penetração, o número de subscritores cresceu 78,5% entre o 4.º trimestre de 2018 e o 3.º de 2020. Assim, a internet via satélite atingiu 1200 acessos no final de 2020, o que representa menos de 0,3% do total de acessos em local fixo, mas traduz um crescimento de 32,4% face a 2019. No 2.º trimestre de 2020, após a declaração da pandemia, o serviço registou o maior aumento em termos absolutos até ao momento.

A internet via satélite exige a colocação de uma pequena antena parabólica, tem um custo de activação, instalação e montagem inicial, um custo mensal de aluguer de equipamento e um pacote mensal de custo variável, que nos operadores já existentes varia entre 13 e 120 euros mensais. Um relatório da ANACOM sobre esta matéria sublinha que o acesso à internet via satélite é um serviço bidireccional de alta velocidade, que se afigura ser um meio essencial para reduzir a fractura digital. Além disso, a conectividade via satélite é importante nos sectores da aviação e de transporte marítimo que operam com estações de radiocomunicações a bordo de aeronaves e navios que possam estar fora do alcance das redes terrestres durante os seus percursos. É também um dos elementos das telecomunicações de emergência, possibilitando a detecção, alerta e resposta em situações de catástrofe natural e outras em que as redes fixas e móveis deixam de estar disponíveis.

Nos EUA a Space X anunciou que está a trabalhar numa antena que permite ligar veículos pesados e furgões de média dimensão à sua rede de satélites, anunciou que já pediu autorização para comercializar o serviço da Starlink a veículos em movimento, mas esclareceu que a dimensão do equipamento não permite que se faça o mesmo nos modelos ligeiros da Tesla.

Os números mais recentes indicam que a SpaceX já tem mais de 700 satélites em órbita e planeia ter 12.000 nos próximos cinco anos, metade dos quais já operacionais em finais de 2024. Elon Musk tem dito que pretende construir uma rede global que assegure a cobertura de todo o planeta com um total de 42 mil satélites em torno da Terra. Estudos internacionais indicam que cerca de metade da população mundial não tem acesso à internet devido aos elevados custos de instalação de rede fixa em regiões mais remotas.

A SpaceX foi o primeiro grande investimento de Elon Musk, financiado por si próprio, com 100 milhões de dólares. A sua capacidade financeira vem da venda do sistema PayPal, que ajudou a criar e foi sócio, comprado pela eBay em 2002 por cerca de 1,5 mil milhões de dólares. Elon Musk terá recebido na altura cerca de 200 milhões de dólares, correspondentes à sua participação no negócio. Para além da SpaceX, estes fundos serviram para lançar a Tesla em 2004, com um investimento inicial de 6,3 milhões de dólares.

No início de 2021 a Tesla tinha uma valorização bolsista de 830 mil milhões de dólares, tornando-a a marca automóvel mais valorizada, depois de ter ultrapassado, em 2020, a Toyota. Com esta valorização ultrapassou o Facebook e tornou-se na quinta companhia mais valorizada de Wall Street.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 181 de Abril de 2021

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