A importância dos indicadores de desempenho ESG no setor imobiliário

Por Cláudia Salvado, Sustainability and Compliance Manager da SOLYD

À medida que aumenta a consciência global sobre os impactos ESG (Environmental, Social and Governance) das operações imobiliárias, o sector de avaliação de ativos e riscos patrimoniais está sob crescente pressão para se adaptar. Os investidores procuram evidências da implementação de políticas e procedimentos sólidos para proteger os seus investimentos contra riscos relacionados com fatores ESG. Novas leis de transparência, como o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (SFDR) na União Europeia, exigem que as empresas comuniquem dados auditáveis de sustentabilidade para evitar o greenwashing e aumentar a proteção dos investidores.

Ao gerir proactivamente os riscos e incorporar políticas ESG nas suas atividades, as empresas podem reduzir os riscos dos seus investimentos, atrair investidores e criar empreendimentos sustentáveis e resilientes. Os critérios ESG continuarão a desempenhar um papel crucial no setor imobiliário e as empresas devem adaptar-se às novas expectativas para se manterem competitivas.

Uma vez implementado um plano de ação ESG e definidas as suas iniciativas, torna-se necessário monitorizar a eficácia das mesmas. O cálculo dos indicadores de desempenho ESG ajuda a quantificar a eficácia dos esforços feitos nesta área, e, numa fase posterior, a definir objetivos quantitativos de sustentabilidade.  Para efeitos de monitorização, os indicadores de desempenho podem ser calculados para cada uma das iniciativas constantes no plano de ação ESG, constituindo uma estrutura de acompanhamento anual do seu progresso. Este é um processo contínuo que vai sendo aperfeiçoado à medida que se ganha experiência e se evoluí em termos de maturidade ESG.

Esta mensuração aumenta a consciência do impacto que as iniciativas nesta área têm nos colaboradores, na sua diversidade, e nas comunidades onde a empresa opera. Definir um primeiro conjunto de indicadores de desempenho ESG e calcular a pegada de carbono são exercícios complexos, mas cruciais para o alinhamento com os futuros requisitos regulamentares em termos de reporte de sustentabilidade. Dado que a pegada de carbono da cadeia de valor no sector imobiliário é considerável, a integração ESG torna-se uma prioridade devido às regulamentações que podem surgir no futuro.

O sector imobiliário em Portugal precisa de abordar a questão da contabilização da pegada de carbono, no caminho para uma economia descarbonizada, assim como definir uma estratégia para reduzir e compensar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). É necessária a criação de regulamentação que aborde a contabilização das emissões, quer estas surjam exclusivamente das atividades da entidade, quer sejam indiretas.

O desenvolvimento de um inventário de emissões de GEE numa empresa ajuda a identificar as suas principais fontes de emissão, a identificar áreas para focar os esforços de descarbonização, a definir e monitorizar o progresso face aos objetivos, a melhorar os projetos existentes, a comparar resultados e a tomar decisões sobre futuras políticas e objetivos climáticos.

A recolha de dados e o reporte rigoroso desempenharão um papel importante nas estratégias de neutralidade. Os dados subjacentes aos requisitos de ESG são cruciais para o seu cumprimento, mas a sua recolha pode ser complexa e demorada, requerendo conhecimento especializado. As empresas devem analisar a sua materialidade, definir as suas metas e os seus indicadores de desempenho, e ter uma visão global dos dados necessários para reportar esses indicadores.

 

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