“Vai ser o caos com tudo parado”: Mais de 7 mil autocarros de peregrinos a circular em Lisboa durante a JMJ

Hoje ficará a conhecer-se o Plano de Mobilidade e Segurança do Governo para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorre em Lisboa entre 1 e 6 de agosto, sendo que para já sabe-se que grande parte do centro da cidade estará cortada ao trânsito ou com fortes condicionamentos à circulação de veículos. Não poderia ser de outra forma, até porque se calcula que, no evento cheguem a circular na capital sete mil autocarros de peregrinos.

A Câmara Municipal de Lisboa já divulgou o pano provisório de acessibilidade, e levantou o véu aos dias aos condicionamento de trânsito nas principais avenidas e artérias da cidade, que será dividida em ‘zonas’: a vermelho a zona da Baixa até ao Marquês de Pombal e Parque Eduardo VII, vedada ao trânsito, a amarelo as com circulação condicionada e a verde as vias que, não tendo circulação proibida, podem verificar alguns cortes pontuais.

A ideia da organização da JMJ é apostar na mobilidade pedonal de peregrinos, mesmo que isso implique que andem muitos quilómetros a pé.

Fonte próxima do processo de desenvolvimento do plano de segurança e mobilidade explica ao Expresso que este “funciona como um todo”, mas há ainda dúvidas sobre, por exemplo onde vão ficar estacionados os autocarros.

Estão prometidos lugares para 7 mil autocarros, em 26 parques, entre os criados para o efeito, os improvisados em avenidas como a Infante D. Henrique, mas este serão insuficientes para a enchente de pessoas esperada durante o evento, pelo que está em cima da mesa a possibilidade de se recorrer aos parques de autocarros do Sporting e do Benfica.

O pior dia, segundo adianta fonte da organização, será 6 de agosto, dia final da JMJ, em que, ao fim do dia, os peregrinos (esperados 500 mil) deverão sair em bloco de Lisboa de carro e autocarro. “Com 500 mil pessoas, vai ser o caos com tudo parado. Junte-se a isto o calor que se vai sentir e as áreas de serviço lotadas”, afirma, recordando as dificuldades e filas de autocarros parados quando 70 mil adeptos espanhóis regressaram a casa no final do jogo da Liga dos Campeões em Lisboa, entre Real e Atlético de Madrid.

Serão “seguramente mais” do que os 7 mil autocarros, pelo que se estará a discutir um plano de contingência.

No entanto Fernando Nunes da Silva, investigador do Instituto Superior Técnico, especialista em questões de mobilidade e antigo vereador da Câmara de Lisboa, critica ser “totalmente incompreensível” que o plano de mobilidade só seja apresentado duas semanas antes do evento, e sem margem de manobra para corrigir falhas ou necessidades que se apurem.

O especialista critica também o recurso sobretudo a autocarros, defendendo que deveriam estar mais incluídos outros transportes públicos, bem como sustenta que “não há nenhuma justificação” para que a circulação de transportes públicos esteja proibida, durante o evento, na zona entre o terreiro do Paço e o Parque Eduardo VII.

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