Ucrânia adverte que fornecimento-chave de gás russo à Europa vai ser cortado já no próximo ano

A Ucrânia não deverá renovar o acordo de trânsito de gás que permite que a Gazprom russa exporte gás natural para a União Europeia através dos gasodutos que atravessam território ucraniano e, desta forma, o fornecimento do próximo ano poderá estar condicionado.

O anúncio foi feito pelo ministro da Energia da Ucrânia, German Galushchenko, em declarações ao Politico. Os acordos abrangiam o período entre 2019 e 2024 e permitem à Gazprom que exporte mais de 40 milhões de metros cúbicos de gás por ano através da Ucrânia. O negócio rende a Kiev mais de 6,5 mil milhões de euros à Ucrânia, todos os anos.

“Acredito que, no inverno de 2024, a Europa não precisará mais do gás vindo da Rússia. Se agora os lucros do gás russo estão a pagar a guerra e a invasão da Rússia à Ucrânia e o exército privado da Gazprom, no futuro a única coisa que devem pagar são as reparações e indemnizações”, declarou o governante, sublinhando que “negociações bilaterais são impossíveis”.

A rota, por terra, pela Ucrânia, é uma das duas ligações entre a Rússia e o Ocidente e ainda representa 5% do total de importações de gás natural na UE, ainda assim um terço dos níveis antes da guerra. Os principais destinos são a Áustria, a Eslováquia, e Itália e a Hungria.

O fim do acordo poderá colocar em risco o fornecimento para estes países. “Se o trânsito de gás pela Ucrânia parar, entregas de gás pela Gazprom para países da UR poderão cair entre 10 e 16 mil milhões de metros cúbicos, entre 45 e 73% dos atuais níveis”, aponta um estudo do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, nos EUA.

Isso significa que a Europa ficaria com um ‘desfalque’ nos stocks em 2025, antes de ser disponibilizada a capacidade adicional de gás natural liquefeito vindo dos EUA e do Qatar.

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