Seita misteriosa fundada durante a pandemia em Oliveira do Hospital exige “independência” de Portugal. MP, SEF e CPCJ já abriram investigações

A pequena e pacata localidade de Seixo da Beira, em Oliveira do Hospital, acolhe num terreno, que pertence ao futebolista dinamarquês Pione Sisto, uma misteriosa seita, o ‘Reino de Pineal”, que tem pretensões independentistas e exige ser autónoma de Portugal.

A comunidade foi fundada em 2020, em plena pandemia da Covid-19, por um grupo de 44 pessoas de oito países diferentes que, segundo a Visão, após muitos meses de contactos pelas redes sociais, decidiram mudar-se para Portugal e fixar-se naquela zona do Interior do País.

Atualmente já nasceram crianças dentro da seita, que vive fechada e sai algumas vezes de carro, com os membros descalços e envergando turbantes e vestes roxas, e estima-se que a comunidade já inclua uma centena de pessoas.

A seita foi criada com o objetivo de criar um “Estado soberano autossuficiente e ecológico”, mas forasteiros não são bem vindos, como deixam patentes os avisos o portão do terreno onde está instalado o Reino de Pineal.

O grupo reúne-se para comer o que colhe da terra (seguem dieta vegana), dançam música étnica e eletrónica, meditam e escutam os discursos do líder, Martin Junior Kenny, que é um ex-chefe de cozinha inglês, agora conhecido como Água Akbal Pinheiro.

Aos seguidores da seita, o responsável passa mensagens da necessidade de um “grande reset” para fundar “uma nova ordem mundial”. Teorias da conspiração sobre “a farsa da pandemia” e o domínio “das elites” misturam-se com ensinamentos de cosmologia e astrologia, para definir os propósitos do grupo, que segue 33 leis estritas e que pratica jejum.

No espaço onde vive a seita foram surgindo tentas, uma casa de madeira e barracões de apoio, que motivaram queixa de um vizinho à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, por não estarem a ser cumpridas as determinações da lei e as construções não estarem devidamente autorizadas.

A relação com a autarquia manteve-se pacífica, até que, no final do ano passado o guru da seita se apresentou numa reunião pública da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e exigiu: “É imperativo que sejamos reconhecidos como uma tripo autónoma indígena, o que inclui o reconhecimento de todas as nossas práticas espirituais, culturais, princípios e iniciativas soberanas, incluindo todas as formas de autoidentificação”.

A Câmara admitiu não poder responder ao pedido e sublinhou a necessidade de cumprir a lei e os ânimos aqueceram. A autarquia verificou irregularidades na construção e acampamento ilegal e foi enviada coima para o dono do terreno, que ainda não a pagou. Pione Sisto, segundo a Marca, comprou o terreno de 4,7 hectares, antes de lá se instalaram homens, mulheres e crianças.

Foram também enviados dados, após visita ao espaço, para o Ministério Público, Serviços de Estrangeiros e Fronteiras e Comissão de Proteção de Crianças e Jovens que, segundo a revista, abrir inquéritos formais, ainda que não tenham sido desenvolvidas até ao momento quaisquer diligências.

Nas redes sociais e no site da seita é possível ‘levantar o véu’ ao que se passa lá dentro. Certo é que o Reino do Pineal tem ideia de se expandir, pretendendo comprar terrenos de um total de 30 hectares, avaliados em mais de um milhão de euros.

 

 

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