Covid-19: Tomei a vacina da AstraZeneca que foi retirada do mercado, devo estar preocupado?

Foi oficializada a retirada do mercado, a nível global, da vacina contra a Covid-19 Oxford-AstraZeneca, sendo que na Europa a decisão começou já a produzir efeito. A farmacêutica indicou razões comerciais para a saída da Vaxzevria, uma das primeiras a ser comercializadas durante a pandemia, das prateleiras, mas a verdade é que a medida surge depois de a inoculação ser associada a um efeito secundário raro, mas perigoso.

Recorde-se que há meses a AstraZeneca admitiu, segundo documentos judiciais, que a vacina pode provocar a formação de coágulos sanguíneos, baixa contagem de plaquetas no sangue e, em casos muito raros, causar trombose.

“Dado que foram desenvolvidas múltiplas vacinas contra a covid-19, há um excedente de vacinas atualizadas” face às diferentes variantes do vírus, “o que resultou numa diminuição da procura”, justificou a farmacêutica, em comunicado. O anúncio de que a vacina deixaria de ser comercializada a partir desta quarta-feira tinha sido feito no início da semana pela farmacêutica.

Mas há algum risco em Portugal para quem tenha recebido a AstraZeneca? A executive Digest questionou Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), que explica que, de momento, há poucos motivos para preocupação, mas ainda assim recomenda que se mantenha atenção a potenciais sinais.

“Não tenho a certeza da distribuição da cobertura vacinal de cada uma das vacinas da Covid-19, neste momento. Mas a verdade é que a vacinação comm a Astrazeneca foi feita em Portugal de forma muito residual, tendo em conta que, desde logo no início, de alguma suspeita de risco associado, nomeadamente em jovens adultos, e que depois passou a ser so para determinada camada população, rapidamente deixou de ser disponibilizada pelo SNS”, começa por indicar o especialista.

Segundo Tato Borges “em Portugal, nesta fase, o risco é zero, porque estas reações adversas teriam acontecido muito perto da altura da inoculação”.

“E como neste momento já não está a ser utilizada em Portugal, não há nenhum risco. E é preciso perceber que é um risco muito, muito baixo. Estamos a falar de 81 mortes no Reino Unido, perante uma quantidade muito significativa de pessoas vacinadas. Obviamente que havendo outras alternativas que não apresentaram risco semelhante, a opção por outras vacinas poderá ter alguma influência. Mas diria que em Portugal não temos de ter grande preocupação”, reforça o presidente da ANMSP.

Mesmo quem foi vacinado com a vacina da AstraZeneca em Portugal. “neste momento não tem qualquer preocupação nesta fase, pois se tivesse que ter algum tipo de evento adverso, teria sido muito próximo da vacinação”.

Ainda assim, Tato Borges recomenda que “devemos sempre todos manter uma vigilância da nossa saúde, em termos clínicos, quer com o nosso médico a acompanhar, quer em termos de hábitos de vida saudáveis”.

Segundo o Serviço Nacional de Saúde inglês (NHS), deve atentar-se aos seguintes sintomas, entre quatro dias a um mês depois da toma da vacina:

  • Falta de ar
  • Dores no peito
  • Inchaço nas pernas
  • Dores abdominais persistentes
  • Dor de cabeça forte que não é aliviada com analgésicos
  • Dor de cabeça que piora quando se deita ou inclina
  • Dor de cabeça acompanhada de visão turva e sensação de enjoo
  • Problemas em falar, fraqueza, sonolência ou convulsões
  • Pequenas nódoas negras em lugares diferentes daquele onde a vacina foi aplicada

No final de abril, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) recomendou a atualização das vacinas contra a covid-19 para a campanha de vacinação de 2024/2025, para proteger contra a nova variante do vírus SARS-CoV-2, a JN.1.

A JN.1 difere da família XBB visada pelas anteriores vacinas atualizadas e ultrapassou agora as variantes XBB para se tornar a variante de maior circulação em todo o mundo”, salienta.

As empresas que estão atualmente a desenvolver novas vacinas contra a covid-19 que não visam a JN.1 foram também incentivadas a contactar a EMA para discutir estratégias para alterar a composição das suas vacinas.

 

*Com Lusa

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