Espanhóis acham que polémica de Costa com médicos é a «bomba informativa deste verão»

Em Portugal não se tem falado de outra coisa nos últimos dias: o vídeo onde António Costa chama «cobardes» aos médicos responsáveis pelo surto de Reguengos de Monsaraz. Contudo, agora a polémica atravessou fronteiras e chegou a Espanha, com o jornal ‘ABC’ a escrever um artigo sobre o «pé de guerra dos médicos portugueses contra o primeiro-ministro».

«Porquê esse ataque verbal? Pela alegada incapacidade (dos médicos) de conter o ataque da pandemia. Palavras intoleráveis ​​para a Ordem, que tem saído em defesa do trabalho realizado pelos seus associados, nem sempre nas melhores condições», escreve o diário.

O jornal explica que «o material gravado fazia parte de imagens que deviam manter-se ‘off the record’, indefinidamente. Mas, por alguma razão desconhecida, o vídeo foi divulgado e aqueles escassos sete segundos tornaram-se na grande bomba informativa deste verão em Portugal».

«Como é que é possível que, seja num contexto público ou privado, o primeiro-ministro se refira aos médicos nestes termos? Será que não percebe que a sua luta diária os torna heróis todos os dias, devido à actual crise de saúde? Não sabe também que, se não fosse por eles, o número de mortos pela doença em território português ultrapassaria em muito as 1.800 mortes registadas até agora?», são algumas das questões lançadas pelo ‘ABC’.

Depois da tempestade vem a bonança e «todos os mal-entendidos foram esclarecidos» 

O primeiro-ministro António Costa, saiu da reunião com a Ordem dos Médicos (OMS), afirmando que «tivemos uma conversa franca e útil», tal como foi confirmado também pelo bastonário da OM, Miguel Guimarães.

«Quero agradecer a oportunidade de ter tido uma conversa franca e útil no que diz respeito ao contributo que a OM tem dado, mas também à actuação do SNS na resposta à pandemia e aos lares em concreto», começou por dizer o primeiro-ministro, acrescentando: «Espero que todos os mal-entendidos estejam esclarecidos».

António Costa mencionou a questão dos lares, dizendo que «obedece a uma reflexão profunda da nossa sociedade». «Temos de olhar colectivamente para o problema, mas a colaboração da OM é essencial», acrescenta.

«Tive a oportunidade de recordar ao senhor bastonário o esforço que o Estado tem feito para reforçar as condições financeiras e humanas, para que as IPPS’s façam um trabalho ainda melhor», refere o responsável dizendo que em casos específicos cabe às entidades competentes apurar os factos.

Costa indica ainda que conseguiu «esclarecer a forma como o estado agiu e reagiu sobre a situação do Lar de Reguengos em concreto» e adianta, «fico particularmente satisfeito pelo senhor bastonário ter saído daqui, espero, sem a menor dúvida sobre o apreço que tenho pelos médicos, pelo seu trabalho e pelo da generalidade dos profissionais de saúde», afirma.

Por sua vez, Miguel Guimarães, também passou uma mensagem pacifica, dizendo que Costa «transmitiu de forma clara o respeito que tem pelos médicos portugueses». O responsável aproveitou a ocasião para agradecer ao primeiro-ministro o facto de se ter disponibilizado para explicar as questões relativas aos lares, bem como «por ter demonstrado apreço e confiança pelos médicos portugueses».

 

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