STOP avança com greve nacional às provas de aferição a partir desta terça-feira

André Pestana, responsável do STOP ( Sindicato de Todos os Profissionais da Educação), avançou, esta segunda-feira, com a convocatória de uma greve nacional, que arranca esta terça-feira, para “todos os trabalhadores docentes e para todos os trabalhadores com funções docentes”, “a todo o trabalho associado ao processo de avaliação do desempenho e à provas de aferição.

“Têm início amanhã e vão abranger todo o país. Esperamos que seja uma forma de pressionar Governo para o que se está a passar na escola pública”, indicou o responsável sindical. Recorde-se que neste momento estão lançados os pré-avisos de greve até 31 de maio.

O coordenador André Pestana disse que a greve se justifica pelo facto de “os profissionais de educação continuarem sem uma avaliação justa e transparente, que mantém as cotas, e as muitas aulas que os alunos perderam o ano passado para realizar as provas de aferição, que sobrecarregaram muito os profissionais de educação”.

Numa conferência de imprensa, em Coimbra, o dirigente sindical salientou que a greve “é uma forma de pressionar o Governo para prestar atenção ao que se está a passar na escola pública”, considerando que deve existir uma discussão com os professores para aferir se fazem sentido as provas de aferição.

“Os pais e os avós percebem que provas de aferição, particularmente em formato digital, têm criado muita ansiedade e muito stress desnecessário, porque estamos a falar de crianças do segundo ano, com 7 anos”, sublinhou.

Por outro lado, André Pestana frisou que existe “uma grande disparidade ao lidar com as tecnologias e também disparidade entre escolas relativamente a plataformas e o próprio acesso [da Internet] aos computadores portáteis”.

“Os alunos estão a perder aulas, porque as provas de aferição implicam a perda de muitas aulas do ensino de aprendizagem normal e sobrecarregam também os profissionais de educação que já estão muito sobrecarregados e, por isso, é uma má gestão de recursos humanos”, afirmou.

Segundo o coordenador do Stop, a greve pretende que o Governo altera estes modelos e canalize “a energia para o ensino e aprendizagem”, evitando que os alunos “percam tantas aulas” e a avaliação dos docentes não seja “uma farsa, com cotas totalmente artificiais”.

“Tem de haver um modelo especial de avaliação e remuneratório, não apenas para os diretores de escola, mas para todos os profissionais de educação”, exigiu André Pestana.

O sindicato, no pré-aviso de greve, tinha referido que “a aplicação das provas de aferição, principalmente em formato digital, não permite acompanhar o desenvolvimento do currículo nas diferentes áreas e não fornece informações detalhadas sobre o desempenho dos alunos, nem à escola, nem aos professores e, muito menos, aos encarregados de educação. Os relatórios com os resultados da aferição chegam às escolas no ano letivo seguinte, quando os alunos já se encontram noutro ano de escolaridade. Além disso, a complexidade de dados aferidos torna-se de difícil interpretação, tanto pelos alunos como pelos encarregados de educação. Quanto ao objetivo de fornecer uma visão do desempenho dos alunos em cada escola e a nível nacional, não há qualquer equidade no tratamento dos dados apresentados nos relatórios finais, já que não são tidas em conta as diferentes realidades vivenciadas nas escolas/regiões. Por fim, a aferição das aprendizagens assim dinamizadas, não potencia uma intervenção pedagógica atempada nas aprendizagens de cada aluno”.

“Do ponto de vista do funcionamento das escolas, tanto a preparação, como a aplicação e a correção destas provas implicam sobretrabalho dos professores intervenientes, muitas vezes não remunerado, nomeadamente os professores destacados para as equipas técnicas (professores do grupo de informática, entre outros), para o secretariado de exames, para as vigilâncias e para todo o processo de correção/avaliação. Todas estas tarefas sobrepõem-se ao normal funcionamento da escola, comprometendo, em muitos casos, a conclusão do ano letivo, havendo implicações na consolidação das aprendizagens dos alunos, agravando-se quando, em muitas escolas, são suspensas as atividades letivas. Esta situação acentua-se tendo em conta que, ainda, estamos a concretizar planos de recuperação de aprendizagens e vivenciamos a grave falta de docentes nas escolas”, frisou o sindicato.

“A aplicação das Provas de Aferição sobrecarrega os alunos com tarefas que se sobrepõem às que são essenciais para o sucesso do seu processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, compromete o trabalho de docentes e não docentes, em situações, muitas vezes, de profunda escassez de profissionais nas Escolas. Por último, é urgente que os docentes tenham um papel ativo na definição de estratégias e medidas a implementar para a melhoria da qualidade do ensino prestado pela Escola Pública e pelas condições de trabalho dos seus profissionais”, concluiu o STOP.

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