É Agora! XXII Conferência Executive Digest: Conheça os pontos-chave desta edição

Realizou-se esta terça-feira no Museu do Oriente a XXII Conferência Executive Digest, evento que reuniu em palco CEOs, Presidentes e Gestores para debater os principais desafios das empresas numa época marcada por diversos desafios.

 

“Temos que atuar, agir, definir prioridades para que Portugal cresça mais e mais depressa”

Ricardo Florêncio, CEO do Multipublicações Media Group, abriu as portas do palco para a XXII Conferência Executive Digest. “É altura de questionar para onde vamos, ou para onde queremos ir. Esta resposta é clara, queremos um país que cresça mais, mais depressa, com mais competitividade para pagar melhor salários e para os portugueses viverem melhor”, sublinhou.

O executivo afirmou que “não podemos adiar o que tem que ser feito porque quanto mais tarde agirmos pior, tem que ser agora. Temos que atuar, agir, definir prioridades para que Portugal cresça mais e mais depressa”.

 

“É o momento perfeito para apostar em Portugal”

Com uma intervenção subordinada a um título curiosamente ominoso, “Tourism is dead! Long live Tourism!” (“O Turismo está morto! Vida longa ao Turismo!”), mas que termina em nota bastante positiva, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, explicou que a nova conjuntura levou o Turismo de Portugal a voltar-se para o mercado nacional, com os olhos postos no turismo interno e procurando explorar um novo segmento dos chamados “nómadas digitais”, que encontraram, e continuam a encontrar, em Portugal o local ideal para trabalhar e viver.

No entanto, Luís Araújo frisou que Portugal é hoje “uma marca líder”, percecionado positivamente nos mercados estrangeiros, e olha para o futuro do turismo em Portugal com otimismo.

 

“Há uma oportunidade de Portugal ser um hub digital de referência para o mundo”

José Gonçalves, Presidente da Accenture, acredita que Portugal tem um conjunto de desafios sistémicos, ao que se acrescenta atualmente a pandemia e a guerra. Para o executivo, devem ser considerados eixos prioritários de atuação. É necessário ser resiliente às pressões da pandemia e da guerra, focando a atenção no crescimento e na distribuição da riqueza. Para tal, será necessário apoiar os setores mais afetados pela pandemia, ou ainda minimizar os impactos da guerra, com a descida dos custos da energia via fiscalidade e minimizar a perda do poder de compra.

Para além disso, é necessário acelerar a aplicação do PRR, apoiar a transformação digital das empresas, e incentivar o crescimento e fusão de PMEs que devem evoluir para grandes empresas.

“Acreditamos que há uma oportunidade de Portugal ser um hub digital de referência para o mundo”, afirma o Presidente da Accenture, sublinhando o potencial do país, mas deixa um alerta: “Temos que aumentar drasticamente o salário das pessoas, e para isso temos que ter negócios com maior valor acrescentado”.

 

“Não há economia sem saúde, mas também não há saúde sem economia”

A saúde é um setor como outro qualquer, exposto às leis do mercado, da oferta e da procura, da concorrência. “A Saúde é um negócio”, sublinhou taxativamente Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde

A responsável explicou que a Saúde está permanentemente sujeita a pressões políticas e ideológicas, e sob o peso de um conjunto de poderes instalados. Também a escassez do talento se apresenta como um sério desafio para o setor, estimando-se que atualmente faltam cerca de um milhão de profissionais na Europa.

Isabel Vaz apontou que não há melhor investimento do que no setor da saúde, que por cada euro investido na melhoria da saúde de um cidadão na Europa, gera-se cerca de 2 euros de retorno, explicando que investir na Saúde é investir a Economia, e vice-versa.

 

“É possível uma empresa de tabaco adaptar-se para promover a saúde”

Rui Minhós, Administrador da Tabaqueira, levou a palco o exemplo de transformação da Tabaqueira com o desenvolvimento de produtos “totalmente Inovadores” que ajudam a promover a saúde das pessoas na sua apresentação “Inovar por um futuro melhor”.

Ao longo dos últimos anos a Philip Morris desenvolveu diversos protótipos de produtos, que mostraram o que o fumador procurava. “Hoje temos um produto que leva a que muitos fumadores tenham abandonado totalmente os cigarros”, disse Rui Minhós, o tabaco aquecido.

Nesta senda de inovação, está a ser estudada a possibilidade de lançamento de um novo produto que vai impedir que os menores de idade consumam produtos de tabaco, uma tecnologia que faz com que os produtos venham bloqueados de fábrica e que em Portugal sejam apenas desbloqueados com chave digital móvel.

“É possível uma empresa de tabaco adaptar-se para promover a saúde”, destaca.

 

“Não contem com a equipa de TI para resolver o problema na hora H”

Estudos indicam que cerca de 80% das quebras de segurança informática acontecem por falta de competências por parte dos utilizadores, colocando a ênfase sobre o fator humano como um importante elo na cadeia de cibersegurança.

Alisson Avila, Head of Applied Strategy da NOVA SBE Innovation Ecosystems, chamou a atenção da plateia para o número cada vez maior de empresas e outras entidades em Portugal que estão a ser alvo de ataques informáticos e a sofrer quebras de segurança. Apesar de hoje existir uma consciência amplamente disseminada dos perigos que se escondem nos mundos digitais e online, ainda não são tomadas as ações necessárias para nos protegermos.

 

Empresas têm que perceber que as pessoas são o seu “asset mais valioso”

José Miguel Leonardo, CEO da Randstad, sublinhou que “as pessoas são o asset mais valioso que qualquer organização tem”.

O CEO da Randstad sublinhou que a escassez de pessoas é algo que reiteradamente ouvimos falar, no entanto, não estamos a falar de escassez na sua verdadeira terminologia, mas sim o problema de encontrar as pessoas certas para o projeto que queremos. “O que fazemos na randstad é procurar o Wally”, afirmou, ou seja, a pessoa com as skills necessárias e o perfil adequado.

O executivo destacou ainda que as competências técnicas têm que ser acompanhadas de soft skills e, para tal, destaca a importância da formação para o desenvolvimento. De acordo com um estudo da Randstad, os inquiridos querem crescer na função atua, desenvolver as suas soft skills e desenvolver as skills técnicas necessárias para a sua função

 

“A globalização, do meu ponto de vista, morreu”

Nelson Pires, CEO da Jaba Recordati, explicou que hoje vivemos num mundo BANI, um acrónimo em inglês que descreve um mundo frágil, ansioso, não-linear e, em alguns aspetos, incompreensível. Fruto da guerra que irrompeu na Ucrânia e as consequentes quebras ao nível das cadeias de abastecimento, bem como das perturbações lançadas pela pandemia de Covid-19 que ainda se fazem sentir, observamos um choque na procura e na oferta, que tem feito disparar os preços de uma grande variedade de produtos e matérias e impulsionado a subida da inflação.

O responsável acredita que o mundo deverá caminhar em direção a uma “blocalização”, ou seja, à transição de uma economia fundamentalmente globalizada para economias alicerçadas em blocos de países, unidos por interesses mútuos, valores partilhados e moedas comuns.

Nelson Pires salientou ainda que o Estado não deve ser um agente económico, mas deve, isso sim, ser um regulador dos agentes económicos, e ser o principal dinamizador de culturas de meritocracia na esfera empresarial.

 

Da tempestade “imperfeita” à “task force” para atrair investimento

Gonçalo Lobo Xavier, Diretor-Geral da APED, José Pedro Dias Pinheiro, CEO do Group M, José Galamba de Oliveira, Presidente da APS e Sílvia Barata, Presidente da BP Portugal, reuniram-se em palco um Museu do Oriente para debater os desafios e oportunidades em diversos setores de atividade.

No painel “É agora! Os desafios que temos pela frente, os caminhos, os rumos, as prioridades de ação”, os executivos falaram sobre os principais desafios que vivemos nos dias de hoje com as tensões geopolíticas, o aumento dos custos dos bens essenciais e matérias-primas, e ainda sobre o impacto da inflação na sociedade atual e nas empresas.

 

“Produtividade, é a palavra que vale a pena fixar”

Para onde queremos ir?”, foi a pergunta que o economista João Duque lançou à plateia, para iniciar a última intervenção da XXII Conferência Executive Digest. Olhando para o futuro, que ainda se afigura incerto em muitos aspetos, as palavras de ordem para a economia e empresas devem ser “Produtividade, produtividade, produtividade”.

Quanto à inflação, os preços já estão a começar a refletir os choques nos mercados internacionais, e essas condições deverão manter-se, tais como a guerra na Ucrânia, os confinamentos na China e o desequilíbrio entre a oferta e a procura. O economista sublinhou que se a guerra terminar no espaço de alguns meses e as cadeias de fornecimento forem restauradas, será possível recuperar o controlo da inflação.

Também as subidas das taxas de juro, aplicadas pelo Banco Central Europeu deverão continuar a pesar fortemente nos bolsos dos consumidores e das empresas.

A solução é uma, de acordo com o especialista: produzir muito bem nos segmentos mais rentáveis, quer internos, quer externos.

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