Administração dos CTT reúne-se com sindicatos para discutir aumento das contribuições do sistema de saúde

A Administração dos Correios de Portugal (CTT) reúne-se esta quarta-feira com os sindicatos representativos dos trabalhadores para discutir as contribuições para o Instituto das Obras Sociais (IOS).

As negociações entre administração e sindicatos iniciaram-se em setembro, mas não resultaram em acordo.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) recorda que o regulamento “só podia ser alterado com o acordo das partes” e, por isso, avançou com um processo em tribunal.

“Nós estamos disponíveis para negociar uma coisa séria”, garante Eduardo Rita, Secretário Geral do SNTCT.

Alda Rosário, coordenadora da Comissão de Trabalhadores dos CTT e carteira na central de Lisboa, criticou os cortes nos apoios, numa altura em que a empresa regista lucros.

Em 2023, os CTT, hoje uma empresa privada a 100%, alcançaram resultados líquidos de 60,5 milhões de euros, um aumento para quase o dobro em relação ao ano anterior.

“Achamos que não é justo aquilo que os CTT estão a fazer aos trabalhadores dos Correios. Estamos a pagar mais por menos, hoje em dia”, realça.

A alteração no subsistema, que abarca 35 mil beneficiários, significou, nomeadamente, o aumento da quota e da comparticipação suportada pelos trabalhadores (que passou de 43,6% para 55%).

Alda Rosário diz que os trabalhadores esperam que a administração volte atrás. “Estamos disponíveis para reunir e (…) voltar ao regulamento que tínhamos anteriormente. Pelo menos com essas condições, senão melhores”, sublinha.

Pedro Faróia, carteiro na central de tratamento de correspondência de Cabo Ruivo, explicou à Lusa o “grande impacto” que a alteração do subsistema de saúde provocou na sua vida.

Pai de uma filha pequena, com autismo, beneficia agora de reembolsos menores (desceram de 75 para 67,5%).

Além disso, “pagam atrasado, arranjam sempre problemas”, relata.

“Mais grave” ainda, “já não há nenhum médico convencionado” como terapeutas da fala, terapeutas ocupacional, neuropediatras.

“Tivemos que recorrer a médicos fora do subsistema de saúde. (…) O guia de prestadores continua a mostrar que há muitos serviços, mas isso é uma mentira, cada vez há menos médicos a trabalhar para a Médis CTT”, refere.

Residente no concelho de Sintra, um dos mais populosos do país, o carteiro imagina “as dificuldades” acrescidas em zonas mais isoladas do país.

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