A MEO reforça a liderança no setor das comunicações electrónicas em Portugal, investindo em 5G, fibra e soluções digitais avançadas. A operadora aposta na inovação e resiliência para apoiar empresas e cidadãos no futuro digital.
A MEO mantém-se na linha da frente do investimento em infraestruturas de comunicações em Portugal, com um foco claro na resiliência, inovação tecnológica e transformação digital. Em entrevista à Executive Digest, Carlos Bouça, director de Engenharia e Operação de Redes da MEO, explica que, nos últimos anos, a operadora reforçou a rede de fibra óptica e 5G, desenvolveu soluções avançadas para clientes empresariais e implementou medidas robustas de cibersegurança, procurando antecipar os desafios do futuro digital. Esta estratégia permitiu responder de forma eficaz a situações críticas, como o apagão nacional de Abril, e posiciona Portugal como um potencial hub tecnológico na Europa, alinhado com as prioridades de digitalização e soberania tecnológica da União Europeia.
A MEO tem sido um dos principais motores de investimento em infraestruturas de comunicações em Portugal. Quais são actualmente as grandes prioridades nesse campo?
O nosso foco reside em garantir uma infraestrutura resiliente, robusta e preparada para os desafios do futuro digital – uma estratégia que se revelou determinante na resposta ao apagão nacional de Abril. Graças à redundância e robustez da nossa rede, assegurámos a rápida reposição de serviços essenciais e minimizámos o impacto para clientes particulares, empresas, entidades públicas assim como clientes de outros operadores nacionais e estrangeiros, demonstrando, na prática, a resiliência das nossas operações.
As nossas prioridades estratégicas incluem o investimento contínuo em fibra óptica, 5G, cloud, inteligência artificial e cibersegurança, sem esquecer a aposta no desenvolvimento de áreas como a da energia. Só no primeiro semestre de 2025 investimos 197 milhões de euros, reforçando a aposta em inovação e em infraestruturas críticas. Esta estratégia integrada permitiu-nos obter a cerificação de continuidade de negócio (norma ISO 22301). Ambicionamos posicionar Portugal como um hub tecnológico de referência na Europa, alinhado com a agenda de digitalização e soberania tecnológica da União Europeia.
Como está a MEO a posicionar-se no mercado português face à crescente concorrência, especialmente após a entrada de novos operadores virtuais?
Continuamos a liderar através da inovação e da qualidade de serviço. Num mercado altamente competitivo, com quatro operadores a disputar cerca de 10 milhões de habitantes, a MEO distingue-se pela fiabilidade e resiliência da rede, pela capacidade tecnológica e operacional, entregando serviços distintivos em termos de experiência do cliente. Defendemos que a concorrência baseada apenas no preço de um sub-conjunto de serviços é limitadora para o sector e para o País. O verdadeiro debate deve incidir sobre o modelo industrial e o posicionamento estratégico de Portugal no contexto europeu.
Que papel está o 5G a desempenhar na transformação digital da MEO e como prevê que esta tecnologia impacte os vossos clientes empresariais?
O 5G constitui a infraestrutura base para a digitalização avançada. Para as empresas, traduz-se em fiabilidade, ultrabaixa latência, elevada largura de banda e redes configuráveis à medida. A MEO lidera a implementação do 5G Standalone, disponibilizando redes dedicadas e seguras. Esta tecnologia permite a cada cliente empresarial beneficiar de soluções adaptadas às suas necessidades operacionais, reforçando a competitividade num mercado cada vez mais exigente.
Contudo, a MEO vai além da disponibilização da infraestrutura 5G necessária aos seus clientes. Trabalha de forma contínua no desenvolvimento de um ecossistema integrado de soluções que, em articulação com a rede, proporcionam ganhos concretos em automatização, optimização e segurança dos processos. Exemplos desta abordagem são programas de inovação como o IoT/5G Challenge, que a MEO promove há já 10 anos, e, mais recentemente, o 5G API Sprint.
Que casos de uso específicos estão a transformar a operação das empresas portuguesas desde o lançamento do 5G em Portugal? Em que sectores sentem que as soluções de comunicações e 5G da MEO têm tido maior impacto?
Observamos impactos concretos em aplicações como manutenção preditiva, gestão inteligente de activos, automação industrial, cidades inteligentes, monitorização remota e soluções para logística, saúde, energia e media. O 5G está já presente em diversos sectores através de casos reais, como redes privadas em parques industriais, sistemas avançados de controlo de tráfego urbano e plataformas de telemedicina.
Soluções de realidade aumentada e virtual, drones, hologramas, robóticas e inteligência artificial requerem uma infraestrutura de conectividade móvel de nova geração, como o 5G, para garantir desempenho, fiabilidade e baixa latência. Estas aplicações estão a impulsionar a produtividade e a inovação, com impacto directo e mensurável.
Os sectores onde sentimos maior impacto das soluções de comunicações e 5G da MEO incluem a indústria transformadora, logística, media, transportes, energia, saúde, administração pública e cidades inteligentes. Em todos eles, o 5G tem possibilitado a automação de processos, a conectividade massiva de dispositivos e ganhos substanciais de eficiência e competitividade.
Qual é a actual cobertura da rede 5G da MEO em Portugal e quais são os planos de expansão até 2026?
A rede 5G da MEO cobre actualmente 100% dos concelhos portugueses, abrangendo 96,95% da população. Até 2026, pretendemos atingir cobertura populacional total, reforçando a rede em zonas remotas e expandindo soluções como redes privadas 5G para empresas e indústrias. Este esforço acompanha a evolução do ecossistema digital nacional, com foco na inclusão territorial.
Quais as principais vantagens do 5G+ face ao 5G?
O 5G+, ou 5G Standalone, é a evolução mais avançada das redes móveis, operando de forma independente da infraestrutura 4G. Oferece velocidades ultrarrápidas, segurança reforçada com encriptação avançada e maior eficiência energética. Permite criar vias dedicadas para diferentes utilizações, essenciais em contextos como Indústria 4.0, IoT, telemedicina ou cidades inteligentes. Esta arquitectura permite conectar milhões de dispositivos com fiabilidade e baixa latência.
A cibersegurança é um tema crítico nas redes actuais. Que prioridades assume a MEO para garantir a segurança das suas infraestruturas e dos clientes?
A cibersegurança é um tema transversal à nossa actividade. Adoptamos uma abordagem integrada, desde a engenharia de rede até à experiência do cliente. Investimos em governance robusta, certificações como a ISO 22301, monitorização 24/7 no nosso global operations centre, segmentação de redes, resposta activa a ameaças como DDoS ou ransomware, formação interna e inteligência artificial responsável, alinhada com o RGPD e o AI Act. Trabalhamos com parceiros tecnológicos e autoridades para garantir resiliência digital.
Como é que a solução Private Custom Network 5G da MEO permite às empresas garantirem segurança e qualidade de serviço em operações críticas?
A MEO Empresas tem liderado o desenvolvimento de redes móveis privadas 5G, tanto dedicadas como virtuais, destacando-se com o lançamento, em 2024, da solução Private Custom Network (PCN) – uma oferta inovadora no mercado português e de referência na Europa. Esta solução introduz o conceito de conectividade 5G “on-demand”, permitindo às empresas explorar plenamente as capacidades da rede. Proporciona controlo directo ao cliente através de um portal de self-care e self-order, promovendo maior autonomia e facilidade de utilização; e disponibiliza APIs para integração com os processos internos das organizações, viabilizando uma automação inteligente e personalizada da conectividade, através de scripts e workflows que concretizam o conceito de “network as a code”.
A Private Custom Network 5G oferece redes dedicadas, isolamento de tráfego, SLAs personalizados e gestão técnica especializada, assegurando maior controlo, fiabilidade e agilidade. Este modelo é especialmente dedicado para empresas com requisitos operacionais exigentes, em ambientes industriais ou de elevada sensibilidade.
Que estratégias a MEO adopta para garantir latência reduzida e capacidade adequada em regiões menos servidas?
Na MEO, o planeamento da construção da rede é conduzido com rigor técnico e visão estratégica, procurando sempre o equilíbrio entre a eficiência operacional e a optimização da experiência do cliente. Este compromisso traduz-se na adopção de práticas como a gestão inteligente do tráfego, com monitorização contínua de KPI críticos – incluindo latência, throughput e disponibilidade – e na aplicação de políticas de qualidade de serviço (QoS) que priorizam o tráfego e asseguram o cumprimento dos SLA definidos.
Complementarmente investimos em edge computing – nomeadamente para soluções em clientes empresariais –, modernização da fibra, expansão de estações base e soluções indoor e small cells. Estas iniciativas asseguram tempos de resposta reduzidos e desempenho optimizado em todo o território nacional.
Sendo um operador global, a elevada capilaridade da infraestrutura é um factor determinante nesta estratégia.
A rede de fibra óptica continua a ser uma prioridade nas zonas sem cobertura 5G?
Sim, a fibra óptica continua a ser central na nossa estratégia, nomeadamente em zonas rurais ou de baixa densidade populacional. Estamos a criar bases robustas para integração com o 5G e futuramente com o 6G, assegurando acesso universal a serviços digitais avançados.
Como contribui o 5G da MEO para a sustentabilidade e eficiência energética das empresas?
O 5G permite uma utilização mais eficiente da energia por unidade de tráfego, além de viabilizar soluções como automação inteligente e monitorização em tempo real. Isto traduz-se numa menor pegada carbónica e em redução de custos energéticos para os nossos clientes.
Qual é a estratégia da MEO para os próximos anos em termos de investimento e diversificação?
A nossa visão estratégica assenta na transição para um modelo techco, alicerçado num investimento contínuo em fibra óptica, 5G, cloud, inteligência artificial, cibersegurança e sustentabilidade. Em paralelo, estamos a expandir o nosso portefólio com soluções energéticas, mobilidade eléctrica, data centers de nova geração e parcerias internacionais que reforçam a nossa capacidade de inovação e escala.
O programa Horizon, apresentado em Julho, reflecte essa estratégia de transformação e adaptação aos desafios atuais, promovendo a sustentabilidade, a modernização organizacional e a valorização contínua das competências internas. Com esta abordagem integrada, ambicionamos consolidar uma posição de liderança europeia em qualidade de serviço, inovação tecnológica e transformação digital.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Comunicações e Redes (5G)”, publicado na edição de Setembro (n.º 234) da Executive Digest.
