Massachusetts Institute of Technology: Como os robôs podem melhorar a gestão dos seres humanos nas empresas

Num recente inquérito da McKinsey a empresas de todo o mundo, 88% dos inquiridos afirmaram que tencionam investir na robótica para a sua actividade. A nossa pesquisa revelou que está a ocorrer uma transformação igualmente, ou talvez mais, importante: a adopção de robôs melhora a capacidade das empresas para reconhecerem e recompensarem o bom desempenho dos colaboradores.

Em todas as organizações, os líderes enfrentam uma pergunta fundamental: como conseguimos obter o melhor dos nossos colaboradores? Um dos métodos mais comuns é oferecer recompensas monetárias – normalmente, prémios periódicos – que estão associadas ao desempenho. Esta prática baseia-se na ideia de que um melhor desempenho deve ser mais bem recompensado. Mas esta abordagem raramente é simples de implementar na prática, porque exige que o desempenho seja suficientemente bem determinado para ser avaliado eficazmente. Isto é difícil para a maioria das funções e ainda mais para os trabalhadores individuais. Uma vez que muito trabalho é realizado em equipas e os gestores não conseguem monitorizar a actividade específica de cada colaborador ou aferir com precisão o desempenho individual, muitas organizações optam por pagar prémios com base no desempenho da equipa ou da empresa, e não no desempenho individual.

AFERIR O DESEMPENHO HUMANO QUANDO OS COLEGAS SÃO ROBÔS

O que é que tudo isto tem a ver com robôs? Na nossa pesquisa, descobrimos que as empresas que adoptam robôs melhoram a sua capacidade de aferir o desempenho humano. Para exemplificar, digamos que trabalha numa equipa de duas pessoas. O seu chefe pode ver e determinar a vossa produtividade conjunta como equipa, mas não o que cada um de vós faz individualmente em cada momento. Em teoria, é suposto ambos contribuírem de forma igual; na prática, você faz a maior parte do trabalho, algo que não é visível para o seu gestor ocupado.

Depois, digamos que o seu colega de equipa é substituído por um robô. Como máquina, o robô é muito mais preciso e consistente na execução das suas tarefas e pode até fornecer dados sobre o seu desempenho durante o funcionamento. Por ser tão consistente e transparente, quaisquer interrupções ou picos de produtividade são claramente identificados como provenientes do robô ou de si. Se houver outros na sua organização que trabalhem com o mesmo tipo de robô de forma semelhante, é muito mais fácil ver como a produtividade individual deles varia da sua.

Por outras palavras, como os robôs são, pela sua própria natureza, muito mais consistentes e transparentes do que os humanos, a actividade humana torna-se mais fácil de observar se os robôs se juntarem à equipa. Quanto mais robôs existirem relativamente aos humanos, mais fácil será distinguir e aferir o desempenho individual dos humanos.

Num exemplo do mundo real, a unidade de reparação de uma grande empresa de produtos electrónicos sediada nos EUA registou uma melhoria drástica na sua capacidade de observar a produtividade dos trabalhadores após a implementação de robôs para ajudar os trabalhadores no processo de reparação. Uma vez que os robôs, ao contrário dos humanos, não se cansam fisicamente durante a execução de tarefas repetitivas, conseguiram ter um desempenho mais consistente. Este facto reduziu a variação no processo de produção e permitiu aos gestores observarem mais claramente os comportamentos individuais dos trabalhadores. Muitos colaboradores seguiam um padrão regular de serem mais produtivos de manhã do que à tarde, com uma variação substancial na produtividade da tarde. Como resultado, muitos acabavam por ter mais reparações para terminar ao fim do dia, pois apressavam-se para cumprirem as suas quotas diárias. Esta “acumulação” de trabalho era particularmente problemática porque normalmente resultava em mais erros devido à pressa dos colaboradores.

A integração de robôs no processo de reparação facilitou o controlo da produtividade individual dos trabalhadores de duas formas. Em primeiro lugar, os robôs cometiam tipos de erros diferentes dos humanos. Os erros dos robôs eram consistentes, o que tornava os erros humanos mais fáceis de distinguir. Em segundo lugar, os próprios robôs forneciam dados precisos sobre o seu desempenho, facilitando o isolamento dos resultados de desempenho, tanto positivos como negativos, causados pelo comportamento humano. Esta capacidade de geração de dados permitiu aos gestores monitorizarem melhor a produtividade em geral e detectar mais facilmente os pontos fracos do processo de produção. Os directores da oficina de reparação, por exemplo, não tinham conhecimento da extensão do comportamento da tarde até os robôs terem sido incorporados no processo de produção. Assim que o problema foi claramente identificado, puderam reorganizar o processo de trabalho para reduzir os erros; as taxas de erro globais na unidade melhoraram desde então.

Estes tipos de melhorias na aferição do desempenho podem ter efeitos especialmente significativos na produtividade em combinação com incentivos baseados no desempenho. Se for mais fácil observar e aferir o desempenho de cada funcionário dentro das organizações, os bons desempenhos — que podem receber poucas recompensas ou reconhecimento devido a desafios na avaliação — tornam-se mais fáceis de identificar e recompensar, e os líderes podem realmente fazer melhor para obter o melhor das suas equipas. E foi exactamente isto que descobrimos na nossa pesquisa: as empresas que adoptam robôs têm também mais probabilidades de adoptar incentivos de prémios ligados directamente ao desempenho individual do que ao desempenho da equipa ou da organização. Uma melhor avaliação implica um aumento das recompensas para os bons desempenhos de uma organização e um local de trabalho mais produtivo. A utilização de robôs é mais justa para as pessoas que trabalham numa organização.

Os robôs estão a mudar a natureza do trabalho. Para além de eliminarem alguns postos de trabalho e criarem outros novos, estão também a alterar a capacidade das organizações para obterem o melhor dos seus colaboradores, bem como a maneira como vivemos o próprio trabalho. Os robôs oferecem uma excelente oportunidade para as empresas redesenharem as funções e responsabilidades dos humanos que trabalham com eles, dando a essas empresas vantagem competitiva sobre as rivais, não devido a uma tecnologia superior, mas devido a melhores processos. A revolução dos robôs não eliminará a necessidade de seres humanos. Pelo contrário, traz novos desafios e oportunidades para identificar, recompensar e gerir o talento humano.

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