Galp: Compromisso com a ecoeficiência

Vivemos tempos de mudança acelerada e de disrupção no sector energético. Não é um novo ciclo, é uma nova era, e sabemos que só podemos vencer este desafio com um mindset de inovação, capacidade de adaptação ao novo e mente aberta. Em entrevista, responsáveis da Galp explicam como a empresa está a materializar os seus compromissos de descarbonização através da integração da transição energética em todos os seus segmentos de negócio.

A transição energética que o nosso planeta exige é urgente e prioritária. Qual a vossa estratégia para assegurar a eficiência na utilização e gestão de recursos sob o compromisso da preservação do planeta?

A Galp está a materializar os seus compromissos de descarbonização através da integração da transição energética em todos os seus segmentos de negócio. Este é um movimento que permite alinhar o seu portefólio com a visão de neutralidade carbónica na Europa até 2050 e que levou já a empresa a assumir o objectivo de reduzir a intensidade das suas actividades em pelo menos 15% até 2030.

A diversificação do portefólio tem sido evidente à luz destes compromissos. Dos exemplos recentes que materializam a resposta aos desafios do presente e que posicionam a empresa como líder da transição energética rumo a um mundo mais sustentável, destacam-se:

  • A disponibilização de planos de electricidade 100% verde;
  • A aposta na startup Flow para se constituir como um sistema operativo global para a mobilidade eléctrica;
  • A criação de uma empresa – a EI, Energia Independente – para a venda de painéis solares que fomentem o autoconsumo de energia solar;
  • O estudo de soluções para posicionar a Galp nas cadeias de valor do hidrogénio verde ou para a cadeia de valor das baterias eléctricas.

Os resultados destes esforços são constantemente aferidos pelas entidades mais credíveis nesta área. A título de exemplo, a Galp é a empresa mais sustentável da Europa no seu sector e a terceira melhor a nível mundial, de acordo com os critérios do Dow Jones Sustainability Indices de 2020, repetindo neste ano a melhor pontuação dos quase 10 anos de presença constante nestes índices. Também o CDP classificou em 2020 a Galp entre as empresas de O&G que adoptaram de forma mais eficaz as melhores práticas em matéria de clima. A Galp atingiu nível de “Leadership” e classificação “A-”, superior tanto à média europeia de “C”, como à média “B” do sector de O&G mundial.

A empresa tem vindo a reforçar os seus investimentos em projectos de eficiência energética e ambiental. Quais os planos que têm em curso?

Existem três factores indispensáveis à operação Galp: a segurança das pessoas, a protecção do ambiente e dos activos. A crescente escassez de recursos coloca a sua gestão e utilização como um dos grandes desafios dos dias de hoje. Este desafio é assumido nas diferentes etapas das nossas actividades, desde a concepção e projecto, até ao fim da vida das instalações, equipamentos e produtos. Para tal, existe um compromisso com a ecoeficiência, a utilização eficaz de recursos, a minimização dos impactos negativos e a maximização dos benefícios ambientais, técnicos e económicos.

Fruto deste compromisso, não só em matéria ambiental, a empresa viu novamente reconhecida a excelência operacional da sua gestão integrada através da obtenção da certificação do seu Sistema de Gestão Integrado (SIG) de Ambiente, Qualidade, Segurança, Energia e Responsabilidade Social que, desde 2020, integrou também a dimensão de Continuidade do Negócio segundo a norma ISO 22301.

A Galp encontra-se também empenhada em ter um papel determinante na transição energética, tendo anunciado em 2020 importantes investimentos em energias renováveis e metas de redução da intensidade carbónica do seu portefólio de produtos energéticos.

A Galp tornou-se a maior produtora de energia solar da Península Ibérica. Este é um passo significativo na concretização do compromisso para uma transição rumo a uma economia de baixo carbono?

A conclusão, em 2020, do acordo para a aquisição de um portefólio de energia solar em Espanha é de facto um marco no caminho para a descarbonização. A Galp passou na altura a ser o principal operador solar na Península Ibérica detendo cerca de 1 GW em produção e um conjunto de projectos de elevada qualidade em desenvolvimento perfazendo cerca de 3,7 GW no total. Será um dos pilares do seu caminho na transição energética. Em 2021 será dada sequência a esta estratégia definida no âmbito da transição energética e que tem nas energias renováveis um dos seus pilares fundamentais.

O arranque, da construção, em Maio, do primeiro grande projecto de energia solar fotovoltaica em Portugal, no concelho de Alcoutim, é outro passo muito claro do empenho da Galp na concretização dos seus compromissos com a transformação do sector energético do país para um modelo mais sustentável. O projecto, com uma potência total instalada prevista de 144 megawatts, compreende quatro centrais fotovoltaicas que se estendem por uma área de 250 hectares. A capacidade de produção anual estimada é de 250 mil megawatt/ hora de energia eléctrica, o suficiente para abastecer mais de 80 mil famílias e evitar a emissão de 75 mil toneladas de CO2 por ano.

Foi esta estratégia que permitiu à Galp integrar o Top10 mundial dos pares em termos de capacidade renovável e ser um dos principais players quando comparamos em termos relativos o pipeline de capacidade a instalar por capitalização bolsista. Ainda recentemente essa realidade foi atestada, de novo, pela Bloomberg, que a destacou como a segunda melhor empresa de Oil&Gas a nível mundial na liderança da transição energética.

Ainda muito recentemente, em Fevereiro, foi dado outro passo muito concreto nesse caminho: a Galp tornou-se na primeira empresa portuguesa certificada pelo International Sustainability & Carbon Certification a produzir GPL a partir de matérias biológicas, iniciando assim o processo de descarbonização de uma fonte energética que é já uma das mais eficientes disponíveis no nosso país.

O objectivo da Galp é permitir às empresas e seus clientes reduzirem a sua pegada ecológica e os seus custos, de forma simples e eficiente. Como é que isto pode ser feito?

Vivemos tempos de mudança acelerada e de disrupção no sector energético. Não é um novo ciclo, é uma nova era, e sabemos que só podemos vencer este desafio com um mindset de inovação, capacidacapacidade de adaptação ao novo e mente aberta. Toda a indústria energética, a nível global, terá de abraçar uma profunda transformação para alcançar os objectivos traçados pelo Acordo de Paris. Essa preocupação existe e tem um impacto já muito concreto nas estratégias que estão a ser implementadas e nos compromissos assumidos pelas empresas.

Reflexo disso foi o acordo assinado pela Galp e por outras sete das principais empresas mundiais de energia – BP, Eni, Equinor, Occidental, Repsol, Royal Dutch Shell e Total – com o objectivo de aplicar seis Princípios de Transição Energética à medida que desempenham os seus papéis neste desafio.

Esta abordagem colaborativa conjunta foi recebida de forma positiva pelos investidores que lideram a interacção com empresas do sector através da Climate Action 100+ e confirma que a sustentabilidade já é hoje uma premissa central nas estratégias empresariais.

O compromisso que a Galp assumiu em relação à transição energética tem, naturalmente, declinação prática na sua abordagem ao mercado e reflecte-se na oferta de soluções que permitem aos clientes, sejam eles famílias ou empresas, reduzirem também a sua pegada ecológica.

Desde sempre, a Galp assumiu um papel de referência na mobilidade eléctrica em Portugal e actualmente dispõe da maior rede de pontos de carregamento rápido. O que gostariam de destacar ao nível de carregamentos rápidos, transações de carga eléctrica, etc?

A mobilidade sempre esteve directamente relacionada com a actividade da Galp, sendo uma das faces mais visíveis junto do cliente final por força de uma rede de áreas de serviço de elevada capilaridade. O objectivo é bastante claro e em nada diferente do que levou a empresa a assumir-se como o player de referência no sector dos combustíveis: fornecer a energia na forma e localizações que os seus clientes necessitam para assegurar as suas deslocações.

Desde que, em 2010, disponibilizou o primeiro ponto de carregamento rápido numa área de serviço na Europa, a Galp participou activamente no desenvolvimento da mobilidade eléctrica em Portugal. A electrificação do transporte é, já hoje, uma realidade incontornável. Considerando os inúmeros modelos que já têm data de apresentação ao mercado, tanto das marcas tradicionais como de novas marcas exclusivamente eléctricas, assim como a evolução esperada ao nível da autonomia, potência de carregamento e custo das baterias, levará a uma presença cada vez maior da mobilidade eléctrica no parque automóvel, com especial destaque para os principais centros urbanos. Como fornecedor de referência de energia para a mobilidade, esta é uma área que faz naturalmente parte da estratégia da empresa.

Por isso, a rede Galp Electric conta já com 69 Pontos de Carregamento Rápido (carregadores), incluindo o primeiro ponto de carregamento ultrarrápido do mercado, e 472 Pontos de Carregamento Normal (tomadas) em operação na rede pública de carregamento. Considerando que a maior parte dos PCR permitem o carregamento simultâneo de duas viaturas, a sua rede de carregamento tem, em Março de 2021, a capacidade de carregar 586 veículos eléctricos em simultâneo.

No final de Março, existiam já 60 áreas de serviço Galp com pontos de carregamento rápido e, nos próximos meses esse número irá aumentar, tanto nos centros urbanos como nas principais auto-estradas, com pontos de carregamento rápido e ultrarrápido.

Realizaram recentemente uma parceria com a Habitat Invest para levar a mobilidade eléctrica para condomínios. É um novo foco na vossa estratégia na área da mobilidade?

A rede de carregamento eléctrico deverá ser complementar, disponibilizando vários tipos de soluções e em diferentes localizações. O carregamento em locais onde os veículos permanecem longos períodos estacionados como em casa e no trabalho são essenciais para a mobilidade eléctrica mas, sobretudo os edifícios habitacionais, não deixam de ser uma das peças mais complexas deste puzzle da mobilidade eléctrica. Por essa razão, estamos a avançar com parceiras para a implementação de soluções de mobilidade eléctrica adaptadas às especificidades de cada edifício, sobretudo as relacionadas com a instalação eléctrica existente, e às necessidades e preferências dos clientes. Foi neste contexto que nasceu a parceria com a Habitat Invest que partilha os mesmos objectivos de mobilidade sustentável e de disponibilização de soluções inovadoras. Os primeiros projectos arrancam já este ano, num total de 250 parqueamentos preparados para carregamento de veículos eléctricos em três empreendimentos em Lisboa e inclui ainda a disponibilização de soluções de mobilidade partilhada em condomínios.

A Flow é parte fundamental da estratégia da Galp em apostar de forma decisiva em novas formas de mobilidade?

A Galp assumiu desde o início que quer ser líder na oferta de soluções para a gestão de frotas eléctricas, sejam empresariais ou municipais, por exemplo. E a Flow é uma peça central nessa estratégia. Existe um compromisso claro com o futuro da mobilidade e uma expectativa de ser também líderes pelo exemplo, desafiando empresas e cidades a abraçarem, com a Flow, os paradigmas do Software as a Service (SaaS) e da Mobility as a Service (MaaS). Com a sustentabilidade, flexibilidade e facilidade de acesso como princípios fundamentais para revolucionar a mobilidade urbana.

Este projecto é um exemplo claro da forma como a Galp está a posicionar-se para construir novos modelos de negócio, seja em parceria ou incorporando estruturas ágeis e equipas independentes, com as ferramentas, a visão e a capacidade para crescer de forma muito rápida e sustentável.

As prioridades para as novas actividades e novos modelos de negócio estão muito bem definidas: manter uma visão ampla e com diversidade tecnológica, ter um claro foco na geração renovável, reforçar o poder dos consumidores, e liderar nas novas formas de mobilidade. A Flow é uma peça chave nesse caminho.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Ecologia, Eficiência Energética e Energias Renováveis”, publicado na edição de Abril (n.º 181) da Executive Digest.

Ler Mais