Da Tailândia à Nigéria. Há países que não querem esperar pelas vacinas das superpotências

Desde cedo que superpotências como os Estados Unidos, a Europa e a China se estão a preparar para obter ou desenvolver potenciais vacinas contra a covid-19. Actualmente, várias ‘candidatas’ já se encontram em fases avançadas, o que desencadeou preocupações entre os países mais pobres, que temem ser deixados para trás.

Neste sentido, dezenas de laboratórios, investigadores e empresas desde a Tailândia à Nigéria estão a iniciar o seu próprio trabalho de vacinação.

Entidades como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Coligação para as Inovações de Preparação para as Epidemias (CEPI) e a Aliança Global para a Vacinação (GAVI) estão a trabalhar para assegurar que a cobertura de uma vacina se estenda além do mundo desenvolvido.

No entanto, no surto de gripe suína de 2009, as vacinas pandémicas mal conseguiram ultrapassar o topo da lista dos países ricos.

Uma reportagem da ‘Bloomberg’ avança que quando a covid-19 surgiu em Buenos Aires, em Março, Juliana Cassataro, cientista da Universidade Nacional de San Martin (na capital da Argentina), e os seus colegas ficaram preocupados, mas quiseram usar desde logo os seus conhecimentos sobre vacinas para ajudar no combate à pandemia.

Determinada a dar à América Latina a sua própria protecção contra o vírus, a equipa de Cassataro rapidamente começou a trabalhar. Uma subvenção governamental de 100.000 dólares em Maio pagou os estudos iniciais, e os ensaios clínicos em humanos poderiam começar dentro de cerca de seis meses.

Acompanhar as grandes farmacêuticas pode ser difícil, especialmente se uma vacina aprovada estiver disponível. Mas se o trabalho desenvolvido não resultar num tratamento eficaz contra a covid-19, poderá, ainda assim, ser útil para futuros surtos.

De acordo com a OMS, a vacina argentina está entre as cerca de 170 a avançar a nível mundial.

A urgência está, aliás, a aumentar em todos os países em desenvolvimento. As infecções na Argentina ultrapassaram as 350.000, com o número de mortes a subir para mais de 7.000. O Brasil, segundo país mais afectado pela pandemia em todo o mundo, tem 3,6 milhões de casos. A Índia também já ultrapassou os 3 milhões. E a África do Sul, com 600.000 infecções, tornou-se uma região ‘propícia’ para testes de vacinas.

Uma das vacinas em fase mais avançada fora do ‘mundo rico’ está na Tailândia. Os cientistas da Universidade de Chulalongkorn tencionam iniciar testes em humanos já em Setembro. Se for bem sucedida, a equipa tailandesa pretende introduzir uma vacina no país até à segunda metade de 2021.

A América Latina obteve algum ‘alívio’ no início deste mês quando a Argentina e o México chegaram a acordos para produzir até 250 milhões de doses iniciais da vacina experimental da AstraZeneca, um esforço apoiado pela fundação do bilionário Carlos Slim. A China também se ofereceu para emprestar aos países da América Latina e das Caraíbas mil milhões de dólares para a compra de vacinas.

No entanto, pode levar até ao final do próximo ano para que as primeiras doses de vacinas sejam distribuídas por todo o mundo. E não é claro se os primeiros classificados vão ser aprovados ou quão eficazes vão ser contra o novo coronavírus.

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