Três fases, fim das hostilidades e só depois libertação de reféns: Conheça os detalhes da nova proposta radical de Israel para o cessar-fogo em Gaza

O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou uma proposta de acordo de cessar-fogo e libertação de reféns com o grupo Hamas. Segundo um relatório do Channel 12 divulgado na segunda-feira, a proposta parcialmente divulgada inclui um compromisso de Israel em encerrar a guerra em Gaza antes da libertação de todos os reféns.

O Channel 12 apresentou detalhes extensos do que diz ser a proposta de Israel datada de 27 de maio, sem citar fontes ou explicar como obteve o documento.

Contrariamente ao que Netanyahu tem afirmado publicamente, o documento de quatro páginas aparentemente não prevê a eliminação do Hamas como força governante em Gaza. Pelo contrário, inclui um compromisso de Israel em encerrar as hostilidades antes da libertação completa dos reféns, segundo o relatório, o que representa uma mudança radical na posição de Israel.

Detalhes da Proposta

A proposta intitulada “Princípios Gerais para um acordo entre o lado israelita e o lado palestiniano em Gaza sobre a troca de reféns e prisioneiros e a restauração de uma calma sustentável” contém 18 cláusulas e detalha três fases de um acordo. Este fornece a imagem mais detalhada até à data das propostas de Israel, às quais o Hamas ainda não respondeu formalmente.

Fase 1: Libertação Inicial de Reféns e Prisioneiros

Segundo o relatório, na primeira fase, o Hamas libertaria todas as mulheres reféns — incluindo soldados —, além de homens com mais de 50 anos e civis doentes e feridos, totalizando 33 reféns. Em troca, Israel libertaria 30 prisioneiros de segurança palestinianos por refém, ou 50 por soldado feminino, com os prisioneiros pertencendo ao mesmo grupo (mulheres, crianças, idosos, etc.) que os reféns que seriam trocados.

Os reféns seriam libertados em etapas ao longo de seis semanas:

  • Três reféns femininos civis no primeiro dia.
  • Quatro reféns femininos civis no sétimo dia.
  • Três reféns israelitas a cada sete dias subsequentes, começando com mulheres — civis ou soldados — até que todos os reféns vivos sejam libertados.

Durante a sexta semana da primeira fase, após a libertação de Hisham al-Sayed e Avera Mengistu, Israel libertaria 47 palestinianos que foram libertados no acordo de Gilad Shalit de 2011 e que foram novamente presos, bem como todas as mulheres e crianças palestinianas menores de 19 anos detidas em Gaza desde 7 de outubro.

Fase 2: Negociações Indiretas e Continuação do Cessar-Fogo

No máximo até o 16º dia da primeira fase, começariam as negociações indiretas sobre os detalhes da troca que ocorreria na segunda fase. Esta fase duraria 42 dias e incluiria:

  • A restauração de uma calma sustentável (cessação permanente das hostilidades militares).
  • A retirada completa das forças israelitas da Faixa de Gaza.

O documento especifica que todos os procedimentos, incluindo a cessação temporária das operações militares por ambas as partes, continuariam na fase 2 enquanto as negociações estiverem em andamento.

Fase 3: Troca Final de Reféns e Prisioneiros

Na terceira fase, todos os restantes reféns seriam libertados e haveria uma troca final de prisioneiros. Este processo incluiria:

  • Libertação de todos os soldados e homens restantes como parte da troca final de reféns e prisioneiros.

Reação do Governo

Em resposta ao relatório do Channel 12, o Gabinete do Primeiro-Ministro afirmou que “o documento apresentado está incompleto e induz o público em erro.” Afirmou ainda que Israel não terminará a guerra até que todas as suas condições sejam cumpridas, incluindo a eliminação das capacidades militares e governamentais do Hamas, a libertação de todos os reféns e a garantia de que Gaza nunca mais representará uma ameaça a Israel.

Contexto do Conflito

O conflito em Gaza teve início a 7 de outubro, quando o Hamas lançou um ataque contra o sul de Israel, resultando na morte de cerca de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns. Estima-se que 116 reféns sequestrados pelo Hamas ainda estejam em Gaza — muitos deles mortos — após a libertação de 105 civis durante uma trégua de uma semana no final de novembro.

A proposta detalhada e a continuação das negociações destacam os esforços internacionais para pôr fim ao conflito e garantir a libertação dos reféns, com o apoio dos Estados Unidos sendo crucial neste processo.

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, durante sua oitava visita à região desde o início da guerra, reiterou a necessidade de o Hamas aceitar o plano, afirmando que tem amplo apoio internacional e foi aceito por Israel. “A minha mensagem aos governos de toda a região… se querem um cessar-fogo, pressionem o Hamas a dizer ‘sim’,” afirmou Blinken aos repórteres antes de deixar o Cairo.

A guerra, que já causou milhares de mortes e deslocou dezenas de milhares de pessoas, continua a ser uma das principais crises humanitárias e de segurança no Médio Oriente.

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