Marco Capitão Ferreira foi o autor de um “ensaio de ofício”, para ser enviado ao Tribunal de Contas, que lhe rendeu 61,5 mil euros: de acordo com o ‘Correio da Manhã’, o único trabalho documental feito no âmbito do contrato de assessoria celebrado com a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), em março de 2019, tinha apenas 27 linhas, o que equivale a cerca de 2,3 mil euros… por linha.
O texto foi enviado para a equipa negocial do contrato de manutenção dos helicópteros Eh-101, da qual fez parte Capitão Ferreira, numa altura em que não tinha assinado o referido contrato com a DGRDN.
O email, de 24 de março, a Carlos Alberto Mendes, presidente do júri da equipa de avaliação, tinha por título “Primeiro ensaio de ofício ao TContas” e continua cinco parágrafos, nos quais Capitão Ferreira salientou “a criticidade do mesmo [contrato] para a prossecução de interesses essenciais de segurança do Estado português”.
Três dias antes de celebrar o contrato com a DGRDN, Capitão Ferreira participou numa reunião da equipa de avaliação e negociação da proposta para um contrato de manutenção dos helicópteros – a ata da reunião, a 22 de março, foi assinada por Capitão Ferreira, na qualidade de consultor de apoio ao júri da equipa de avaliação e negociação.
Marco Capitão Ferreira demitiu-se a 7 de julho último e foi constituído arguido no âmbito da operação ‘Tempestade Perfeita’ que envolve altos quadros da Defesa. No mesmo dia, o Ministério da Defesa anuncia que a Polícia Judiciária e o Ministério Público fizeram buscas nas instalações da Direção-geral de Recursos da Defesa Nacional, “no âmbito de averiguações a atos praticados entre 2018 e 2021”.
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