Robots vão mudar o mundo do trabalho. Saiba os empregos que se vão perder e os que vão resistir

A automatização é uma realidade que afeta cada vez mais empresas e empregos em todo o mundo. Num futuro não muito longínquo, há trabalhos que vão ser ‘absorvidos’ por robots, mas vão ser criados outros e há ainda alguns que vão resistir. O CincoDías relata que a pandemia veio acelerar a automação e que vai ser inevitável a coexistência entre humanos e robots nos locais de trabalho.

“As empresas estão a planear um futuro no qual mais pessoas trabalharão a partir de casa (e cada vez menos se deslocarão para o escritório); no qual haverá cada vez menos viagens de negócios; e no qual um número crescente de trabalhadores será substituído por robôs, implicando uma automatização contínua das funções de apoio ao escritório e alguns empregos de fábrica”. Estas previsões foram publicadas há um mês pelo The Washington Post, citando aquelas que o fundador da Microsoft, Bill Gates, já tinha avançado antes.

Com base num estudo do The McKinsey Global Institute, o The Post previu que milhões de empregos que foram eliminados pela pandemia não vão voltar, devido, em parte, à crescente automatização.

Um relatório publicado na semana passada pelo MIT Sloan Management Review explica que as empresas estão a responder ao fenómeno da automação com quatro estratégias. A primeira é não fazer nada, ou porque não se acredita que as mudanças sejam assim tão próximas, ou porque as organizações estão confiantes de que vão conseguir adaptar-se ao longo do tempo.

A segunda estratégia prende-se com o facto de algumas empresas quererem requalificar os funcionários e não terem a certeza das competências específicas necessárias para os empregos do futuro, no entanto, estão confiantes de que serão orientadas digitalmente.

A terceira estratégia baseia-se na tarefa difícil de prever quais serão as profissões do futuro. Algumas empresas tentam perceber quais são os empregos mais suscetíveis de serem afetados pela inteligência artificial, para compreenderem que competências e trabalhos serão substituídos.

Para a quarta e última estratégia, em vez de prever que postos de trabalho vão mudar, algumas empresas ajudam os seus empregados a decidir quais serão os seus percursos profissionais. Desta forma, os trabalhadores ficam habilitados a fazer as mudanças desejadas nos seus empregos. Empresas como a Unilever, por exemplo, ajudam os funcionários a escolher as profissões-alvo e a compreender as competências necessárias para as alcançar.

Automação afeta 85 milhões de empregos até 2025

Há um ano, no auge da pandemia, os peritos presentes no Fórum Económico Mundial concluíram que a automatização de muitas profissões está a avançar muito mais rapidamente do que o esperado, afetando 85 milhões de empregos em todo o mundo até 2025.

A automação, combinada com a recessão gerada pela covid-19, vai levar a mudanças muito mais poderosas do que as esperadas, e a adoção de tecnologia pelas empresas vai causar transformações profundas nos perfis, tarefas, empregos e competências necessárias.

Isto é consistente com as descobertas de Martin Ford, o autor futurista de ‘Rise of the Robots: Technology and the Threat of a Jobless Future’, que explica que “os empregos com maior risco de desaparecer, vítimas da automação, são aqueles com níveis mais elevados de rotina e que são repetitivos e previsíveis”.

A chave, segundo o autor, passa pela adaptação à coexistência com os robôs, que vai obrigar os trabalhadores a reinventarem-se profissionalmente.

Empregos que se podem perder

  • Analistas de crédito;
  • Avaliadores de candidaturas a seguros;
  • Trabalhadores da construção civil;
  • Classificadores de reciclagem;
  • Vendedores a retalho;
  • Secretários e assistentes administrativos;
  • Empregados de mesa;
  • Cozinheiros;
  • Representantes de vendas grossistas;
  • Agentes imobiliários e de vendas;
  • Trabalhadores agrícolas diversos;
  • Assistentes jurídicos;
  • Carteiros;
  • Serviços de preparação e combinação de alimentos, incluindo fast-food;
  • Introdução de dados, incluindo para registos eletrónicos;
  • Rececionistas de linha de frente;
  • Supervisores de limpeza e empregados de limpeza.

Nestes casos, a automação e a tecnologia serão o substituto para a redefinição de papéis. Não serão tarefas físicas, com pessoas, mas sim através da utilização de ecrãs móveis ou tácteis que permitem a interação para solicitar serviços.

É evidente que ainda haverá pessoas, mas o perfil será semelhante ao dos assistentes ou gestores de experiência, que se concentram na experiência do cliente.

Empregos que podem nascer

De acordo com o Fórum Económico Mundial, “em menos de cinco anos, os empregadores estarão a dividir o trabalho quase igualmente entre seres humanos e máquinas”.

Mas esta revolução robótica vai também criar 97 milhões de novos empregos. A inevitável transformação, que exigirá uma reinvenção profissional nunca antes vista, fará emergir novos perfis tecnológicos que terão a ver com:

  • Inteligência artificial;
  • Criação de conteúdos;
  • Economia verde;
  • Economia de dados;
  • Novas funções de engenharia;
  • Computação em nuvem;
  • Desenvolvimento de produtos;
  • Perfis de marketing e vendas;
  • Novos modelos de atividade e emprego;
  • Nova economia de cuidados (saúde, medicina e cuidados para os idosos).

Empregos que podem resistir

Os especialistas apontam para algumas posições a salvo da automatização:

  • Terapeutas recreativos, que criam e gerem programas recreativos em hospitais ou comunidades de reforma;
  • Diretores de gestão de emergência;
  • Especialistas em saúde mental e abuso de substâncias;
  • Audiologistas, que diagnosticam e tratam a perda auditiva e problemas relacionados;
  • Terapeutas ocupacionais.
  • Cirurgiões maxilofaciais.
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