Hoje é dia de greve de funcionários judiciais: Julgamento dos ativistas da Climáximo entre as diligências afetadas

O Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) marcou uma greve nacional e concentrações para hoje, perante a ausência de qualquer calendário negocial ou proposta para responder às reivindicações do setor na reunião com a ministra da Justiça.

“Em todas as outras áreas, nas reuniões com outros ministros, houve uma calendarização e só no nosso caso não houve absolutamente nada. Portanto, vamos seguir a recomendação do Presidente da República e não deixar cair a causa”, disse à Lusa o presidente do SFJ, António Marçal, sobre a justificação da greve agendada para esta quarta-feira.

À greve nacional juntam-se concentrações à porta dos tribunais, entre as 08:30 e as 11:00, no Porto e em Lisboa, frente ao Campus de Justiça.

Para 07 de maio está já também marcada uma concentração frente ao Ministério da Justiça, no Terreiro do Paço, em Lisboa, de delegados sindicais, entre as 08:30 e as 14:00.

“Se não houver resposta por parte do Governo iremos intensificar a luta”, garantiu António Marçal, que já à saída da reunião com a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, na passada semana, tinha afirmado que as greves nos tribunais “estão para ficar”, após um encontro sem qualquer resultado face às expectativas dos sindicatos.

“Parece que mudou o Governo, mas se mantém a atitude”, criticou o presidente do SFJ.

Julgamento de ativistas pelo clima suspenso de novo devido a greve
A audiência desta terça-feira do julgamento dos ativistas ambientalistas que bloquearam a avenida Engenheiro Duarte Pacheco, em Lisboa, em dezembro de 2023, foi adiada devido à greve dos funcionários judiciais, disse à Lusa uma funcionária do tribunal. Estava marcada nova sessão para esta quarta-feira, que também deverá ser afetada.

Esta foi já a segunda vez que o julgamento sofreu um atraso devido à greve dos funcionários judiciais, após a sessão de julgamento de segunda-feira à tarde, que seria dedicada à inquirição de testemunhas, ter sido suspensa também devido à greve destes profissionais, que estão em luta há muitos meses por questões salariais e de carreira.

No início do julgamento, na manhã de segunda-feira, os ambientalistas do grupo Climáximo, na sua grande maioria jovens e que estão acusados dos crimes de “interrupção das comunicações” e de “desobediência civil”, foram identificados pelo tribunal de pequena instância criminal e manifestaram a intenção de prestar declarações.

No entanto, quando se apercebeu de que cada um deles queria ler um manifesto contra pessoas e empresas responsáveis pelo colapso ambiental, o juiz impediu-os de o fazerem, por estar fora do objeto do processo.

Na altura, a defesa dos arguidos ainda contrapôs que o “processo tem a ver com questões climáticas”, mas o juiz não aceitou a leitura dos manifestos.

Dez dos 11 ativistas acusados que compareceram no primeiro dia de julgamento alegaram em sua defesa que não ouviram a ordem da PSP para dispersarem do local.

Essa versão foi contrariada por três agentes da PSP, que no entanto tiveram dificuldade em identificar a quem individualmente transmitiram essa ordem de dispersão, sob pena de os ativistas cometerem o crime de desobediência.

No final dessa sessão, a ativista e arguida Maria Mesquita, como porta-voz dos restantes, criticou o facto de o juiz não ter permitido aos acusados fazerem declarações em defesa do clima, alegando que era importante explicar que “a motivação” por detrás do bloqueio de estrada foi lutar e alertar a sociedade para o colapso e a crise climática que coloca em perigo a vida das pessoas e dos seus familiares.

Segundo Maria Mesquita, o que os ativistas fizeram “não foi um ato de vandalismo“, mas uma forma de chamarem a atenção para o problema da crise climática e para a necessidade de haver uma “guerra declarada” contra as empresas que estão a matar o planeta.

A ativista reiterou que o Climáximo vai continuar as suas ações de protesto e que as “Assembleias de Abril” criadas pelo movimento irão debater esta semana quais as prioridades e as medidas a encetar na defesa do ambiente.

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