Gémeas luso-brasileiras: Documentos revelam que foi um secretário de Estado da Saúde que marcou consulta no Santa Maria

Terá sido um secretário de Estado da Saúde quem pediu a marcação de consulta no Hospital de Santa Maria para as gémeas luso-brasileiras que viriam a ser tratadas naquela unidade hospitalar com o zolgensma, o medicamento mais caro do mundo, num tratamento que custou 4 milhões de euros aos cofres do Estado.

No historial clínico das meninas, que consta do processo que está no Hospital de Santa Maria e a que a SIC teve acesso, está indicado que as gémeas foram observadas em consulta a 2 de janeiro de 2020, após uma primeira consulta com o pai, em dezembro do ano anterior, e solicitada ao departamento do hospital pelo secretário de Estado da Saúde.

Na altura a ministra da Saúde era Marta Temido, que contava com dois secretários de Estado, um dos quais António Lacerda Sales.

O antigo governante negou já qualquer envolvimento. “Nenhum secretário de Estado, nem ninguém, tem poder para marcar consultas, como é obvio, nem para influenciar ou violar, quer a consciência, quer a autonomia de qualquer médico. Seria muito mau que qualquer médico, no seu compromisso ético, se deixasse influenciar por alguém exterior à instituição”, considerou Lacerda Sales esta terça-feira, questionado sobre o caso.

No processo das gémeas indica-se que o medicamento é “imprescindível”, já que não existem outras alternativas terapêuticas. As meninas, que sofrem de atrofia muscular espinhal, estavam a ser tratadas no Brasil com outro medicamento, mas vieram para Portugal com o objetivo de tomarem o zolgensma.

O pedido do medicamento, de dois milhões de euros de tratamento para cada uma das crianças, ficou decidido numa reunião com o diretor clínico do Santa Maria, sendo que foi aprovado com a justificação de as meninas terem critério clinico para receber o fármaco em causa.

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