“Estou sempre próximo dos clientes para identificar novas oportunidades”: António Sousa, Ascenza

Natural do concelho de Cabeceiras de Basto, António Sousa é formado em agronomia pela Universidade de Santiago de Compostela e pela Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. Posteriormente, obteve também uma pós-graduação em desenvolvimento local na UTAD. O seu início da carreira profissional foi ao serviço da ciência, desenvolvendo projectos de investigação na área dos fertilizantes orgânicos. Em 2008, António abraçou um projecto profissional na Roménia na área do agronegócio que lhe permitiu aprofundar conhecimentos na área da produção, trading de commoditties agrícolas e, sobretudo, no desenvolvimento de negócios. Desde 2016, que está responsável pelo negócio da ASCENZA (ex SAPEC AGRO) no território dos Balcãs, sobretudo na Roménia (onde estabelecem já uma subsidiaria) mas também na Bulgária, Grécia, Moldávia e Chipre. António Sousa é membro do Conselho da Diáspora Portuguesa desde 2023.

O que diz ANTÓNIO…
Assegurar alimentação necessária para uma população mundial que cresce de forma galopante é uma das coisas que mais o fascina na indústria em que trabalha. 

Como surgiu o desafio de trabalhar para a Ascenza na Roménia?
Eu estava já a trabalhar na Roménia desde 2008 noutras empresas em diferentes sectores, mas sempre ligado ao Agronegócio. A Ascenza nessa altura estava a implementar uma cmudança na estratégia e na equipa e fui convidado pela direcção a abraçar o projecto de desenvolver o negócio na Roménia, Bulgária e Grécia.

Aceitou de imediato? Porquê?
A Ascenza fez em certo modo parte das minhas vivencias de infância e adolescência uma vez que vivia ao lado de um dos seus distribuidores. Foi ainda mais fácil aceitar este desafio quando fui confrontado com a evolução da empresa e os investimentos que estavam a ser feitos no futuro do negócio, mas, foi sobretudo a confiança e autonomia que a direcção depositou em mim que mais contribuíram para rapidamente aceitar o desafio. 

Quais as suas principais funções?
Como Country Manager, sou responsável pela gestão da equipa, da definição e implementação da estratégia, pelas actividades comerciais e também a performance do negócio. Estou sempre próximo dos nossos clientes para identificar novas oportunidades para impulsionar e crescer a nossa presença no território. Outro papel importante que desempenho é o de ser o representante da Ascenza junto das autoridades romenas e na Associação da Indústria.

O que mais a fascina na indústria em que trabalha?
Identifico-me plenamente com a missão e os valores da Ascenza. O papel que desempenhamos na sociedade ajudando agricultores a produzir mais, de forma mais sustentável e a preços acessíveis, para assegurar alimentação necessária para uma população mundial que cresce de forma galopante. Poder em cada dia cuidar das plantas, pessoas e planeta é apaixonante.

É na Roménia que passa grande parte do tempo de trabalho? Como é o seu dia-a-dia?
Hoje o negócio da Ascenza já abrange mais países do que em 2016 quando abracei este projecto, mas a Roménia continua a ser onde passo a maior parte do tempo. Os dias são normalmente longos, mas tento sempre que possível equilibrar a vida familiar com a vida profissional. O dia de trabalho começa sempre a fazer o ponto de situação com a equipa das actividades comerciais para identificar as dificuldades, mas também as oportunidades e definir planos de acção para mitigar as dificuldades e transformar as oportunidades em negócio. Normalmente sou uma pessoa que está grande parte do tempo fora do escritório quase sempre no terreno a acompanhar as equipas ou com os nossos clientes a fortalecer relações.

Quais as principais diferenças ao nível da metodologia de trabalho que encontrou ao mudar-se para a Roménia?
Estando há já mais de 15 anos a trabalhar na Roménia permitiu-me vivenciar uma série de mudanças nas metodologias de trabalho. Se em 2008 logo após a adesão à UE a burocracia excessiva e era quem dava o tom nas metodologias de trabalho, hoje encontramos uma realidade bastante diferente. Nós portugueses até temos muito em comum com os romenos e não falo só do Idioma, mas há algumas pequenas nuances que fazem muita diferença no modo como encaramos o dia-a-dia. Se tecnicamente estamos ao mesmo nível, eles são mais pragmáticos e ágeis que nós pelo que a mudança é mais sistemática e acontece mais rapidamente. E não colocam um foco excessivo no micro management. 

O que é que a Roménia lhe tem vindo a ensinar sobre Gestão de Pessoas?
Num mercado em que a falta de mão de obra é um dos sectores que está a limitar ainda mais o crescimento da economia, tornou-se importante saber gerir os talentos que temos e formamos dentro da nossa equipa. É fundamental que cada um dos colaboradores esteja motivado e que não se sintam apenas um número dentro da organização. Nós somos uma equipa pequena, mas onde todos contamos independentemente do nosso papel dentro da organização.  Todavia o mercado de trabalho no Agronegócio é bastante dinâmico e quando não conseguimos reter um talento dentro da organização, o novo que o irá substituir é normalmente mais caro e o impacto não vai ser sentido no imediato, daí a necessidade de ter bem definidos planos de sucessão para mitigar a perda de talentos.

Qual a sua filosofia de Gestão?
Existem várias filosofias de gestão, e as organizações muitas vezes desenvolvem as suas abordagens únicas com base nos seus valores e objectivos. Eu sou uma pessoa positiva, futurista com uma autoconfiança e autoestima elevadas que gosto de promover o relacionamento interpessoal. A minha filosofia de gestão assenta sobretudo em princípios de ética, de colaboração contínua e orientado para os processos e resultados. 

Estando a viver tão longe de Portugal, como é que “mata saudades” do nosso País?
Longe acaba sempre por ser um conceito relativo e as saudades nunca se matam apenas as enganamos. O facto de ter a minha esposa e filhos junto de mim em Bucareste contribui de certa forma por sentir Portugal dentro de casa. As novas formas de comunicação contribuem para enganar a saudade, porém estão longe de substituir o calor de um abraço ou um beijo a um dos nossos familiares e amigos.  

 

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