Covid-19: Virologista de topo da OMS admite que teoria da fuga da Covid-19 de laboratório na China não devia ter sido desvalorizada

A virologista Marion Koopmans, membro da Organização Mundial de Saúde (OMS), considerou que o organismo nunca devia ter desvalorizado a teoria sobre a origem da pandemia da Covid-19 ter sido numa fuga do coronavírus de um laboratório chinês, em favor da teoria de Pequim, de que teria tido origem em alimentos congelados contaminados.

Koopmans, que é diretora do departamento de virologia do Centro Médicos Erasmus, em Roterdão, criticou que a OMS “não foi inteligente” em desvalorizar a teoria de fuga de laboratório como origem da Covid. “Não deviamos ter feito isso”, apontou à BBC.

A respeitada investigadora integrou a equipa de 12 especialistas escolhidos pela OMS para viajar para Whuan para descobrir a origem da pandemia, e que acabou por concluir que “todas as hipóteses se mantém em cima da mesa”.

No relatório inicial da equipa, de março de 2021, são listadas as teorias, da mais à menos provável. Consideravam na altura os investigadores da OMS como mais provável a origem natural da pandemia, de transmissão entre espécies até chegar aos humanos, e como menos provável a ideia de que a Covid-19 surgiu como pandemia após o agente patogénico escapar acidentalmente de um laboratório. Esta último hipótese foi considerada como “muito pouco provável”, algo que Marion Koopmans vem agora criticar.

“Todos somos influenciados. Eu sou influenciada pela teoria da origem natural da Covid-19, tendo em conta tudo o que vimos no passado”, explica, questionada sobre o facto de a teoria da fuga de laboratório, inicialmente apontada como uma teoria da conspiração, ter vindo a ganhar cada vez mais apoiantes entre a comunidade científica.

“Como cientista, olho para a literatura e obra existente para olhar para o que é possível, e acho que não devíamos ter descartado a hipótese por pressões políticas”, admitiu. Recorde-se que o Governo chinês alegadamente recusou discutir a teoria de fuga de laboratório da Covid-19 a não ser que o relatório da OMS estipulasse que mais nenhuma investigação seria necessária e não forneceu os dados pedidos pelos especialistas.

“Claro que não trabalhámos livres de pressões. O processo foi descarrilado, com certeza”, admite a cientistas, que termina lamentando que, enquanto cientista e não uma autoridade ou organismo com poder, tenha ação limitada.

“Eu sei que muitas pessoas querem dizer que tudo foi feito para encobrir o caso. Eu sei que têm havido muitas ações da China para controlar e suprimir a informação, mas o que posso fazer eu como cientista?”, questiona.

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