Anúncios da Shein podem ser proibidos em França: Parlamento vota a favor da repressão à moda ultrarrápida

O Parlamento francês votou, esta sexta-feira, a favor da repressão da moda descartável: o que significa que os anúncios de fast fashion poderão em breve ser proibidos em França, no âmbito de uma proposta legislativa para reprimir a indústria poluente e impor sanções ao vestuário de baixo custo para cobrir o seu impacto ambiental.

As medidas, apresentadas pela deputada Anne-Cécile Violland, vão agora passar ao Senado para nova votação. “Estou muito satisfeito com este grande avanço”, escreveu o ministro da Transição Ecológica, Christophe Béchu, na rede social ‘X’. “Foi dado um grande passo para reduzir a pegada ambiental do setor têxtil.”

“A moda ultrarrápida é um desastre ecológico: as roupas são mal feitas, amplamente compradas, raramente usadas e rapidamente jogadas fora”, precisou Béchu, que mostrou o seu apoio à proposta de proibição da publicidade de produtos de fast fashion, inclusive através de influencers nas redes sociais.

A marca Shein é especificamente visada na proposta francesa. “A Shein oferece 900 vezes mais produtos do que uma marca tradicional francesa”, referiu, acrescentando que a marca lança mais de 7.200 novos modelos de roupa por dia, num total de 470 mil produtos diferentes disponíveis. Isto permite à marca atrair uma vasta gama de clientes, alcançar “vastas economias de venda” e cobrar “preços cada vez mais baixos”, referiu, o que obriga as marcas de moda europeias a aumentar a sua produção para poderem competir.

A elevada rotatividade de artigos de moda baratos “influencia os hábitos de compra dos consumidores, criando impulsos de compra e a necessidade constante de renovação”, alertou a proposta.

Todos os anos, mais de 100 mil milhões de peças de vestuário são vendidas em todo o mundo, segundo a Agência Francesa de Gestão do Ambiente e da Energia (ADEME). Em França, no espaço de uma década, o número de roupas vendidas anualmente aumentou em mil milhões, atingindo 3,3 mil milhões de produtos ou mais de 48 per capita, de acordo com dados da ‘Refashion’.

A nível mundial, a indústria têxtil e do vestuário é responsável por cerca de 10% das emissões de gases com efeito de estufa, denunciaram as Nações Unidas – mais do que o total proveniente do transporte aéreo e marítimo. Também contribui para a poluição da água, 20% da qual é atribuível ao tingimento e processamento de têxteis, juntamente com os microplásticos libertados pelos materiais sintéticos quando são lavados.

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