Alarme na Rússia com possibilidade de cheias devastadoras causarem fuga radioativa nas minas de urânio

A medida que as cheias devastadoras avançam nas regiões russas dos Urais e no norte do Cazaquistão, uma preocupação crescente surge entre os ambientalistas: a possibilidade de uma fuga radioativa devido à aproximação das águas das cheias de uma mina de urânio em Kurgan, nas montanhas Urais da Rússia.

De acordo com relatórios recentes, estas áreas estão a enfrentar as piores cheias em oito décadas, impulsionadas por fortes e intensas chuvas e pelo rápido derretimento da neve, resultado de temperaturas acima da média nesta primavera. As autoridades já procederam à retirada de dezenas de milhares de residentes de Kurgan e Orenburg, à medida que as águas das cheias continuam a subir.

O site investigativo russo Agentstvo divulgou no domingo que a mina de urânio de Dobrovolnoye, situada na aldeia de Ukrainskoye no distrito de Zverinogolovsky de Kurgan, foi identificada pelas autoridades locais como estando numa zona de risco de inundação. Esta mina alberga aproximadamente 7.077 toneladas de urânio, com um teor que varia entre 0,01% e 0,05%, conforme indicado pela NS Energy Business.

Sergei Eremin, líder da Fundação pelo Controlo Público do Estado do Ambiente e pelo Bem-Estar da População, uma organização ambiental regional, expressou a sua preocupação, referindo que um vídeo gravado por um residente sugere que um antigo poço “que tem estado a vazar [urânio] há 35 anos” poderá já estar sob as águas.

Andrei Ozharovsky, especialista no programa de Segurança de Resíduos Radioativos da União Social-Ecológica Russa, destacou os riscos potenciais, afirmando que uma fuga de urânio da mina de Dobrovolnoye resultaria num aumento da concentração de sais de urânio no rio Tobol, o que poderia contaminar a água potável das comunidades locais.

Ambientalistas locais têm, há vários anos, vindo a pressionar as autoridades para proibirem a mineração de urânio na região de Kurgan, citando preocupações sobre a possível contaminação das águas subterrâneas e do rio Tobol.

A 17 de abril, as autoridades locais informaram a agência de notícias estatal russa RIA Novosti que o nível de água no rio Tobol tinha excedido o “nível perigoso”, aumentando 123 centímetros (4 pés) nas últimas 24 horas. Nesse momento, mais de 660 residências em Kurgan estavam inundadas.

O governador de Kurgan, Vadim Shumkov, fez um apelo veemente através do Telegram, afirmando: “Esta não é apenas uma cheia, é uma ameaça genuína! Por isso, levem as crianças, os idosos, familiares com mobilidade reduzida e vizinhos para um abrigo temporário ou para casa de amigos e conhecidos. Reúnam documentos e objetos de valor.”

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