O avanço descontrolado do contágio do vírus da Covid-19 na Índia, um país de 1,35 mil milhões de habitantes, tornou-se uma preocupação global devido ao receio de que novas variantes do SARS-Cov-2 surjam ou já tenham surgido.
A variante indiana do SARS-Cov-2, chamada B.1.617, foi detetada no país no final de março, com duas mutações: E484Q e L452R. Para além disso, a mutação foi encontrada em 17 países, como Portugal, Austrália, Bélgica, Alemanha, Irlanda, Namíbia, Nova Zelândia, Singapura, Reino Unido, Estados Unidos, entre outros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Ainda não há informações oficiais sobre se essa variante é a dominante no país, porém, alguns estudos científicos apontam nessa direção. Da mesma forma, a comunidade científica não conseguiu concluir se esta nova estirpe é mais contagiosa ou mais letal, o que poderia explicar a situação crítica do país.
Apesar de a comunidade científica não dispor de dados para determinar se a variante B.1.617 é mais contagiosa, letal ou resistente às vacinas, o mais preocupante são as possíveis variantes que podem advir dos elevados níveis de transmissão, espalhando-se a nível global, o que constitui um perigo para a evolução da pandemia no mundo.
A questão principal prende-se com o facto de que quanto maior é o número de casos Covid-19 que um país tem, mais provável se torna o surgimento de novas variantes. Esta situação surge porque cada infeção dá ao vírus a oportunidade de evoluir com as suas alterações.
“A forma de limitar as variantes virais que surgem em primeiro lugar é evitar que o vírus se replique, portanto, a melhor maneira de controlar as variantes é controlar a quantidade total de doenças que temos atualmente”, explica Sharon Peacock, diretora do consórcio de genomas da Covid-19 do Reino Unido, citada pela ‘BBC’.
A crise na Índia revelou como é importante que as vacinas cheguem a todas as pessoas do mundo porque um país pode estar vacinado, mas outro não, não oferecendo nenhuma segurança quanto ao surgimento de novas variantes mais contagiosas que escapem à proteção de vacinas atuais.
Por esse motivo, foram muitas as ajudas internacionais que surgiram para apoiar a Índia. É o caso de Portugal que anunciou o envio de medicamentos antivirais e oxigénio, estando a avaliar qual a forma mais eficaz de transportar esse material, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
Também os Estados Unidos vão colocar à disposição da Índia as matérias-primas que são necessárias com urgência para a produção da vacina de Covishield, produzida pelo Serum Institute of India com tecnologia de Oxford e AstraZeneca. Além disso, para ajudar a tratar os pacientes covid-19 e proteger a equipa médica, o país também vai enviar kits de teste rápido, ventiladores e equipamentos de proteção individual.
A Índia ultrapassou hoje os 200 mil mortos desde o início da pandemia da covid-19, com 3.293 óbitos nas últimas 24 horas, além de ter registado um novo máximo de infeções, com 360.960 casos. O número diário de mortes causadas pela covid-19 e de casos da doença é o maior de sempre naquele país, que se debate com falta de oxigénio e de recursos para combater a segunda vaga da pandemia.
Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia está a braços com um surto devastador. Só em abril, o país registou quase seis milhões de novos casos.













