Accenture Digital Business: Acelerar o futuro 5G dos negócios

Do lançamento dos primeiros aparelhos 5G aos ensaios feitos em determinadas áreas de cidades, 2019 foi o ano em que o 5G chamou realmente a atenção do público. E, na próxima década, e para além dela, continuaremos a ver os consumidores, os negócios, a economia e a sociedade a transformarem-se graças às capacidades do 5G.

Como organizações de todo o mundo estão já a descobrir, o 5G irá alterar drasticamente a forma como estas operam e competem, revelando usos e modelos de negócio completamente novos em diferentes sectores. Contudo, o caminho para um futuro 5G está repleto de desafios. Para liderarem a corrida, negócios de todos os sectores devem preparar-se agora para a futura revolução 5G.

O que procuram realmente os negócios globais no 5G dos próximos anos – e como ultrapassarão as dificuldades que encontrarão? Foi isso que a Accenture quis descobrir com a sua última pesquisa, aproveitando o seu estudo 2019 5G. Das expectativas e receios a planos de implementação, eis o que a Accenture descobriu.


1) GRANDES EXPECTATIVAS: ATITUDES PERANTE O 5G

Se há algo com que a maioria dos líderes concorda, é que o 5G não se limitará a mudar o jogo – irá criar um impacto mais sísmico do que qualquer outra evolução na tecnologia sem fios. Oito em cada 10 (79%) dos negócios acreditam que o 5G terá um impacto significativo na sua organização, entre os quais 57% acreditam que será “revolucionário” – enquanto menos de um quarto (24%) sentem o mesmo sobre o 4G.

E as expectativas em relação ao 5G não são apenas altas: são também incrivelmente variadas. Segundo o estudo da Accenture, oito em cada 10 (79%) concordam que o 5G irá ajudá-los a ficarem mais ligados naquilo que fazem, enquanto 78% acreditam que criará oportunidades para novos negócios. Espera-se também que aumente a produtividade (77%), que beneficie a sociedade como um todo (76%) e que melhore as operações, assim como a monitorização de novas áreas de negócio.

Em termos de resultados tangíveis do 5G, há muitas razões para entusiasmo – e a maioria dos inquiridos acredita que estes benefícios serão vistos nos próximos quatro anos (ver gráfico “Percentagem de negócios que esperam que aconteça o seguinte nos próximos quatro anos”).

  • O impacto dos primeiros utilizadores

Apesar do entusiasmo – e do aumento da percepção de que tudo isto irá acontecer rapidamente – a adopção do 5G está ainda a dar os primeiros passos. Enquanto mais de metade (54%) dos negócios estão a testar ou a usar parcialmente algum nível de capacidade 5G, a Accenture conclui que 34% ainda não a usaram de todo. Contudo, é possível que estes números mudem rapidamente nos anos que se avizinham.

Até agora, apenas 10% dos negócios reportam uma utilização generalizada do 5G no negócio. Todavia, como revelam os inquiridos, quanto “mais inicial” for a utilização do 5G por uma empresa, mais inclinada esta se sentirá a sentir entusiasmo pelo seu potencial. As organizações que o usam de forma generalizada têm quase duas vezes mais probabilidade de sentir que terá um impacto revolucionário do que as que ainda não o adoptaram.

Os sinais são positivos. Mas, tal como acontece com todas as novas tecnologias, a adopção em massa não será um processo simples – com vários desafios a ultrapassar antes que as ambições 5G sejam rentabilizadas e transformadas em benefícios empresariais tangíveis (ver gráfico “Até que ponto o 5G foi adoptado”).


2) DESAFIOS E RECEIOS

Independentemente do entusiasmo, os negócios ainda não sabem com toda a certeza o impacto de algumas funções do 5G: o estudo da Accenture demonstra que apenas dois em cinco acreditam que a transferência de dados em tempo real, o aumento de capacidade e um serviço mais rápido revolucionarão o sector nos próximos cinco anos.

Existem vários obstáculos à adopção das aplicações e tecnologia 5G – embora, na maioria dos casos, esses receios tenham diminuído de 2019 para 2020.

Da escassez de conhecimentos à falta de competências internas, das mudanças nos comportamentos dos colaboradores aos custos iniciais, a natureza destes receios continua a ser variada.

O único receio que aumentou no último ano foi a ameaça que o 5G representa para a segurança. E, tendo em conta que a segurança continua a ser uma importante prioridade para as empresas, esse receio é uma questão que precisa de ser abordada urgentemente (ver gráfico “Obstáculos à adopção de aplicações e tecnologia 5G nos próximos três meses”).

  • Segurança: uma faca de dois gumes

A ligação entre o 5G e os seus possíveis riscos para a segurança é complexa. Em geral, os negócios acreditam que o 5G tornará os seus negócios mais seguros (68%). Contudo, a Accenture acredita que existem desafios inerentes à estrutura de redes 5G, incluindo a privacidade dos utilizadores, o número de aparelhos ligados, as diversas redes, o acesso ao serviço e ainda a integridade da cadeia de abastecimento.

Em geral, o risco distribui-se pelas redes, infra-estruturas e ambientes dos utilizadores. Os aparelhos e as pessoas representam a maior ameaça (53%), embora este factor esteja apenas ligeiramente acima da própria rede da empresa (52%). Ao mesmo tempo, 74% acreditam que ter mais aparelhos interligados e inteligentes aumenta o risco de violação de dados.

O controlo de aparelhos individuais – e dos próprios utilizadores da tecnologia – é notoriamente complicado. Embora existam muitos produtos de segurança disponíveis para lidar com ataques às redes, as ameaças humanas (deliberadas ou inadvertidas) representam claramente um risco real. Os negócios terão de investir em muita formação e redigir políticas de utilização transparentes (ver gráfico “Maiores desafios de segurança para a organização que usa 5G”).

  • Saber lidar com a complexidade

Com isto em mente, não admira que os negócios estejam preocupados com a complexidade adicional que o 5G criará, e com as medidas necessárias para conseguir lidar com este desafio e ser bem-sucedido. O estudo da Accenture revela que três quartos (74%) acreditam que o 5G significa que terão de redefinir muitas das suas políticas assim como os procedimentos de segurança. Dois terços (62%) receiam também que o 5G os deixe mais vulneráveis a ataques cibernéticos do que as redes existentes, o que exige maior vigilância e monitorização. Todo este trabalho extra tem um preço – e há também outras dúvidas financeiras ligadas ao 5G.


3) FAZER O 5G PAGAR

É claro que o custo é um dos maiores desafios que as empresas enfrentam quando se fala na integração do 5G, algo que tem sido amplamente debatido em diversos sectores – por isso, apesar dos seus benefícios, um em cada quatro inquiridos acredita que o custo de gerir as infra-estruturas e aplicações de TI irá aumentar.

Isto não quer dizer que não valha a pena. Mas significa que os negócios terão de encontrar formas de assegurar que estão a receber o retorno do seu investimento. É pouco surpreendente, portanto, que usar o 5G para inovar seja o desafio mais importante (52%). Na altura de defender a sua utilização, a capacidade de demonstrar que um negócio sobressai através do investimento em 5G será fundamental.

A Accenture salienta que o desafio mais difícil será a certificação de que os aparelhos estão optimizados para o 5G – um problema que pode estar ligado aos receios relacionados com a segurança.

Nenhum destes desafios é inultrapassável, principalmente com o apoio dos parceiros certos e de especialistas. Afinal de contas, uns impressionantes 90% dos negócios acreditam que serão capazes de identificar as oportunidades empresariais que o 5G representa. A questão aqui é transformar as oportunidades em resultados tangíveis e identificar o que tem de acontecer para se atingir esse objectivo (ver gráfico “Desafios mais importantes do 5G”).

  • Olhar para fora para seguir em frente

Então – o que podem fazer em relação a isto? Para a maioria dos negócios, significa procurar ajuda externa: 72% acreditam que precisam de ajuda para imaginarem as possibilidades futuras de soluções interligadas com o 5G. E, ao desenvolver soluções personalizadas para aproveitar o potencial do 5G, a maioria olhará para fora do seu negócio para o conseguir. Quatro em 10 (42%) esperam aceder a soluções no mercado que estejam aptas para o 5G, enquanto 43% tencionam trabalhar com parceiros para desenvolver soluções personalizadas (ver gráfico “Como os negócios irão desenvolver aplicações para 5G”).

Em relação aos possíveis parceiros, os negócios sentem-se mais inclinados para trabalhar com empresas de software e serviços (44%). Para as fornecedoras de serviços como as empresas de telecomunicação, os negócios indicam que estas serão aquelas com que terão menos probabilidade de trabalhar para desenvolver novas competências. Isto independentemente de estarem bem colocadas ou não para oferecerem apoio nesta área (ver gráfico “Parceiros com quem as empresas mais querem trabalhar”).


4) EM PREPARAÇÃO PARA O FUTURO 5G

É claro que os negócios globais reconhecem o enorme potencial do 5G, e muitos estão prontos e à espera de aproveitarem os primeiros anos da nova década.

Mas, há obstáculos a ultrapassar (e questões complexas que devem ser compreendidas) antes de o 5G se tornar realmente um veículo de crescimento e inovação empresarial. E enquanto os primeiros a adoptá-lo mostram sinais positivos, estas barreiras serão ainda maiores para todas as empresas que não estiverem a usar o 5G de modo abrangente. As organizações que querem liderar a corrida 5G têm muitas decisões a tomar. Das questões de viabilidade às prioridades na utilização, aos novos modelos de negócios e às estratégias dos aparelhos, as organizações devem negociar um mundo de complexidade operacional, mantendo-se simultaneamente atentas aos custos. A estratégia certa – e, de facto, as parcerias estratégicas – será fundamental. Com isto, os negócios estarão prontos para definirem a sua visão 5G… e depois para a transformarem em realidade.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 174 de Setembro de 2020

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