Christian Siriano: do reality-show à revolução na moda
Como Christian Siriano começou como estrela de reality-shows e ganhou nome ao tornar o glamour acessível a todos.
Por Karen Valby, colaboradora da Fast Company
Nos 10 anos que passaram desde que Christian Siriano se tornou o designer mais jovem a ganhar o Project Runway, tem reinventado a experiência da passadeira vermelha. Recentemente, a modelo Ashley Graham fechou o desfile de Siriano de 2019 na New York Fashion Week, desfilando num vestido de noiva brilhante. Algumas semanas mais tarde, nos Oscar, Billy Porter chegou numa criação Siriano que juntava um casaco de smoking de veludo preto com uma saia de vestido de baile. Qual a mensagem recorrente do trabalho do designer de 33 anos? A moda pertence a todos. Já vestiu a primeira-dama Michelle Obama, Angelina Jolie e Kathy Bates e a ícone do hip-hop Nicki Minaj. Produz o seu vestuário do tamanho XS ao 6XL, algo impensável numa indústria que costuma preferir magrinhas, e é parceiro de marcas acessíveis como a Home Shopping Network e a TJ Maxx. Saiba como consegue fazer com que tudo funcione.
Superar limites
Em 2016, a actriz Leslie Jones usou o Twitter para denunciar a falta de designers interessados em vesti-la para a estreia de “O caça-fantasmas”. Siriano deu-se logo como voluntário e tem sido presença na passadeira vermelha desde então. Siriano afirma que a sua mãe curvilínea e a “figura de bailarina” da sua irmã o inspiraram a uma abordagem mais inclusiva. Antes ainda de começar a criar um vestido, imagina como ficará em diferentes tamanhos. «Já não penso no tipo de corpo. Penso no tipo de pessoa», explica. Isto ajuda-o a criar visuais que mulheres de todos os tamanhos querem usar;
O que entusiasma os clientes
No ano passado, Siriano abriu a Curated NY, uma loja conceito em Manhattan, com sofás de veludo cor-de-rosa. Aqui, os seus vestidos de 25 mil euros encontram-se lado a lado com T-shirts de 15 euros da empresa de pronto-a-vestir Universal Standard. «A forma tradicional de vender vestuário já não funciona», afirma. Ao ter produtos com preços altos e baixos, pode atrair mais clientes e, segundo ele, «saber o que as pessoas desejam, no que estão interessadas, o que as entusiasma»;
Cultivar fãs em todo o lado
Após ganhar o Project Runway, começou a criar parcerias lucrativas com várias marcas, algumas óbvias e outras menos (como a Starbucks, para a qual criou um gift card). Na altura, afirma, este tipo de colaborações era arriscada para um jovem designer com a ambição de chegar à alta-costura. Mas abraçou as oportunidades, acreditando que tornar o seu nome famoso criaria reconhecimento da marca e, no fim, uma boa base de fãs. «Nunca se sabe onde pode estar o próximo cliente», explica. Siriano está também interessado em parcerias que demonstram personalidade. Em 2018 começou a trabalhar com a TJ Maxx para criar vestuário e acessórios, porque a sua mãe faz compras nessa loja. No Verão tornou-se porta-voz da Transitions Lens porque, segundo ele, usa «óculos todos os dias.»
Ouvir as críticas – quando são justas
Siriano insiste que a única forma de trabalhar na moda é ignorar os pessimistas. «É um negócio difícil. Vestimos alguém para a passadeira vermelha e alguém comenta logo se adora ou odeia.» Mas por vezes ouvir. Em Fevereiro, a conta de Instagram Diet Prada, que está atenta a imitações na moda, apontou para dois vestidos da colecção de Siriano, comparando-os a uns mais antigos da Maison Valentino. Siriano respondeu retirando logo as peças e pedindo desculpa no Instagram. «Movemo-nos tão depressa e temos de estar atentos», revela. «Todos cometem erros neste negócio. Mas se não os admitimos, o que é que andamos a fazer?»
Este artigo foi publicado na edição de Junho de 2019 da Executive Digest.