Secil: Inovação sustentável que constrói o futuro

A Secil aposta em tecnologia e digitalização para acelerar a transição para um sector mais sustentável, combinando inovação com metas ambientais ambiciosas.

Executive Digest
Outubro 7, 2025
13:11

A Secil aposta em tecnologia e digitalização para acelerar a transição para um sector mais sustentável, combinando inovação com metas ambientais ambiciosas.

A transformação digital está a mudar a indústria da construção, e a Secil quer liderar essa mudança. Ana Paula Rodrigues, directora de Sustentabilidade do Grupo Secil, destaca como soluções como betão sensorizado, impressão 3D e construção modular, aliadas a projectos como o CCL e o ProFuture, estão a reduzir emissões, aumentar a eficiência e preparar o sector para um futuro de baixo carbono.

A Secil tem colocado o betão no centro da estratégia de sustentabilidade da construção. De que forma este material, tantas vezes mal compreendido, pode ser um pilar para a transição energética e para uma construção mais sustentável?

O betão é o material manufacturado mais utilizado no mundo e está presente em praticamente todos os aspectos da nossa vida diária: em casas, escolas, hospitais, estradas e pontes que asseguram qualidade de vida, segurança e resiliência, inclusive face a fenómenos climáticos extremos. Muitas vezes visto apenas como um material estrutural, o betão é, na verdade, um pilar da sustentabilidade. É local, duradouro, 100% reciclável e pode incorporar matérias-primas recicladas, reduzindo a extracção de recursos virgens. Graças à sua inércia térmica, contribui ainda para edifícios mais eficientes, com menor consumo energético e maior conforto.

E é também um pilar da transição energética: está presente em turbinas eólicas, barragens, portos e outras infra-estruturas fundamentais para a descarbonização e para a produção de energia limpa. Por isso, acreditamos que o futuro da construção sustentável não pode prescindir deste material, que alia desempenho, circularidade e um percurso cada vez mais de baixo carbono.

Quais são hoje os grandes pilares da estratégia ESG da Secil e como eles estão a orientar o crescimento da empresa até 2030 e 2050?

A estratégia ESG da Secil assenta numa visão integrada que combina a descarbonização, circularidade, responsabilidade social e transparência. Como tal, estamos a modernizar as nossas fábricas e a investir em energias renováveis e matérias-primas alternativas para reduzir 30,4% das emissões até 2030 e alcançar a neutralidade carbónica em 2050. Ao mesmo tempo, promovemos a economia circular através do co-processamento e da incorporação de resíduos e subprodutos, reduzindo a dependência de recursos virgens.

Mas sustentabilidade também é sobre pessoas: garantir a saúde, a segurança, a diversidade e o desenvolvimento dos nossos colaboradores, criar valor nas comunidades onde operamos, respeitar os princípios dos direitos humanos e laborais. Tudo isto assente numa cultura de governança baseada na ética e na transparência.

Para a Secil, sustentabilidade também significa cuidar das relações com os nossos clientes e investidores. Por isso, investimos em certificações de Gestão Ambiental das nossas unidades de negócio e em Declarações Ambientais de Produto, que garantem transparência e reforçam a confiança de todos os que se relacionam connosco. Estes compromissos são pilares do nosso crescimento e consolidam a Secil como uma referência em construção sustentável.

A economia circular é cada vez mais uma exigência. Que soluções inovadoras a Secil já está a aplicar para transformar resíduos em recursos e reduzir a dependência de matérias-primas virgens?

A economia circular é um dos eixos centrais da nossa estratégia de sustentabilidade. Na Secil, transformamos resíduos em recursos de várias formas: através do co-processamento, utilizamos resíduos como fonte alternativa de energia e como matéria-prima secundária no fabrico de cimento; incorporamos subprodutos de outras indústrias, como a cortiça, no desenvolvimento de argamassas e betões leves e planeamos incorporar resíduos de construção e demolição (RCDs) como agregados reciclados em novos betões, reforçando a circularidade no sector.

Estas soluções permitem-nos reduzir a extracção de matérias-primas virgens, minimizar a deposição em aterro e desenvolver produtos de menor pegada carbónica. É um percurso que alia inovação tecnológica a uma gestão responsável dos recursos, reforçando o papel do betão como material circular e sustentável por natureza.

Projectos como o CCL e o ProFuture são vistos como transformadores. Que impacto concreto terão no vosso posicionamento competitivo e na redução da pegada carbónica?

Em 2024 concluímos a última fase do projecto CCL, na nossa fábrica do Outão, um investimento de cerca de 86 milhões de euros que já irá permitir reduzir em 20% as emissões de CO2 do processo produtivo, o equivalente a mais de 200 mil toneladas/ ano, além de reduzir em 20% o consumo de energia e assegurar a produção interna de cerca de 30% das necessidades eléctricas. Estes resultados posicionam esta unidade como uma das fábricas de cimento mais sustentáveis da Europa.

Na nossa fábrica da Maceira, arrancámos com o projecto Pro-Future, que representa um novo salto na descarbonização. O projecto prevê reduzir as emissões de CO2 em cerca de 30% e o consumo global de energia em 20% face a 2019, através da eliminação de combustíveis fósseis (90% combustíveis alternativos e 10% hidrogénio verde), aumento da eficiência energética e incorporação de soluções digitais avançadas.

Estes dois projectos não só aceleram o cumprimento das nossas metas para 2030, como reforçam a competitividade da Secil, permitindo oferecer ao mercado soluções de baixo carbono à escala industrial, ao mesmo tempo que reforçamos o nosso compromisso com a transição para a neutralidade carbónica em 2050.

A inovação digital e tecnológica está a redesenhar a indústria da construção. Como é que soluções como betão sensorizado, impressão 3D ou construção modular vão mudar o sector nos próximos anos?

A inovação digital e tecnológica está a transformar profundamente a indústria da construção, e o betão tem um papel central nesta mudança. O betão sensorizado, por exemplo, permite monitorizar não apenas a durabilidade e a segurança estrutural, mas também parâmetros como deformações, temperatura ou humidade, possibilitando uma gestão mais eficiente e prolongada das infra-estruturas. A impressão 3D traz rapidez, flexibilidade e redução de desperdícios, enquanto abre novas possibilidades arquitectónicas.

Já a construção modular, através da KREAR – uma joint venture dos grupos Secil e Casais, traduz esta visão em impacto real no mercado: permite acelerar os prazos de obra, reduzir custos, melhorar a eficiência energética dos edifícios e diminuir significativamente os impactos ambientais.

Estas soluções não são apenas tecnologia, representam um novo paradigma que redefine a forma como se pensa e se organiza a construção. Introduzem maior industrialização e digitalização nos processos, aproximam a construção de uma lógica fabril mais controlada e previsível, e criam oportunidades de colaboração entre indústria, projectistas e construtores. No fundo, não é apenas construir de forma diferente, é transformar todo o ecossistema da construção para o tornar mais eficiente, sustentável e preparado para os desafios do futuro.

A transparência é cada vez mais valorizada pelos stakeholders. Como é que ferramentas como as Declarações Ambientais de Produto (DAPs) e Certificações de Gestão Ambiental (ISO 14001) reforçam a credibilidade da Secil junto de clientes, investidores e comunidades?

A transparência é fundamental para garantir a confiança dos nossos stakeholders e orientar escolhas mais informadas. As Declarações Ambientais de Produto permitem disponibilizar dados verificados sobre o ciclo de vida dos nossos produtos, ajudando clientes e projectistas a comparar soluções com base em informação objectiva e quantificável.

Por outro lado, a certificação ISO 14001 assegura que as nossas unidades seguem práticas rigorosas de gestão ambiental e melhoria contínua. Juntas, estas ferramentas reforçam a credibilidade da Secil junto de clientes, investidores e comunidades, demonstrando que a nossa estratégia de sustentabilidade não é apenas um compromisso, mas uma prática mensurável, auditada e reconhecida internacionalmente.

A sustentabilidade também envolve responsabilidade social. Que papel têm iniciativas ligadas à biodiversidade, à eficiência no uso da água e ao bem-estar dos colaboradores na vossa estratégia global?

A nossa visão de sustentabilidade vai muito além da redução da nossa pegada carbónica. Temos um forte compromisso com a responsabilidade social e ambiental, que se traduz em várias iniciativas concretas. Implementação de programas de restauro nas nossas pedreiras que promovem a recuperação da estrutura e funcionamento das comunidades florísticas e faunísticas, e dos ecossistemas originais, que visam reverter a perda da biodiversidade e promover um uso sustentável dos recursos naturais. Apostamos na eficiência da gestão da água nas nossas operações, através da monitorização dos fluxos da água, desde a captação, utilização até à descarga, assegurando a optimização do consumo e sua qualidade, apostando cada vez mais em processos de reutilização e reciclagem da água nas operações.

Ao mesmo tempo, investimos no bem-estar, saúde e desenvolvimento dos colaboradores. Criámos em 2023 uma área de Wellbeing que se dedica a promover o equilíbrio e a saúde integral dos colaboradores, tendo como objectivo criar um ambiente de trabalho que incentive o bem-estar físico, mental e emocional das pessoas, visando melhorar a qualidade de vida e, consequentemente, aumentar a satisfação no trabalho. Na área de desenvolvimento estamos, entre muitas outras coisas, a preparar as nossas equipas para os desafios da dupla transição digital e ambiental.

Estamos convictos de que a sustentabilidade cruza de forma integrada os recursos naturais, as pessoas e a forma como o fazemos.

Em termos de cadeia logística, como é que o transporte marítimo e ferroviário tem contribuído para ganhos de eficiência e redução de emissões?

A logística é uma parte essencial da nossa estratégia de descarbonização. Sempre que possível, privilegiamos o transporte marítimo e ferroviário, que apresentam uma pegada carbónica significativamente inferior face ao transporte rodoviário. Esta opção permite-nos reduzir emissões por tonelada transportada e, ao mesmo tempo, optimizar custos operacionais.

Complementarmente, recorremos a plataformas digitais para melhorar a eficiência da distribuição e, no caso do betão pronto, já utilizamos autobetoneiras híbridas plug-in, que combinam tecnologia eléctrica e tradicional, diminuindo consumos e emissões em meio urbano. Estes avanços reforçam o compromisso da Secil com uma mobilidade mais sustentável em toda a cadeia de valor.

O que diferencia a abordagem ESG da Secil face a outros players do sector, e de que forma compromissos internacionais como a adesão à Science Based Targets initiative (SBTi) reforçam a confiança de clientes e investidores?

O que diferencia é a forma integrada como tratamos e trabalhamos todos os elementos dos Pilares ESG, que na Secil denominamos por ESG + E, exactamente porque queremos ter todas as perspectivas, incluindo a económica. Unimos inovação tecnológica, economia circular e descarbonização com retenção de talento, tentando sempre ter a visão de toda a cadeia de valor — desde a operação industrial ao produto final e à logística. Não se trata apenas de cumprir requisitos, mas de transformar o nosso modelo de negócio para criar valor sustentável a longo prazo.

A adesão à SBTi reforça essa credibilidade, porque significa que as nossas metas de redução de emissões estão validadas por critérios científicos e alinhadas com os objectivos globais do Acordo de Paris. Este reconhecimento internacional dá confiança a clientes e investidores de que estamos a seguir o caminho certo, com transparência, rigor e responsabilidade.

Qual é a visão da Secil para o futuro da construção e que papel ambiciona ter como empresa de referência no caminho para a neutralidade carbónica?

A nossa visão é clara: queremos ser um agente de transformação na construção, liderando a transição para um sector mais eficiente, circular e de baixo carbono. Vemos o betão como um material inteligente, capaz de incorporar inovação, digitalização e soluções que reduzem emissões, aumentam a durabilidade e melhoram a eficiência energética dos edifícios e infra-estruturas.

Até 2050, ambicionamos alcançar a neutralidade carbónica, mas acima de tudo queremos demonstrar que é possível crescer de forma sustentável, criando valor para clientes, colaboradores e comunidades. O papel da Secil será o de referência no sector, antecipando soluções e oferecendo produtos que conciliam desempenho técnico e responsabilidade ambiental, contribuindo para a construção de um futuro mais sustentável e de baixo carbono.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “ESG”, publicado na edição de Setembro (n.º 234) da Executive Digest.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.