Médio Oriente: Israel confirma morte de líder do Hamas e mentor de ataques de 07 de outubro

Israel confirmou hoje que matou o principal líder do Hamas e mentor dos ataques de 07 de outubro, Yahya Sinouar, o homem mais procurado do grupo islamita palestiniano na ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

“O assassino em massa Yahya Sinouar, responsável pelo massacre e atrocidades de 07 de outubro, foi eliminado pelos soldados [das forças israelitas]”, revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, numa declaração à imprensa.

Logo após a declaração do chefe da diplomacia de Israel, o Exército e os serviços de informação nacionais (ISA) emitiram um comunicado em que “confirmam que, após uma perseguição de um ano, ontem [quarta-feira], 16 de outubro de 2024, os soldados do Exército israelita eliminaram Yahya Sinouar, o líder da organização terrorista Hamas durante uma operação no sul da Faixa de Gaza”.

Informações anteriores davam conta da elevada probabilidade de um dos mortos resultantes de uma operação de rotina do Exército israelita na Faixa de Gaza ser Yahya Sinouar, embora ainda sujeito a testes ADN.

O alto dirigente do Hamas tinha ascendido à liderança do grupo palestiniano após a morte de Ismail Haniyeh, num ataque israelita em Teerão no final de julho.

Segundo o Exército, o líder do Hamas foi eliminado “depois de se ter escondido durante o ano passado atrás da população civil da Faixa de Gaza, tanto acima como abaixo do solo”, nos túneis do grupo armado no território.

“As dezenas de operações levadas a cabo pelas FDI [Forças de Defesa de Israel] e pela ISA [Autoridade de Segurança de Israel] ao longo do último ano, e nas últimas semanas na área onde foi eliminado, restringiram o movimento operacional de Yahya Sinouar”, relata o comunicado.

O Exército descreve que, nas últimas semanas, as forças das FDI e da ISA, sob liderança do Comando Sul, seguiram informações sobre localizações suspeitas de altos membros do Hamas.

“Os soldados das FDI da 828ª Brigada (Bislach) que operam na área identificaram e eliminaram três terroristas. Após a conclusão do processo de identificação do corpo, pode-se confirmar que Yahya Sinouar foi eliminado”, afirma ainda.

Enquanto Israel aguardava os resultados do ADN que confirmariam a morte, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, publicou no seu perfil na rede X uma imagem com os rostos de Hassan Nasrallah e de Mohamed Deif, ex-líderes do grupo xiita libanês Hezbollah e do braço armado do Hamas respetivamente, acompanhados de um retângulo preto, levantando a questão sobre o destino de Sinouar.

“Os nossos inimigos não se podem esconder. Vamos persegui-los e eliminá-los”, escreveu.

Nascido há 62 anos num campo de refugiados em Khan Yunis, uma cidade no sul da Faixa de Gaza, Sinouar passou 23 anos nas prisões israelitas antes de ser libertado em 2011 numa troca de prisioneiros.

Em 1987, quando eclodiu a Primeira Intifada, juntou-se ao Hamas que acabava de ser fundado.

Foi eleito líder do grupo islamita no enclave em 2017, depois de ter estabelecido a reputação de inimigo acérrimo de Israel, tendo estado ainda envolvido na criação do Majd, o serviço de segurança interna do Hamas.

Em 06 de agosto passado, após o assassínio em Teerão do chefe do gabinete político, Ismail Haniyeh, foi escolhido para ocupar a posição mais elevada na hierarquia do grupo palestiniano.

Yahya Sinouar representava a linha mais dura e beligerante do Hamas e era considerado por Israel o mentor dos ataques de 07 de outubro de 2023 em território israelita, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e outras 250 foram raptadas.

Este ataque, que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, tornou-o no homem mais procurado por Israel desde então e ao longo da sua ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que já matou mais de 42 mil pessoas, na maioria civis, segundo o Governo local controlado pelo Hamas.

Sinouar terá planeado cuidadosamente os ataques de 07 de outubro juntamente com o chefe das Brigadas al-Qasam, o braço armado do Hamas, Mohamed Deif, assassinado num ataque israelita em junho passado em Mawasi, no sul da Faixa de Gaza.

Antigo comandante de elite nas Brigadas Al-Qassam, procurado por Israel e também incluído pelos norte-americanos na sua lista de terroristas internacionais, Yahya Sinouar movia-se no maior segredo e não surgia em público desde 07 de outubro.

No passado, Israel assassinou vários líderes do Hamas: o fundador do grupo, o Xeque Ahmed Yasin, em cadeira de rodas, em março de 2004, e o seu sucessor, Abdelaziz Rantisi, menos de um mês depois, bem como dois outros líderes do braço armado do grupo islamita, Salah Shehade (2002) ou Ahmed Yabari (2012).

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