Mentes brilhantes dentro dos laboratórios – mas também fora deles

Por Virgílio Machado, Diretor da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA

 

O mundo hoje é feito de ideias. Qualquer novo negócio ou empresa de sucesso, sabe que o primeiro passo para chegar aos investidores e consumidores é apresentar uma ideia. No entanto, não basta esperar que caia do céu; é necessário plantar a semente, cuidar da árvore e, só depois, colher o fruto. A capacidade de pensamento crítico é o elemento fundamental para criar algo novo e conseguir cimentar algo concreto, que tenha efeito prático e impacto na sociedade. As ideias bem-sucedidas, e sobretudo as mais disruptivas, com potencial de mudar o mundo, são as que percorrem todo este caminho gradual e consistente, desde o nascimento à implementação.

Na NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA formamos todos os anos mais de mil engenheiros e cientistas. Há dez anos percebemos que seguir apenas o tradicional percurso curricular, podia não ser suficiente para preparar os futuros engenheiros para um mundo feito de ideias. Um aluno de Bioquímica, por exemplo, pode ter todo o conhecimento avançado de disciplinas complexas como Genética Molecular, Biologia Celular e Molecular e Microbiologia, mas será que sabe, de forma empreendedora, criar e apresentar uma ideia? E simplesmente criar algo tão necessário como um curriculum ou, ainda, explicar um projeto em público de forma eficaz e cativante? A resposta a esta questão passou por implementar, no ano letivo 2012/13, o ‘Perfil Curricular FCT NOVA’, uma abordagem inédita para dotar os alunos de competências, atualmente reconhecidas como soft skills.

Hoje, neste período de incerteza e e de perturbação económica, celebramos uma década do ‘Perfil Curricular’ e relembramos a importância de uma formação holística para os futuros líderes de Portugal.

A sociedade atual exige respostas rápidas, eficientes e de baixo custo às suas necessidades. Por outro lado, é cada vez mais sensível à preservação do planeta e da sua sustentabilidade. O ecossistema empresarial lê esta realidade e procura talentos proativos com mentalidade empreendedora. A conceção do “perfil curricular FCT NOVA” viabilizou condições para uma perceção atual e informada do mundo, fornecendo as condições e desafiando os estudantes a refletirem sobre problemas tecnológicos (frequentemente colocados pelas empresas) e desenvolver um protótipo de um produto de base tecnológica. Em paralelo, a equipa que estuda esse novo produto acompanha também esse desenvolvimento com e o correspondente plano de negócio, numa perspetiva mais alargada, que exige competências em outros domínios que terá que aprofundar (marketing, comunicação, liderança, logística, etc.). Neste ambiente as equipas de estudantes preparam-se, de forma profissional, para apresentar e serem avaliados pelos seus colegas (que terão que convencer), mas também por business angels e venture capitalists. É o cenário mais próximo da realidade. E não podemos esquecer que esta mesma realidade está em mudança constante. Por este motivo, também o ensino tem que acompanhar a evolução dos tempos.

O ‘Perfil Curricular FCT NOVA’ constitui um reforço da formação curricular transversal, que permite identificar características comuns nos profissionais que foram estudantes da FCT-NOVA e que lhes conferem vantagens competitivas adicionais em termos de empregabilidade: competências fundamentais para o exercício do trabalho em equipa e de liderança; apresentações em público; experiência diversificada obtida através de miniestágios em realidades empresariais; e no geral, uma introdução aos temas que marcam a atualidade técnico-científica e social, desde as alterações climáticas ao metaverso (o que quer que isso seja…!). Os líderes do futuro devem conhecer o mundo em que vivem e ser capazes de viver profissionalmente tirando partida de sinergias multidisciplinares que consigam identificar. Queremos mentes brilhantes na Universidade e nos laboratórios, sim, mas também fora deles: queremos prepará-los para que possam ajudar as empresas a dar o salto competitivo que precisam. É fundamental que estes profissionais sejam igualmente cativantes e desenvoltos fora do seu ambiente, só assim terão capacidade de criar projetos com real potencial de mudança.

Idealmente, qualquer aluno que hoje seja formado numa universidade portuguesa, devia estar preparado para enfrentar o mercado de trabalho de 2022, que é completamente diferente de há dez anos, e vai ser completamente diferente nos próximos dez anos. Felizmente, agora outras faculdades estão a implementar iniciativas semelhantes ao ‘Perfil Curricular FCT NOVA’. Temos orgulho de ter dado este primeiro passo. Não tenhamos dúvidas: os estudantes de hoje são os líderes de amanhã. O nosso futuro depende de como cada estudante vai enfrentar os próximos desafios e criar as novas ideias que fazem girar o mundo.

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