Exopaíses

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

Um exopaís ou país extrablocal é um país fora do sistema blocal, ou seja fora de algum dos 4 blocos que se estão a formar. Podem ser países que detêm recursos minerais, agrícolas e/ou energéticos insubstituíveis, ou então tenderão a realizar alianças multibloco pontuais. A proliferação dos recursos naturais renováveis ao nível energético como o ar e a água assim como a prática de uma agrícola sustentável e de precisão e de uma economia circular, farão com que estes países cada vez mais se tornem substituíveis nos acordos blocais.


Apenas a inovação e o instinto oportunístico empresariais, serão os fatores distintivo insubstituível de uma nação. A inovação é fácil de entender o motivo pelo qual um país se torna insubstituível, se essa inovação trouxer valor acrescentado. Quanto ao “instinto oportunístico” das empresas, é explicado pela primeira vez pela teoria económica de Ronald Coase de 1937, que guiou o mundo (as nações e empresas) para a Globalização: a teoria económica por trás dos estudos sobre custos de transação e produção. As organizações podem optar pela produção vertical dos seus bens e serviços ou pela terceirização dos mesmos baseado nos custos de transação. Os custos de transação são os custos totais associados a uma transação, executando-se o mínimo preço possível de produção do produto.

 

Algo que aconteceu no mundo global quando decidimos produzir componentes da cadeia de valor fora da Europa. Como na China ou Índia, devido aos baixos custos de produção. Componentes esses fundamentais para a produção do bem final. A análise de transações visa obter eficiência na gestão dessas transações ou, em outras palavras, visa à minimização dos custos de transação e a jusante, de produção. Dalguma forma a teoria económica por trás dos estudos sobre esta teoria afirma que quanto mais altos os custos incorridos, mais as empresas tentarão minimizá-los por meio da integração vertical. Algo que as empresas estão a descobrir com a blocalização. Pois apesar de no curto prazo estes exopaíses oferecerem menores custos de produção “empurrado” pelo oportunístico dos empresários para esta opção, no médio e longo prazo tem consequências penalizadoras.

Verificamos que a parceria estratégica que permite a previsibilidade e confiança entre parceiros de negócio que se deveria formar, não existe. Está dependente de factores externos à própria economia, como as questões políticas, geo-estratégicas mas também as logísticas. O “off-shoring” pode ser abalado por inúmeros fatores, como o encerramento do tráfego marítimo no canal do Suez devido ao encalhamento do “evergreen”, algo inesperado e que ninguém pode controlar. Portanto o ”nearshoring” será o modelo mais eficiente e confiável de ter. Isso significa que as empresas (e em suma os países) vão optar por produzir o produto/serviço integrado verticalmente, mantendo a cadeia de valor numa ambiente que conseguem controlar: ou seja dentro da empresa ou dentro do seu bloco, ao invés de terceirizar a produção do mesmo para fora do bloco. Para além de conseguirem ter previsibilidade, confiança, redução de custos logísticos, conseguirão controlar diretamente a produção e a sua qualidade, assim como a propriedade intelectual.

Portanto a mesma teoria económica que pode explicar a globalização (com variados critérios, nomeadamente os oportunísticos de curto prazo que levam á redução dos custos de produção), será a que vai explicar a Blocalização que está a matar a globalização. Pois a previsibilidade, confiança, nearshoring, entre outros, levam a uma redução dos riscos e dos custos (nomeadamente de capital) no médio e longo prazo.

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