Guerra Israel-Hamas: quem são os principais fornecedores de armas para Telavive e quem suspendeu as exportações?

Os Estados Unidos suspenderam um envio de armas para Israel, incluindo bombas pesadas destruidoras de bunkers que as forças israelitas usaram no seu conflito com o Hamas em Gaza, que matou mais de 35 mil palestinianos em sete meses.

A decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, deve-se ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter decidido prosseguir um ataque militar à cidade de Rafah, em Gaza, apesar das objeções de Washington, dado o grande número de pessoas deslocadas vulneráveis.

Os EUA são de longe o maior fornecedor de armas ao seu aliado mais próximo no Médio Oriente, seguidos pela Alemanha – cujo forte apoio a Israel reflete, em parte, a expiação pelo Holocausto nazi – e pela Itália.

Dois países, Canadá e os Países Baixos, suspenderam o fornecimento de armas a Israel devido a preocupações de que pudessem ser utilizadas de formas que violassem o direito humanitário internacional – causando vítimas civis e destruição de áreas residenciais – em Gaza.

Mas quem são os principais fornecedores de armas a Israel?

Estados Unidos

A entrega suspensa de armas a Israel consistiu em 1.800 bombas de quase uma tonelada cada e 1.700 bombas de 250 kg, segundo indicaram as autoridades americanas. A decisão surgiu das preocupações sobre o “uso final das maiores bombas e o impacto que poderiam ter em ambientes urbanos densos (como Rafah)…”, disse uma autoridade dos EUA.

Em 2016, os EUA e Israel assinaram um terceiro Memorando de Entendimento de 10 anos, abrangendo o período 2018-2028, prevendo 38 mil milhões de dólares em ajuda militar, 33 mil milhões de dólares em subvenções para a compra de equipamento militar e 5 mil milhões de dólares para sistemas de defesa anti-mísseis.

Israel recebeu 69% da sua ajuda militar dos EUA no período 2019-2023, de acordo com uma ficha informativa de março publicada pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).

Israel está em processo de compra de 75 F-35 e – até o ano passado – recebeu 36. Os EUA também ajudaram Israel a desenvolver e armar o seu sistema de defesa contra foguetes de curto alcance ‘Iron Dome’, desenvolvido após a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah baseado no Líbano. Os Estados Unidos enviaram repetidamente a Israel centenas de milhões de dólares para ajudar a reabastecer os seus mísseis intercetadores.

Alemanha

As aprovações alemãs de exportação de defesa para Israel aumentaram quase dez vezes, para 326,5 milhões de euros em 2023, em comparação com 2022, enquanto Berlim tratava os pedidos de licença como uma prioridade após o ataque do Hamas em 7 de outubro a Israel, que desencadeou a guerra em Gaza.

No entanto, desde o início deste ano, à medida que aumentavam as críticas internacionais à guerra de Israel em Gaza, o Governo alemão parece ter aprovado consideravelmente menos exportações de armas de guerra para Israel. Até agora, foram permitidas entregas no valor de apenas 32.449 euros, revelou o Ministério da Economia a 10 de abril último.

A Alemanha fornece principalmente a Israel componentes para sistemas de defesa aérea e equipamentos de comunicação, de acordo com a agência de imprensa alemã ‘DPA’, que divulgou pela primeira vez os números de 2023.

As armas exportadas incluíram 3.000 armas antitanque portáteis e 500 mil cartuchos de munição para armas de fogo automáticas ou semiautomáticas. De acordo com a ‘DPA’, a maior parte das licenças de exportação foram concedidas para veículos terrestres e tecnologia para o desenvolvimento, montagem, manutenção e reparação de armas.

Itália

Uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que a Itália, um dos três maiores fornecedores de armas de Israel, suspendeu novas aprovações de exportação desde o início da guerra em Gaza. “Tudo parou. E os últimos pedidos foram entregues em novembro”, disse a fonte à agência ‘Reuters’.

Segundo a lei italiana, as exportações de armas são proibidas para países que estejam em guerra e que sejam considerados violadores dos direitos humanos internacionais.

Só em dezembro, a Itália enviou 1,3 milhões de euros em armas para Israel, o triplo do nível do mesmo mês em 2022.

Grã-Bretanha

A Grã-Bretanha não é um dos maiores fornecedores de Israel. Ao contrário dos EUA, o Governo britânico não fornece armas diretamente a Israel, mas antes licencia empresas para venderem – muitas vezes componentes nas cadeias de abastecimento dos EUA, como os jatos F-35.

No ano passado, a Grã-Bretanha concedeu licenças de exportação para vender pelo menos 52,5 milhões de dólares em equipamento de defesa a Israel. As licenças eram para itens que incluíam munições, veículos aéreos não tripulados, munições para armas pequenas e componentes para aeronaves, helicópteros e espingardas de assalto.

Canadá

O Governo do Canadá garantiu, a 20 de março último, que havia parado de licenciar a exportação de armas para Israel desde 8 de janeiro, e que o congelamento continuaria até que Ottawa pudesse garantir que as armas fossem usadas de acordo com o direito humanitário.

Desde o ataque do Hamas a 7 de outubro, o Canadá autorizou pelo menos 28,5 milhões de dólares canadenses (21 milhões de dólares) em novas licenças, mais do que o valor de tais licenças permitido no ano anterior.

Países Baixos

O Governo holandês suspendeu os envios de peças para jatos F-35 para Israel a partir dos seus armazéns em fevereiro, depois de uma decisão de um tribunal de recurso ter determinado que havia um risco de as peças estarem a ser utilizadas em conexão com violações do direito humanitário. O Governo está a recorrer dessa decisão.

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