O País… da não decisão!

Por Ricardo Florêncio

Começo por corrigir desde já o título desta peça. Pois, efectivamente, há um País, que decide, que se desenvolve, que implementa, que cresce. Mas, depois, há outro, que não há forma de decidir e avançar. Parece que muitas vezes espera que as situações se resolvam por si. Ou que surja um outro tema mais premente que nos leve a esquecer que nada foi decidido. Apenas alguns exemplos:
Aeroporto de Lisboa – há décadas que é assunto considerado muito urgente, mas não há forma de se avançar seja para que direcção for. Já se tomou uma decisão (até duas), só que nada se decidiu.
Saúde / Hospitais – há anos que se tem conhecimento que temos falta de médicos e de outros profissionais. Seja porque, com o envelhecimento da população, cada vez são necessários mais trabalhadores na Saúde, seja por causa desse mesmo envelhecimento – há vários profissionais que atingem a idade da reforma – ou seja por outros temas, como a atracção de melhores condições no mercado internacional. E desde há anos que várias universidades e instituições tentam criar mais cursos de Medicina, mas que são travados. E continuamos com a barreira dos “numerus clausus”, o que impede à formação dos tais profissionais, que necessitamos;
Ensino – Há professores a menos? Ou estão mal distribuídos pelo País? A questão da colocação dos professores continua a ser um tema que tarda em resolver, sem se decidir o melhor modo, chegando a ser incompreensível como se desenvolve este processo, com professores deslocados 200, 300, 400 quilómetros num País que tem como comprimento máximo 561 quilómetros;
Habitação – não é de agora, mas está na “berra” pelo agravamento da situação. Pode-se arranjar dados e enumerar razões para o acentuar desta situação. Mas, apenas, algumas notas: em relação à “habitação social”, quantos fogos foram construídos nos últimos anos? Os imóveis que pertencem ao Estado, quantos são? E o que se está a fazer com eles? A questão da mobilidade, dos transportes que são muito precários, sendo necessário desenvolver uma rede de transportes suburbanos eficaz, que leve a que pessoas que vivem a 30, 40 quilómetros do seu trabalho, possam deslocar-se em tempo útil e certo. A lista não acaba por aqui. Por isso, e em conclusão, por favor, decidam e implementem.

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 211 de Outubro de 2023