Criar valor acrescentado e marcas globais

Por Ricardo Florêncio

tema da produtividade, como factor essencial ao nosso crescimento e enriquecimento, já foi abordado e discutido com insistência. Mas, verdade se diga, não temos atingido resultados por aí além. Um outro tema que tem merecido menor atenção, é a necessidade de criarmos um maior valor acrescentado. Dos nossos produtos e serviços, serem percecionados como de excelência, e da melhor qualidade que existe, e daí, cobrarmos como tal. De nos posicionarmos no fim da linha, e não no princípio e/ou no meio. Ou numa imagem simplificada, “em vez de vender porcos, temos de vender presuntos”. E o que parece mais absurdo, é que já temos essa qualidade dos nossos produtos e serviços demonstrada, mas falta-nos a capacidade de conseguir convencer o mercado internacional a pagar essa excelência. Aqui, entra a questão das marcas globais. Portugal, tem poucas, muito poucas, marcas globais, e que consigam contribuir para esta criação de um maior valor acrescentado. E não vale a pena falar em dimensão do País e afins, pois há outros países com um menor, ou igual dimensão (veja-se diversos casos na Europa), que têm marcas globais de qualidade, de prestígio, e que cobram como tal. Obviamente que não podemos ter a pretensão de ser muito bons em tudo. Mas hás áreas, sectores, actividades, em que claramente nos distinguimos, e onde temos vantagens competitivas, devendo ser essas os alvos das nossas prioridades. Nestas, temos de desenvolver planos concretos e acções, no sentido de criação de marcas portuguesas que se consigam assumir como marcas globais.

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 208 de Julho de 2023