Brexit e o Europa-stop!

Por Ricardo Florêncio

Devemos estar a viver o momento mais conturbado da Europa do Pós-Guerra.

São muitas as interrogações que se levantam hoje, e muitas as vozes que clamam contra as políticas europeias e a União Europeia. Se são populistas ou extremistas, deixemos isso para outra discussão. O que é um facto é que a Europa parece andar sem rumo. E esta história do Brexit também não ajuda. Estou convencido que há três anos, quando lançaram o Referendo e optaram pelo Brexit, ninguém estava à espera que o resultado fosse este. O que se tem assistido no Parlamento britânico soa a ridículo. O softbrexit, o hardbrexit, o semibrexit, o latebrexit, o talvez nunca Brexit, tem levado a uma série de acontecimentos, votações e declarações que são contra toda a fleuma britânica. Apenas posso imaginar o que a Rainha Isabel II deverá estar a pensar quando vê tudo isto a desenrolar-se à sua frente, sem poder intervir directamente e sem poder gritar, “tenham juízo”, que parece que é coisa que desapareceu por aquelas bandas. A Grã-Bretanha está parada, bloqueada, à espera de saber o seu futuro. Mas é só a Grã-Bretanha que está parada? Claro que não! A União Europeia também. Pois, uma coisa é a União Europeia com a Grã Bretanha, outra é sem a Grã-Bretanha. A todos os níveis, económico, social, geopolítico, defesa, relações com os outros países, com os outros continentes, com os grandes blocos, a força da União Europeia fica numa situação muito mais debilitada sem a Grã-Bretanha. Por isso a própria União Europeia está em suspense, na expectativa, para se saber que União Europeia vamos ter. Qualquer que seja o desfecho uma situação é certa: nada ficará como dantes. Se afinal não houver Brexit, após três anos de duras e complexas negociações, as relações com a UE e os países que a compõem nunca mais vão ser as mesmas. E mesmo as relações entre os membros da União Europeia, pois embora a voz externa seja apenas uma, há várias correntes entre os países da UE. Se houver Brexit, aí claramente é preciso saber que tipo vai ser para se poder perceber quais as consequências que daí advirão. Em suma, pode-se perguntar: afinal quem está a ganhar com esta confusão?

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 156 de Março de 2019