Como podem as fintech continuar a revolucionar o mundo das finanças?

Por Alexandre Carrera Lejeune, Responsável para a Península Ibérica da FLOA

A entrada num novo ano é sempre uma boa altura para fazer balanços, estabelecer novas metas e preparar os negócios para as novas oportunidades que poderão surgir. Num mundo em constante mudança, é importante que qualquer empresa que se queira destacar e ganhar vantagem competitiva se mantenha a par das tendências do setor onde atua. É importante também que esteja recetiva e preparada para se adaptar. Há ainda muito espaço para crescer e inovar no mercado financeiro. Aliás, segundo o mais recente estudo da McKinsey, as receitas deste setor deverão crescer quase três vezes mais depressa do que as do setor bancário tradicional entre 2023 e 2028. Este é um sinal claro de que o futuro da banca não poderá estar dissociado do crescimento das fintechs.

Seguindo esta lógica, é impossível refletir acerca das principais tendências para o setor das fintechs sem mencionar a crescente adoção de serviços bancários digitais. Com o avanço da digitalização, os consumidores estão cada vez mais confortáveis e confiantes no que diz respeito à realização de transações financeiras online e através de dispositivos móveis. Este aumento na adoção de pagamentos digitais está, claramente, a impulsionar o crescimento das fintechs.

Falando em soluções digitais, no que diz respeito a métodos de pagamento em concreto, o Buy Now Pay Later tem vindo a tornar-se uma opção cada vez mais utilizada na Europa, sendo que cerca de 43% dos europeus já efetuaram uma compra utilizando esta solução. Esta é uma das tendências mais interessantes que continua a crescer a um ritmo sem precedentes, dado que, como forma de Embedded Finance, permite que entidades de qualquer setor ofereçam serviços financeiros, como é o caso, por exemplo, do setor do turismo, onde o BNPL está a expandir-se cada vez mais. Ainda no ramo dos pagamentos digitais, é importante realçar o já tão conhecido tap to pay que, com o apoio de tecnologia SoftPOS, permite fazer pagamentos apenas com um toque do cartão bancário, do telemóvel ou até do relógio num terminal de pagamento para o concluir em frações de segundo e cuja utilização tem vindo a crescer a alta velocidade. Deste modo pode tornar-se um novo meio de pagamento para os pequenos comerciantes que ainda não oferecem pagamentos com cartão bancário.

Também a inteligência artificial continuará a desempenhar um papel preponderante no setor. Com algoritmos avançados e análise de dados em tempo real, esta tecnologia acaba por ser uma grande mais-valia para inúmeros negócios, possibilitando a oferta de experiências mais personalizadas aos utilizadores, antecipando as suas necessidades e fornecendo soluções financeiras à medida. Além disso, a inteligência artificial é ainda fundamental no que toca à deteção e prevenção de fraudes e à proteção de dados, temas que vão exigir cada vez mais atenção e preocupação das fintechs.

Por fim, é impossível não destacar a preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social que tem ocupado um papel de destaque na agenda da grande maioria das empresas. É exatamente com este foco que surgem soluções como o Instant Trade In. Criado para incentivar a reutilização de smartphones, este novo modo de pagamento poderá alargar-se a muitos setores, permitindo que os seus utilizadores saibam imediatamente quanto vale o seu telemóvel atual e possam deduzir esse montante do preço do seu novo telemóvel. Soluções de pagamento inovadoras como esta tem uma dupla vantagem: um impacto ambiental positivo e um impacto positivo no orçamento.

Em suma, 2024 já está a ser um ano de muitas mudanças para o setor, com inovação contínua, colaboração entre empresas e um foco crescente na sustentabilidade e na responsabilidade social. À medida que as fintechs continuam a desafiar as normas e a moldar o futuro do setor financeiro, é essencial que enquanto players do setor permaneçamos atentos às tendências emergentes e que tenhamos a capacidade de adaptação às mudanças rápidas e dinâmicas do mundo das tecnologias financeiras. Só assim conseguiremos ir mais além.

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