A sua empresa é um cavalo ou um unicórnio?

Por António Rodrigues, Professor Associado e Investigador no ISG- Business & Economics School

 

Um unicórnio também conhecido por licórnio ou licorne é uma criatura mitológica, cujo nome vem do latim e significa literalmente “um único chifre“ em espiral no centro da cabeça. Além desta caraterística, é representado como um cavalo branco, com cor intensa e rabo de leão.

Todas as lendas o tomam como mágico, que pode voar e desaparecer graças ao poder que se concentra no chifre. Valentia, força, bondade, pureza e inocência são as caraterísticas mais associadas ao unicórnio.

O caráter único e raro do unicórnio fez com que a expressão e o conceito se transferissem para o mundo empresarial.

Foi a fundadora da Cowboy Ventures, Aileen Lee em 2013 que utilizou pela primeira vez o termo “unicórnio” no artigo “Welcome to the unicorn club: learning from billion-dollar startups”. De acordo com Lee, empresas unicórnio são empresas tecnológicas que atingiam o valor de 1 bilhão de dólares (mil milhões de euros) sem estarem cotadas na Bolsa e cujos negócios têm o foco normalmente no consumidor e não em serviços ou produtos para empresas.

Tal como na mitologia, também no contexto empresarial a raridade dessas empresas em negócios emergentes no mercado faz delas sobreviventes em negócios emergentes no mercado.

As características normalmente atribuídas às startup unicórnio são:

▪Inovação, revolucionar o modelo de negócio arriscando novas oportunidades de negócio. Como afirma metaforicamente Ana Pimentel, no livro Unicórnios Portugueses, “Um unicórnio é um cocktail de dinheiro, inovação, métricas, potencial e risco. A servir de base a este copo, está uma promessa: a de mudar um mercado, um hábito de consumo ou comportamental, a forma como se presta um serviço e, no limite, o mundo”.

▪Posição de vantagem por via do pioneirismo e da inovação em produtos e serviços disruptivos.

Investimento em tecnologia, o ecossistema de inovação de startups abrange os setores das fintechs e martechs, as quais representam uma significativa parte do capital de risco destinado a estas startups.

▪Foco no cliente através de criação de produtos, ferramentas e funcionalidades que vão ao encontro das suas necessidades. Trata-se de canalizar a dor do cliente e desenvolver um meio de resolvê-la da melhor forma possível.

▪Diversidade, na medida em que uma das forças para gerar ideias disruptivas, criativas e inclusivas é contar com diferentes perfis de profissionais, promovendo ambientes multiculturais e multidisciplinares.

As startups que buscam inovação devem estar numa posição de vantagem em relação às suas concorrentes antecipando tendências, ser pioneira no ramo e atuar sempre inovando e aprimorando o produto com vista à criação e à proposta de valor para o cliente.

Não estando cotadas em bolsa, as empresas unicórnios recorrem a rondas de financiamento a investidores privados que acreditem no potencial da empresa.

Cada ronda de investimento além de arrecadar financiamentos cada vez maiores com a contrapartida de uma participação percentual no capital da empresa vai sendo sucessivamente mais exigente não só em termos do capital arrecadado mas também pelo potencial medido pela escala global em que insere. O capital de risco é o grande financiador destas empresas dado que o seu grande potencial de mercado a longo prazo implica também maior risco.

No inicio de vida todas as empresas são idênticas, prevalece a energia, a ambição e as ideias, mas á medida que o tempo passa instala-se a burocracia e as ideias deixam de ser uma prioridade, prevalece uma visão interna em detrimento de uma visão para o exterior, para o cliente, para a inovação numa ótica de escala global, afastando deste modo o interesse de financiadores e do capital de risco cujo interesse é avaliado com base no seu potencial e nas suas oportunidades de conquistar mercado.

Tal como os unicórnios, animais raros, também as “empresas unicórnio” são raras na medida em que apesar das ideias disruptivas que possam apresentar, têm sucesso quase por magia.

Cabe ao empreendedor escolher o seu caminho, ser mais uma empresa ou fazer a diferença, ser um cavalo “cansado ou um “unicórnio” aumentando visibilidade e o número de investidores para o país,

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