Trazer o dodô de volta da extinção, 350 anos depois? Cientistas acreditam que a primeira ave clonada pode nascer esta década

É um dos animais extintos mais famosos de todos os tempos, caçado implacavelmente pelos seres humanos até à sua extinção, em apenas algumas décadas: no entanto, os cientistas estão cada vez mais perto de trazer o famoso dodô de volta ao seu lar original, as Ilhas Maurício, a leste de Madagáscar, no Oceano Índico.

Na start-up americana ‘Colossal Biosciences’, com sede em Dallas (Texas), utiliza-se tecnologia de células-tronco e edição de genoma para criar uma aproximação moderna da espécie, num projeto de mais de 225 milhões de dólares – que não para por aqui, uma vez que pretendem ‘ressuscitar’ o extinto mamute peludo e o tigre da Tasmânia.

Recentemente, a ‘Colossal Biosciences’ estabeleceu uma parceria com a ‘Mauritian Wildlife Foundation’ para encontrar um local adequado para o primeiro bando de dodôs, depois de terem sido cultivados em laboratório, salientou o tabloide britânico ‘Daily Mail’.

“O dodô, uma ave intimamente ligada ao ADN das Ilhas Maurício, também é tristemente icónico pelo papel que a humanidade desempenhou na sua extinção”, garantiu Vikash Tatayah, diretor de conservação da Mauritian Wildlife Foundation. “Também simboliza os esforços para prevenir a extinção de espécies. Estamos muito gratos à ‘Colossal’ e pela promessa de devolver esta espécie icónica, extinta desde a década de 1680, ao seu ambiente nativo.”

Na preparação para a libertação dos dodôs à natureza, os dois parceiros colaborarão na “restauração dos ecossistemas” através da remoção de espécies invasoras, revegetação e esforços de sensibilização da comunidade.

Os cientistas já conseguiram o feito incrível de sequenciar o genoma completo da espécie a partir de espécimes ósseos e outros fragmentos – o próximo passo é editar o gene da célula da pele de um parente vivo próximo, que no caso do dodô é o pombo Nicobar, para que o seu genoma corresponda ao da ave extinta.

Para isso é utilizada a ferramenta de edição genética ‘Crispr-Cas9’, que permite “cortar e colar” pequenas seções de ADN, o que significa que os cientistas podem excluir ou editar certos genes para que representem com mais precisão o animal que pretendem recriar.

Esta célula geneticamente alterada tem então de ser usada para criar um embrião, que depois é levado numa ‘mãe de aluguer’ viva: os cientistas esperam que o filhote se assemelhe a algo entre o pombo Nicobar e o dodô – é expectável que possa nascer ainda esta década.

O nome do dodô deriva da palavra portuguesa para “tolo”, depois de os marinheiros zombarem pela sua aparente falta de medo de caçadores humanos. Como a espécie viveu isolada nas Maurícias durante centenas de anos, a ave era destemida e a sua incapacidade de voar tornou-a uma presa fácil.

O seu último avistamento confirmado foi em 1662, depois de marinheiros holandeses terem avistado a espécie pela primeira vez 64 anos antes, em 1598.

“O dodô é um excelente exemplo de uma espécie que foi extinta porque nós tornámos impossível para eles sobreviverem no seu habitat nativo”, referiu Beth Shapiro, paleogeneticista-chefe da empresa americana, que admitiu que não será fácil recriar um “animal vivo, que respira” na forma de um pássaro de um metro de altura.

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