PRR: Plano é “lista de despesas” e não “ambição para o país”, diz CEO da Sonae
A presidente da Comissão Executiva (CEO) da Sonae, Cláudia Azevedo, defendeu hoje que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português “é uma lista de despesas” e não “uma ambição para o país”, destacando a necessidade de investir na educação.
“Este PRR é uma lista de despesas, não é uma ambição para o país. […] Só a educação é que nos pode fazer crescer e trazer para aqui valor acrescentado. […] Eu espero que haja um pouco mais do que vimos até aqui no PRR”, afirmou Cláudia Azevedo, que participava na Conferência de Primavera da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que decorreu hoje ‘online’.
Segundo a filha mais nova do empresário Belmiro de Azevedo, que se tornou a a primeira mulher na presidência da comissão executiva da Sonae em 2019, o país não precisa de “mais betão”, numa alusão às infraestruturas que as verbas do PRR vão financiar, mas sim que se invista na educação e na qualificação das pessoas.
“Nós temos boas universidades, boa ciência. É [preciso] investir na educação dos portugueses, que é isso que nos vai tirar de sermos cada vez mais pobres”, sublinhou.
A conferência da APED juntou pela primeira os CEO de duas das maiores cadeias de distribuição portuguesas, com o responsável da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, lado a lado com Cláudia Azevedo para um debate sobre o futuro do retalho em Portugal.
Pedro Soares dos Santos, que assumiu a presidência do conselho de administração da Jerónimo Martins em 2013, sucedendo ao seu pai, Alexandre Soares dos Santos, partilhou da opinião da sua concorrente.
“Nós vivemos num mundo altamente competitivo. […] Preparem-se mas é para que realmente o país possa atrair investimento e possa ser um concorrente muito competitivo no mercado europeu e até, de alguma maneira, no mundial e isso passa por uma coisa: educação e formação”, argumentou.
O CEO da cadeia que está também presente na Polónia e na Colômbia lamentou o facto de, em Portugal, não conseguir aumentar o negócio desde 2001, criticando também a carga fiscal a que as empresas estão sujeitas e que as vai “matando aos poucos”.