Próxima semana à lupa: Investidores aguardam decisões dos bancos centrais

Os mercados de ações tiveram um início de ano bastante forte a nível global, com os principais índices a atingirem novos máximos históricos na semana passada. Os democratas garantiram a maioria no Senado após duas vitórias na segunda ronda no Estado da Geórgia, o que abriu caminho para o pacote de estímulos apresentado no valor de valor de US $1,9 triliões: US $1 trilião será gasto no apoio direto às famílias, enquanto que US $440 mil milhões servirão de apoio para as empresas mais atingidas pela pandemia. O controlo democrata do Senado, da Câmara e da Casa Branca também aumenta as perspetivas de impostos mais altos para as empresas, mas considerando o frágil estado atual da economia, a reforma tributária pode não ser uma prioridade em 2021.

As yields a dez anos subiram acima dos 1% pela primeira vez em nove meses, enquanto as ações de pequena capitalização e internacionais tiveram uma performance superior, o que sinaliza algum otimismo em torno da fase pós-vacina. A juntar-se a este sentimento positivo está o petróleo. O preço do WTI registou-se acima de US $53, um nível que tinha sido atingido pela última vez em fevereiro do ano passado, quando a Arábia Saudita anunciou um corte inesperado na produção. O que acontece depois? Embora a semana que agora termina tenha trazido alguns eventos políticos e sociais infelizes, tais como a invasão do Capitólio por parte dos apoiantes de Donald Trump, a votação da Câmara dos EUA para a imposição dum processo de impeachment contra Donald Trump e as declarações de Angela Merkel de que o confinamento na Alemanha poderá prolongar-se para além das 8 a 10 semanas se a situação não melhorar, os mercados em vez de corrigirem entraram num longo período de consolidação. Uma vez que a reação lógica do mercado poderia ter sido presumivelmente mais negativa, a ausência de quedas pronunciadas relembra-nos, mais uma vez, que o mercado se move de acordo com as perspetivas futuras dos investidores e essas são claramente positivas, com o início da vacinação.

Tendo terminado um ano marcado por uma pandemia global, uma eleição presidencial, uma recessão histórica, uma queda do mercado sem precedentes e uma recuperação do mercado igualmente sem precedentes, a pergunta lógica dos investidores é: o que vem a seguir? O que acontece depois das eleições? Se olharmos para o passado, poderemos esperar um desempenho positivo dos índices nas próximas semanas. Regra geral, o mercado tem um bom desempenho no ano após uma eleição presidencial, apresentando um retorno médio de 10,2%. Quando um presidente democrata assumiu o cargo após uma Casa Branca republicana, o retorno médio do mercado de ações no ano seguinte foi de 14,1% e sempre que das eleições resultou que o mesmo partido político controla a Casa Branca e o Congresso, o retorno médio no ano seguinte foi de 11,8%. Se a história se repetir será de esperar que os mercados voltem à sua tendência de subida.

No calendário macroeconómico da próxima semana teremos duas reuniões de Bancos Centrais. Na quarta-feira será o Banco do Japão e na quinta-feira o Banco Central Europeu. Ambas as reuniões serão seguidas por conferências de imprensa pelo que os investidores deverão estar atentos a qualquer alteração do forward guidance dos Bancos.

 

*Nuno Mello, Analista XTB

 

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