Próxima semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber

A Fed voltou a subir as taxas de juro em 75 pb esta semana, e Powell, na conferência de imprensa, referiu que, embora o ritmo das subidas das taxas seja suscetível de ser mais moderado, as subidas podem ter ainda um longo caminho a percorrer e a Fed não está nem sequer a pensar em fazer uma pausa nesta altura, deitando por terra abaixo a hipótese do pivot. Achamos que a Fed aumentará a taxa em 50 pb em Dezembro. Os comentários de Powell não deixam margem para dúvida, que a política restritiva irá continuar. No rescaldo da reunião do Fed, as yields das obrigações mais longas permanecem abaixo dos seus máximos. Vemos mais potencial de subida nas yields americanas, mas o quadro de risco já não está inclinado para yeilds mais elevadas como estava há algum tempo atrás. Num estado de elevada dependência de dados por parte dos bancos centrais, a elevada volatilidade deverá continuar.

A próxima semana

As eleições americanas intercalares serão o principal evento da próxima semana, e é provável que os Democratas percam o controlo do Congresso. Embora os desacordos políticos possam ser o tema principal, é a perspetiva da Fed que importa mais para os mercados. Tal como referiu, Joe Biden no dia passado dia 24 de Outubro: “Esta eleição é um referendo – não é um referendo, devo dizer, é uma escolha. Toda a gente quer que seja um referendo, mas é uma escolha entre duas visões muito diferentes para a América”. As eleições americanas recebem sempre muita atenção, e embora não esperemos que as eleições intercalares americanas da próxima semana conduzam a quaisquer oscilações notáveis do mercado, o resultado terá consequências também para as perspetivas económicas americanas. Senão vejamos, os Democratas controlam atualmente ambas as câmaras do Congresso dos EUA (o Senado está uniformemente dividido, mas o Vice-Presidente Harris tem o voto decisivo, em caso de empate). Na próxima semana, todos os 435 lugares na Câmara dos Representantes estarão em jogo, assim como 35 dos 100 lugares no Senado. A posição do Presidente Biden não estará em risco até às eleições de 2024, pelo que os democratas continuarão a controlar a Casa Branca após as intercalares.  As previsões divergem bastante e o resultado mais provável após as intercalares é um governo dividido onde os republicanos controlam pelo menos uma câmara do Congresso e os democratas controlam a Casa Branca. Isto significa provavelmente que muito pouca legislação nova, pelo menos em relação a questões económicas, será aprovada nos próximos dois anos. Os Republicanos e Democratas têm atualmente opiniões muito diferentes sobre questões económicas, e a legislação dos EUA, como regra, precisa de aprovação em ambas as câmaras do Congresso e também precisa da assinatura do presidente para se tornar lei.

Ainda durante a próxima semana teremos a divulgação do IPC americano na quinta-feira, dia 10 de Novembro. A taxa de inflação anual nos EUA abrandou em Setembro pelo terceiro mês consecutivo para 8,2%, a mais baixa em sete meses, em comparação com os 8,3% registados em Agosto, mas acima das previsões de mercado de 8,1%. O índice energético aumentou 19,8%, abaixo dos 23,8% em Agosto. Verificou-se também um pequeno abrandamento no custo dos alimentos e do setor automóvel. No mês de Outubro, o índice energético voltou a subir pelo que o IPC não deverá ser muito diferente do mês anterior, apontando a nossa previsão para os 8,1%.

Nuno Mello
Analista XTB