“A carreira internacional é um acelerador de experiências em quantidade e diversidade”, destaca o Managing Director na Heineken na Eslováquia

Luís Prata levantou vôo de Portugal para a Jamaica para liderar um projecto internacional, mas, quatro anos depois, viu a oportunidade de retornar ao velho continente, para mais perto do país que o viu nascer, assumindo o cargo de managing director da Heineken Eslováquia. Tem 53 anos e na sua formação conta com um MBA na Sloan School of Management do MIT – Massachusetts Institute of Technology, e licenciatura em Gestão pela Universidade Católica Portuguesa. Durante o seu percurso profissional esteve ainda durante 12 anos na Unilever, onde assumiu funções comerciais em Portugal e na Europa. Posteriormente abraçou o desafio da Central de Cervejas, onde foi director de vendas, director de marketing, e também director da unidade de negócio das Águas. Seguiu-se o salto além-fronteiras quando o gestor agarrou a oportunidade de exercer o cargo de managing director da Red Stripe, na Jamaica, e posteriormente managing director da Heineken na Eslováquia, experiência que nos conta agora na primeira pessoa.

O que diz luís…
Virar a empresa para fora, visitar os clientes, conhecer os consumidores e falar com os stakeholders externos são algumas das suas principais funções. 

Como surgiu o desafio de ser Managing Director na Heineken na Eslováquia?
No grupo Heineken é normal os managing directors mudarem de país após três ou quatro anos na função. Assim, o desafio actual na Eslováquia surgiu na sequência de uma experiência positiva enquanto managing director da Red Stripe na Jamaica. Ao fim de quatro anos na Jamaica, a Heineken propôs-me a mudança para managing director na Eslováquia por achar que o meu perfil e experiência se adequam a esta nova etapa. Para mim representa a oportunidade de continuar a evoluir na Heineken e de regressar à Europa, ficando mais perto de Portugal.  

Como foi a transição da Jamaica para a Eslováquia?
É difícil imaginar uma mudança maior, pois estamos a falar de duas realidades completamente diferentes. Levantar vôo numa ilha das Caraíbas e aterrar num país do Leste Europeu é um “salto” gigante. A cultura, o clima, o estado de desenvolvimento e a situação geopolítica são diametralmente opostas. No entanto, a transição acabou por ser suave pois foi um regresso à Europa, onde naturalmente me sinto confortável. O mais difícil tem sido a comunicação em eslovaco e a adaptação a um clima mais frio.

Quais são as suas principais funções e como é que é o seu dia-a-dia?
Formar uma equipa de excelência, assegurar que temos as pessoas certas nas funções chaves e desenvolvê-las, construindo uma cultura e uma estratégia vencedoras. Comunicar com os nossos colaboradores espalhados pelo país (temos oito centros de distribuição e uma cervejeira), conhecer a realidade da empresa e partilhar a visão que temos para a Heineken na Eslováquia. Virar a empresa para fora, visitar os clientes, conhecer os consumidores e falar com os stakeholders externos. Monitorizar, aprender e melhorar a implementação da nossa estratégia.

O que mais o fascina na indústria em que trabalha?
A indústria dos bens de grande consumo sempre me fascinou pela sua alta competitividade, ritmo elevado e grande inovação. Para se ter sucesso nesta indústria, temos de satisfazer os consumidores e clientes, melhor e mais rapidamente do que a concorrência. Por outro lado, é bom saber que o resultado do meu trabalho impacta positivamente o dia-a-dia da generalidade das pessoas enquanto consumidoras da nossa cerveja, que é cada vez mais um importante elemento de socialização. É através de uma pequena lata, uma garrafa ou um simples copo de cerveja que muitas amizades nascem ou negócios são fechados. Falamos de uma categoria que tem a capacidade de promover o convívio, dar outro sabor às celebrações e ainda potenciar bons momentos. Em todos os cantos do mundo, não faltam apreciadores. A cerveja revela-se uma verdadeira paixão para os seus consumidores, que agora têm a oportunidade de optar também por uma cerveja sem álcool (0.0, por não ter teor alcoólico), sempre de forma única, independentemente da ocasião, mas com o sabor de sempre, no caso de Heineken.

Quais são as habilidades e características que considera mais importantes para liderar uma equipa bem-sucedida nesta área?
Capacidade de projectar e transformar a empresa com sucesso; Proximidade e empatia com os colaboradores, clientes e consumidores; Desenvolvimento de pessoas e do próprio para atingirem o seu potencial máximo; Entregar resultados no curto, médio e longo prazo.

Como é que a experiência internacional reforça as capacidades de liderança de um executivo?
A carreira internacional é um acelerador de experiências em quantidade e diversidade, ao experimentar realidades diferentes de Portugal e ao sair fora da sua zona de conforto. Por exemplo, o líder internacional desenvolve a sua flexibilidade cultural e a sua habilidade em comunicar com pessoas com contextos diferentes, o que o ajuda a liderar equipas com maior diversidade.

Estando a viver tão longe de Portugal, como é que “mata saudades” do nosso país?
Vindo da Jamaica para a Eslováquia já não me sinto assim tão longe, mas as saudades continuam a ser muitas e por isso vamos a Portugal de férias duas vezes por ano. Para além disso, a comunidade portuguesa na Eslováquia, que é pequena e unida, permite manter Portugal “próximo”, enquanto bebemos umas cervejas Sagres a ver os jogos do Sporting e da Seleção Nacional, na televisão ou no estádio, quando esporadicamente jogam perto de nós. Felizmente, existe uma cadeia de pastelarias portuguesas em Bratislava onde podemos “matar saudades” dos nossos pastéis de nata. E em Viena, a apenas a 80 kms de Bratislava, encontramos o queijo da serra e os nossos chouriços e presuntos numa loja portuguesa. 

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