“Professores não são um artigo do centro comercial”: dirigentes escolares recomendam que o Governo vá buscar docentes convidados a abandonar a profissão

“Os professores não são um artigo que se compre no centro comercial.”

O alerta chegou de Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, que criticou o projeto do Governo para lidar com a falta de professores nos estabelecimentos de ensino nacionais, duvidando que o problema se resolva de um dia para o outro.

“Não se pode resolver o problema da falta de professores de um dia para o outro apenas porque se melhoram as condições de trabalho”, salientou, considerando que tem de haver uma “política prospetiva” que preveja as situações no futuro. “Isso não aconteceu nos anos passados”, lembrou.

Neste ano letivo, segundo dados da Fenprof, à entrada do 3º período há ainda mais de 30 mil alunos sem professor a pelo menos uma disciplina. O Ministério da Educação vai arrancar, esta quinta-feira, com uma ronda negocial com os sindicatos para encontrar soluções para os problemas do setor.

O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, anunciou que o Governo vai apresentar “em breve” um plano de emergência para resolver o problema da falta de professores, uma situação que classificou de “gravíssima”.

O ministro ressalvou que o problema dos professores “não se resolve de um dia para o outro”, mas adiantou que o Governo, com o plano de emergência que será apresentado em breve, tentará evitar que, no próximo ano letivo, haja uma repetição do que aconteceu este ano. “As falhas foram muito significativas”, vincou.

Manuel Pereira sugeriu, em declarações à rádio ‘TSF’, que o plano de emergência contemple a possibilidade de ir buscar pessoas que abandonaram a profissão. “Há professores que nos anos da troika foram convidados a sair e mudaram de profissão porque a carreira não é estimulante”, recordou. “A solução será tentar convencer esses profissionais a regressarem à escola, melhorando-lhes a carreira e as perspetivas de futuro.”

O responsável avançou ainda como hipótese a formação pedagógica de pessoas licenciadas, que possam exercer em áreas carenciadas, uma formação que poderia ficar a cargo das Escolas Superiores de Educação e das universidades. Porém, “não vale a pena esperar que jovens licenciados queiram ser professores se não se melhorarem as condições de trabalho e não se oferecer uma carreira com futuro”.

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