Professores em falta duplicam num ano: há mais de 32 mil alunos sem docentes a todas as disciplinas

Há mais de 32 mil alunos que não têm professores a todas as disciplinas, alertou esta terça-feira a Federação Nacional de Professores (Fenprof), uma semana depois de ter arrancado o terceiro e último período deste ano letivo. De acordo com o ‘Jornal de Negócios’, na mesma fase do ano passado havia 13.095 alunos na mesma situação, com cerca de 15 mil em 2022, referiu Vítor Godinho, dirigente sindical.

“À data de 15 de março, 32.977 alunos têm pelo menos uma disciplina sem professor. Desses, 1.172 têm pelo menos uma disciplina sem professor desde setembro, portanto, desde o início do ano letivo. E isto não é aceitável”, indicou o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, no debate do programa do Governo.

Há 419 horários por preencher em oferta de escola, referiu a Fenprof: a maioria das vagas estão nas regiões de Lisboa, Setúbal e Faro. Nesses distritos, o número de alunos sem todas as aulas são 18.495 – em Lisboa contam-se 10.710. Santarém (2.405), Porto (1.635) e Beja (1.425) são as restantes regiões com mais dificuldades na substituição de professores. O 1º Ciclo (65), Português (38), Francês (35), Inglês (30) ou Matemática (29), todos do secundário, são os grupos de recrutamento com mais horários por preencher.

“Até 2030, pelo menos, o problema vai continuar a agravar-se”, denunciou Vítor Godinho.

Recorde-se que o Governo prometeu devolver o tempo de serviço congelado, de forma faseada, durante cinco anos, com um programa de emergência para atrair novos docentes, através da revisão de índices salariais, especialmente no início da carreira, e o regresso de professores, através de um mecanismo de bonificação de reposicionamento da carreira. A Fenprof vai apresentar esta sexta-feira uma proposta de um protocolo negocial para a legislatura – entre as prioridades estão a recuperação do tempo de serviço dos professores, a eliminação das vagas de acesso ao 5º e 7º escalões, as quotas na avaliação, a regulação dos horários e um novo regime de aposentação.