Guerra em Gaza está a ser usada para fazer ‘renascer’ o jihadismo. E o recrutamento já está a aumentar, alertam especialistas

A guerra em Gaza está a ser explorada por grupos jihadistas para alimentar a radicalização entre os muçulmanos em todo o mundo, alertam especialistas. O conflito recente na região está a ser utilizado como um catalisador para incitar a violência e recrutar novos membros para organizações como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico (EI), que buscam aproveitar a ira e a frustração geradas pela situação em Gaza.

Petter Nesser, responsável do Instituto Norueguês de Investigação em Defesa, observa ao The Economist que, embora o ‘califado físico’ possa ter sido derrotado, ou tenha estado adormecido nos últimos anos, o ‘califado virtual’ permanece uma ameaça significativa. Assim, vários grupos estão a utilizar as plataformas online para capitalizar o sofrimento dos palestinianos, de forma a justificar e incitar a ataques em todo o mundo. Nesser destaca que a propaganda online tem desempenhado um papel crucial na radicalização de jovens muçulmanos, expondo-os a narrativas extremistas e convencendo-os a agir em nome da causa jihadista.

Christine Abizaid, diretora do Centro Nacional de Contraterrorismo dos Estados Unidos, reforça que o conflito em Gaza está a alimentar o ressentimento contra o Ocidente e a fortalecer a narrativa jihadista de que os muçulmanos estão a ser tratados injustamente, até “porque Israel está a matar crianças”. A especialista adverte que isso pode levar a um aumento dos ataques terroristas inspirados por ideologias extremistas, à medida que indivíduos radicalizados buscam vingança pelo que veem como uma injustiça contínua. Aliás, o recente ataque na Rússia é já um exemplo que o espectro do terrorismo voltou a ganhar força.

Os especialistas alertam para o risco de que militantes jihadistas se infiltrem entre os migrantes que fogem da região em conflito, potencialmente aumentando a ameaça de ataques terroristas em solo europeu e americano. A migração em massa proveniente de zonas de conflito como Gaza pode proporcionar cobertura e oportunidades para os extremistas se infiltrarem em países ocidentais e realizarem ataques coordenados.

A batalha contra o extremismo islâmico tornou-se ainda mais complexa com a ascensão do terrorismo online e a disseminação de propaganda jihadista nas redes sociais. Os especialistas destacam a importância de uma cooperação internacional coordenada para combater a radicalização e impedir que os jihadistas explorem conflitos como o de Gaza para promover sua agenda violenta. No entanto, as tensões geopolíticas e as divisões internacionais complicam os esforços para enfrentar de forma eficaz a ameaça jihadista, deixando as autoridades e os serviços de inteligência em alerta máximo diante do aumento do risco de ataques terroristas em todo o mundo.